França investiga Apple por possível obsolescência programada
9 de janeiro de 2018
A gigante americana já admitiu que reduz o desempenho de seus iPhones mais antigos, porém negando intenções ilícitas. Agora autoridades francesas investigam o caso, que pode redundar em multas e prisões.
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Procuradores de Justiça da França abriram inquérito preliminar contra a gigante informática Apple, por suspeita de que programe a desatualização de determinados modelos de iPhone, informou uma fonte judicial á agência de notícias AFP.
O inquérito, aberto em 5 de janeiro, partiu da queixa da associação francesa Halte a l'Obsolescence Programmée ("Não à obsolescência programada" – HOP), em seguida à admissão da Apple, em dezembro, de reduzir gradual e intencionalmente a velocidade de funcionamento de seus smartphones mais antigos.
Especialistas anticartéis e em proteção do consumidor da economia francesa estão conduzindo a investigação de possível "obsolescência programada" ou "fraude". Contatada pela AFP, a Apple se absteve de comentar o caso.
Produtos com fim programado
Obsolescência programada ou planejada é uma prática comercial amplamente criticada, em que os fabricantes incorporam nos produtos seu prazo de funcionamento, forçando o consumidor a substituí-los. Grupos de defesa dos direitos dos consumidores condenam a manobra como antiética. Ela é especialmente frequente no setor de eletrônica, que produz montanhas de lixo não reciclável a cada ano.
Para encarar o problema, a França adotou, em 17 de agosto de 2015, uma regulamentação pioneira, denominada Lei de Hamon, declarando ilegal a obsolescência programada e teoricamente obrigando os comerciantes a informar sobre a disponibilidade de peças de substituição.
A lei, que recebeu o nome do político socialista Benoît Hamon, ex-ministro de diversas pastas, estipula que uma companhia que comprovadamente reduza a vida útil de seus produtos pode receber multa equivalente a até 5% de suas vendas anuais, enquanto os executivos envolvidos são passíveis de dois anos de prisão.
A HOP saudou a decisão das autoridades francesas de investigar as práticas da multinacional sediada na Califórnia. "É o primeiro processo criminal no mundo com base em obsolescência planejada", comentou Émile Meunier, um dos advogados do grupo.
Negação e desculpa
Em dezembro último, a Apple confirmou aquilo que críticos há anos já suspeitavam: ela propositalmente reduz o desempenho dos iPhones mais antigos, à medida que suas baterias enfraquecem. A empresa alegou que a finalidade da medida seria estender a vida útil dos celulares, os quais consumiriam menos energia a velocidades menores, evitando blackouts imprevistos por carga insuficiente.
Apesar de negar praticar obsolescência programada, em 28 de dezembro ela publicou uma desculpa, prometendo que reduziriam os preços das baterias para substituição em alguns modelos, além de modificar seu software para que mostre o estado da bateria.
"Sabemos que alguns de vocês sentem que a Apple os decepcionou, Nós pedimos desculpas", escreveu em seu website. "Sempre quisemos que nossos clientes pudessem usar seus iPhones o tempo mais longo possível. Somos orgulhosos de que os produtos da Apple sejam conhecidos por sua durabilidade e por manter seu valor mais tempo do que os aparelhos de nossos concorrentes."
Observadores críticos têm acusado a gigante americana da moderna comunicação de induzir seus usuários a adquirirem as gerações seguintes dos iPhones, fazendo-os pensar que os telefones é que precisavam de reposição, em vez de apenas suas baterias.
Os promotores franceses também abriram inquérito contra a fabricante japonesa de impressoras Epson, por suspeita de incorporar obsolescência programada em seus produtos.
AV/afp,rtr
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O telefone celular completa 40 anos
Para muitas pessoas, a vida sem um telefone celular é inimaginável. Cada vez mais ele cumpre uma enorme variedade de funções. Um passeio por imagens que mostram os 40 anos de triunfo do telefone celular.
Foto: Telekom
O primeiro
Martin Cooper, vice-presidente da Motorola, apresentou em 1973 o primeiro telefone celular portátil. No entanto, o Dyna TAC só começou a ser comercializado dez anos depois da apresentação de seu protótipo. O aparelho revolucionário, que pesava menos de 1 quilo, não era apenas popular, mas também caro: custava quase 4 mil dólares.
Foto: picture-alliance/dpa
Pesados e limitados
Há 70 anos, os usuários da telefonia móvel tinham que lidar com aparelhos que pesavam mais de 11 quilos e tinham um alcance limitado. A conexão era feita através de uma operadora e era interrompida assim que o aparelho deixava a área de cobertura da transmissão de rádio. Os altos preços limitavam a telefonia móvel a políticos e grandes empresários.
Foto: Museum für Kommunikation Frankfurt
Celular de bolso
Em 1989, o primeiro telefone celular a caber no bolso começou a ser comercializado. O Motorola MicroTAC também foi o primeiro telefone dobrável. Esse foi o aparelho que deu início à tendência dos celulares menores e mais finos.
Foto: picture-alliance/dpa
Comunicação digital
O verão de 1992 marcou o início da era da comunicação móvel digital, o que possibilitou utilizar telefones celulares em outros países. Os aparelhos também eram mais modernos. O Motorola International 3200 – que foi carinhosamente apelidado de "osso" – era considerado bem pequeno para a época. Esse também foi o primeiro telefone a utilizar tecnologia 2G.
Foto: Telekom
O triunfo do SMS
Em 1994, começou a funcionar o Short Message Service (SMS, serviço de mensagens curtas). Originalmente, a intenção era enviar mensagens sobre a má recepção ou interrupção de rede aos clientes. No entanto, a mensagem de 160 caracteres logo se tornou a segunda função mais utilizada nos celulares. O SMS popularizou abreviações, como "VC" ou "LOL".
Foto: DW/Brunsmann
Celular para as massas
O telefone celular começou realmente a se popularizar em 1997. Aparelhos dobráveis e com sistemas deslizantes atraiam a atenção e se tornavam acessórios de desejo. Modelos mais baratos e a introdução do sistema pré-pago fizeram dos telefones celulares produtos de consumo de massa.
Foto: picture-alliance/dpa
Os primeiros smartphones
Em 1999, o Nokia 7110 foi o primeiro telefone celular com Wireless Application Protocol (WAP). Então, os usuários de celulares também passaram a ter acesso à internet. Era apenas uma versão mais simples em texto da rede, mas o passo foi revolucionário para a telefonia móvel. Modelos similares começaram a surgir no mercado e reuniam telefone celular, pager e fax em apenas um aparelho.
Foto: imago
O minicomputador
A tecnologia na área se desenvolveu rapidamente: telas coloridas, tocadores de MP3, rádio e vídeo começaram a se tornar padrão nos novos aparelhos. Graças ao WAP e ao GPRS, os usuários ganharam acesso a páginas comprimidas da Internet em seus telefones. Alguns anos mais tarde, a transmissão de televisão para os celulares se tornou possível.
Foto: Telekom
"Telefone da moda"
A câmera se tornou um dispositivo muito popular nos telefones celulares. O Motorola RAZR, lançado em 2004, foi comercializado como "telefone da moda". Até meados de 2006, 50 milhões de aparelhos foram vendidos. Sua tecnologia não era revolucionária, mas o aparelho conseguiu atrair a atenção pelo design, criando um novo visual para os telefones celulares.
Foto: Getty Images
Uma nova era
A Apple revolucionou o mercado em 2007 com o lançamento do iPhone, o primeiro celular com um visor sensível ao toque (touch screen). Não foi o primeiro smartphone, mas foi o primeiro a ter uma interface mais fácil e moderna. A versão do aparelho lançada em 2008 foi adaptada para a tecnologia 3G, já disponível desde 2001.
Foto: imago
Visões do futuro
Telefones com tecnologia LTE já são a mais poderosa geração de celulares. Nela, casa, carro e escritórios podem ser controlados e conectados de qualquer lugar do mundo. Os smartphones ainda poderão oferecer inimagináveis possibilidades. Funções como pagamento com o celular também já estão em desenvolvimento.