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Volta compulsória

19 de agosto de 2010

Após evacuação compulsória de assentamentos de ciganos da etnia rom na França, Sarkozy concretiza ameaça e inicia deportação dos mesmos para Romênia e Bulgária. Até fins de agosto, 700 ciganos serão expulsos do país.

Ciganos: expulsos pelo governo francêsFoto: AP

A França deu início ao processo de deportação de ciganos da etnia rom: nesta quinta-feira (19/08), um grupo de 93 pessoas deixou o país rumo a Bucareste, a capital romena: 14 deles voaram de Paris e outros 79 de Lyon. Na próxima sexta-feira (20/08), outros 132 roms devem seguir para a cidade romena de Timisoara.

Oficialmente, trata-se, segundo as autoridades francesas, de "deportações voluntárias", supostamente impulsionadas por um "parco incentivo financeiro" por parte do governo francês: cada adulto recebe 300 euros e cada criança 100 euros pela viagem de volta à Romênia.

Dissolução recente de acampamento em Langlet, sudoeste da FrançaFoto: AP

Como os ciganos da etnia rom, originários da Romênia e da Bulgária, são cidadãos da União Europeia, eles podem regressar à França – ou a qualquer outro país do bloco – a qualquer momento. A partir de setembro próximo, as autoridades francesas pretendem instituir o registro de impressões digitais de cada cidadão que receber o auxílio-retorno no país, a fim de evitar "que alguém receba a ajuda várias vezes".

Até o final do mês de agosto, 700 ciganos deverão ser expulsos da França. Nas duas últimas semanas, a polícia francesa dissolveu mais de 50 assentamentos ilegais de membros da etnia rom no país. Em julho último, o presidente Nicolas Sarkozy havia anunciado o início de uma política linha-dura contra os ciganos, após tumultos ocorridos em acampanhamentos no país.

Reações adversas

As autoridades romenas mostraram-se "preocupadas" com os prodecimentos adotados pela França. O ministro romeno das Relações Exteriores, Teodor Baconschi, denunciou os "descarrilhamentos populistas" e as "reações xenófobas" do governo francês. O presidente romeno, Traian Basescu, salientou que as deportações demonstram a necessidade urgente de um plano europeu de integração para as comunidades da etnia rom.

O ministro francês do Interior, Brice Hortefeux, deverá reunir-se na próxima semana com representantes da etnia para discutir a situação. Estima-se que aproximadamente 10 mil ciganos, provenientes da Romênia e da Bulgária, já tenham retornado a seus países de origem no ano passado. As atuais deportações, no entanto, são as primeiras desde o anúncio de Sarkozy de adoção de uma política mais severa em relação à minoria étnica.

UE observa procedimentos

Teodor Baconschi, ministro romeno do ExteriorFoto: AP

Matthew Newman, porta-voz da Comissão Européia, informou que a situação vem sendo acompanhada "com muita atenção" pelo órgão. O ministério francês do Exterior, por sua vez, assegura que os procedimentos de deportação dos ciganos não estão em desacordo com as diretrizes europeias.

"As medidas adotadas pelas autoridades francesas com relação ao desmantelamento de acampamentos ilegais estão completamente de acordo com as normas europeias e não afetam, de forma alguma, o livre trânsito dos cidadãos europeus, definido pelos tratados do bloco", afirmou o porta-voz do ministério francês de Relações Exteriores, Bernard Valero.

Na França, vivem atualmente cerca de 15 mil ciganos originários do Leste Europeu. Na Romênia, a comunidade é composta por 530 mil membros, segundo o censo nacional. De acordo com algumas ONGs, no entanto, há 2,5 milhões de ciganos da etnia rom vivendo no país, sendo que muitos deles omitem a origem temendo serem discriminados.

NP/afp/dpa
Revisão: Soraia Vilela

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