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França estuda reformar inteligência como nos EUA pós-11/9

5 de julho de 2016

Após ataques terroristas, políticos sugerem criação de agência nos moldes do Centro Nacional Antiterrorismo dos EUA. "Precisamos ser muito mais ambiciosos em termos de inteligência", diz líder de comissão de inquérito.

Policiais diante da Torre Eiffel, em APris
Foto: picture-alliance/dpa/K. Zihnioglu

Uma comissão parlamentar de inquérito encarregada de analisar os ataques terroristas que atingiram a França em 2015 recomendou nesta terça-feira (05/07) a fusão dos serviços de inteligência do país numa única agência, nos moldes do Centro Nacional Antiterrorismo dos EUA. O centro americano foi criado após os atentados de 11 de setembro de 2001.

A comissão parlamentar francesa foi formada em fevereiro deste ano, a pedido do partido Os Republicanos, de oposição, para verificar se houve falhas de segurança envolvendo os ataques em Paris, que, no total, deixaram 147 mortos. Os parlamentares colheram 200 horas de depoimentos e também analisaram os recursos acionados pelo Estado para combater o terrorismo desde janeiro de 2015.

O presidente da comissão de inquérito, Georges Fenech, afirmou que as barreiras entre os diferentes serviços de inteligência franceses fizeram com que Said Kouachi – um dos terroristas que atacou, em 7 de janeiro do ano passado, a sede do semanário satírico Charlie Hebdo – deixasse de ser vigiado. Ele e o irmão, Cherif, mataram 12 pessoas na sede da publicação.

Segundo a comissão, Amedy Coulibaly, um aliado dos irmãos Kouachi que fez reféns num mercado judaico de Paris dois dias depois, matando quatro pessoas, também é um exemplo de falhas dos serviços de inteligência dentro do sistema carcerário.

"Diante da ameaça do terrorismo internacional, precisamos ser muito mais ambiciosos em termos de Inteligência. Nosso país não estava pronto, agora precisamos nos preparar", disse Fenech à agência de notícias AFP.

"Falha global"

Em entrevista à emissora France Info, o parlamentar socialista Sebastien Pietrasanta, relator da comissão, afirmou que "a comunicação entre diversos países europeus" falhou, referindo-se à fuga para a Bélgica de Salah Abdeslam, o único dos autores dos atentados de 13 de Novembro que foi detido.

"Os dois grandes chefes de inteligência admitiram durante seus depoimentos que os ataques de 2015 representam uma 'falha global de inteligência'", disse Pietrasanta.

Nos atentados do "Estado Islâmico" (EI) a bares, restaurantes, ao Stade de France e à casa de shows Bataclan, que deixaram 130 mortos em Paris em novembro passado, Pietrasanta afirmou que as forças de segurança agiram de maneira "rápida e efetiva". No entanto, ele questionou a necessidade de haver diferentes unidades de elite atuando. Fenech propôs que estas também sejam fundidas sob um comando unificado.

Além disso, o inquérito constatou que o estado de emergência imposto após os ataques de 13 de Novembro e o acionamento de milhares de militares para patrulhar as ruas de Paris tiveram "um impacto limitado" sobre a segurança na capital. Passados oito meses, a medida ainda está em vigor.

LPF/afp/ap/efe

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