Cerimônia lembra 86 mortos no ataque que atingiu balneário da Côte d’Azur há exato um ano. Macron promete "luta incansável" contra terrorismo e condecora policiais e civis que tentaram conter agressor no dia do massacre.
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Em vez da tradicional comemoração do Dia da Bastilha, a cidade francesa de Nice foi palco nesta sexta-feira (14/07) de uma cerimônia em memória das vítimas do atentado com um caminhão ocorrido há exato um ano. O presidente francês, Emmanuel Macron, comandou a solenidade.
Em discurso na famosa Place Masséna – sob forte esquema de segurança e cercada por blocos de concreto –, o mandatário prometeu "uma luta incansável" no combate ao terrorismo, tanto dentro como fora da França. "Devemos isso a vocês", disse ele, na presença de familiares das vítimas.
"Esse atentado nos lembrou brutalmente do preço da liberdade. Sabemos quanto custa essa liberdade e o que nossos inimigos estão dispostos a fazer para nos privar dela", acrescentou o líder francês, lembrando que o incidente faz parte da "história do mundo inteiro", em alusão ao fato de haver pessoas de 19 nacionalidades diferentes entre as vítimas.
Macron também se comprometeu a concluir o processo de indenização de familiares e feridos por parte do Estado, cujo ritmo lento tem sido motivo de insatisfação – apenas 25 milhões dos 300 milhões de euros prometidos foram pagos até então. "Eu sou sua garantia", assegurou o líder.
Além do presidente, participaram da cerimônia o prefeito de Nice, Christian Estrosi, os ex-presidentes Nicolas Sarkozy e François Hollande – quem comandava o país à época do ataque –, o príncipe de Mônaco, Albert 2º, bem como vários outros membros do governo em Paris.
Durante o ato, Macron condecorou, com a prestigiada Legião de Honra francesa, vários cidadãos e membros das forças de segurança por suas ações naquele 14 de julho. Entre eles estão Franck Terrier, que jogou sua moto embaixo das rodas do caminhão na tentativa de parar o veículo, e os policiais Gaetan Roy e Magali Cotton, que perseguiram o agressor a pé até a sua capturação.
Além das condecorações, houve ainda um desfile militar e um minuto de silêncio às vítimas. Em certo momento, foram lidos também os nomes das 86 pessoas que morreram no atentado, enquanto placas com esses nomes eram dispostas num painel de maneira a formar um coração.
Mais cedo nesta sexta-feira, cerca de 12 mil folhas nas cores da bandeira francesa – azul, branca e vermelha – foram entregues aos cidadãos para serem dispostas no famoso Boulevard des Anglais, onde ocorreu o ataque. Ao fim, via-se escrito o slogan francês: liberdade, igualdade, fraternidade.
Em 14 de julho de 2016, o francês nascido na Tunísia Mohamed Lahouaiej-Bouhlel avançou com um caminhão contra a multidão reunida no Boulevard des Anglais para comemorar o Dia da Bastilha. O ataque durou apenas alguns minutos, o suficiente para matar 86 pessoas e ferir mais de 400.
O grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) reivindicou a responsabilidade pelo atentado, mas as autoridades, até hoje, não conseguiram comprovar a relação entre a milícia e o agressor.
EK/ap/afp/dpa/efe
Luto e tristeza após atentado em Nice
Cidade turística do sul da França amanhece de luto, enquanto investigadores tentam esclarecer os motivos do homem que matou 84 pessoas e feriu mais de 200.
Foto: DW/B. Riegert
Nice em luto
A cidade de Nice amanheceu em luto após o ataque, com sangue e destroços na avenida à beira-mar. Um pequeno memorial foi montado no local onde um caminhão avançou sobre a multidão que assistia à queima de fogos e comemorava o Dia da Bastilha, data nacional da França, na noite de 14 de julho. Mais de 80 pessoas morreram, entre elas dez crianças e adolescentes, e cerca de 200 ficaram feridas.
Foto: DW/B. Riegert
Homenagens ao redor do mundo
As homenagens às vítimas de Nice se estenderam mundo afora. Embaixadas francesas em várias capitais se tornaram locais de luto, recebendo flores e velas em suas portas. Franceses que moram em outros países também se reuniram para lamentar o ataque em sua terra natal. A foto mostra uma vigília em Sydney, na Austrália, nesta sexta-feira (15/07).
Foto: Reuters/D. Gray
Líderes condenam ataque
Líderes mundiais também lamentaram o ataque na cidade francesa. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou em comunicado que seu país se mantém firme na "solidariedade e parceria com a França, nosso mais antigo aliado". A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e outros líderes presentes na cúpula do Diálogo Ásia-Europa, na Mongólia, dedicaram um minuto de silêncio às vítimas (foto).
Foto: picture-alliance/AP Images/D. Sagolj
Investigadores tentam entender
Na sexta-feira seguinta ao ataque, o motorista do caminhão foi identificado por autoridades como sendo o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, que foi morto a tiros pelos policiais. Ele era casado, tinha três filhos e estava desempregado. Ainda não se sabe se se trata de um chamado lobo-solitário ou se o agressor tinha cúmplices em Nice. Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque.
Foto: Reuters/E. Gaillard
Veículo contra multidão
O caminhão de 19 toneladas percorreu a famosa avenida à beira-mar Promenade des Anglais logo após o fim da queima de fogos, por volta das 22h30. Segundo autoridades, o veículo andou dois quilômetros, avançando contra a multidão que acompanhava a festa. Na altura do hotel Negresco, o motorista do caminhão disparou contra três policiais, que revidaram e o "neutralizaram", disseram autoridades.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Goldsmith
Momentos de pânico
Testemunhas em Nice relataram momentos de caos e terror durante o ataque. "Um enorme caminhão branco avançou a uma grande velocidade. Vi corpos voando como se fossem pinos de boliche", disse o jornalista Damien Allemand. "As pessoas tropeçavam e tentavam entrar nos hotéis, restaurantes, estacionamentos ou em qualquer lugar onde pudessem fugir da rua", contou a australiana Emily Watkins.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
O caos que durou horas
As ruas de Nice, cidade turística na costa francesa, ficaram caóticas nas horas que se seguiram ao ataque. Equipes de resgates tentavam localizar sobreviventes e socorriam os feridos – entre eles crianças e idosos –, enquanto os hospitais ficaram sobrecarregados.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
De braços erguidos
Em meio ao caos, sobreviventes levantavam seus braços para mostrar que não representavam ameaça. Até então, os investigadores não sabiam se o motorista havia agido sozinho, ou mesmo se novos ataques poderiam ocorrer na cidade.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
"Estamos em guerra"
Após o atentando, a polícia tomou as ruas de Nice, depois chegaram os soldados. O presidente francês, François Hollande, anunciou que estenderia o estado de emergência no país por mais três meses. Já o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, que se deslocou para Nice, disse que a França está "em guerra contra os terroristas que querem nos atacar a todo custo e que são extremamente violentos".