França planeja desligar um terço dos reatores nucleares
11 de julho de 2017
Meta faz parte de novo plano de transição energética que busca reduzir montante de energia no país oriunda de usinas atômicas. Atualmente, 77% de sua eletricidade provêm de fontes nucleares – a maior proporção da UE.
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A França poderá desligar até 17 de suas 58 usinas nucleares como parte de um novo plano de transição energética no país, disse nesta segunda-feira (10/07) o ministro francês da Ecologia, Nicolas Hulot. O objetivo do governo é reduzir a dependência da energia nuclear dos atuais três quartos para apenas a metade até 2025.
"Todos podemos entender que, para alcançar esse objetivo, teremos que fechar um certo número de reatores", disse Nicolas Hulot em entrevista à rádio RTL. "Poderão chegar, talvez, a 17 reatores, mas precisamos analisar o caso", acrescentou o ministro, ressaltando que os planos de encerramento deverão considerar "a situação econômica, social e de segurança" de cada central.
Hulot reiterou que, para se conseguir atingir a meta estabelecida pela lei de transição energética, é preciso baixar o consumo e diversificar a produção de energia, o que, por fim, vai possibilitar o encerramento de alguns reatores. Ele salientou, no entanto, que os planos de fechamento ainda não foram definidos.
Segundo a Sociedade Francesa de Energia Nuclear, a França gera atualmente cerca de 77% de sua eletricidade a partir de energia atômica – de longe a maior proporção na União Européia. A vasta rede nuclear chegou a ser motivo de orgulho, mas perdeu apoio após o desastre provocado em 2011 pela usina de Fukushima, no Japão.
"É um anúncio muito interessante, porque é a primeira vez que temos um número e um governo preparado para enfrentar o dogma de não fechar reatores", disse um porta-voz do grupo Leave Nuclear, Charlotte Mijeon, à agência de notícias AFP.
Hulot, um célebre ambientalista, foi apontado ministro para a transição ecológica do governo do presidente de Emmanuel Macron, eleito em maio.
IP/afp/ap/dpa/lusa
Quatro décadas de movimento antinuclear alemão
Protestos contra a energia atômica deram origem ao Partido Verde mais forte do mundo. Eles obtiveram muitas vitórias desde os anos 70, mas também registraram reveses.
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Nasce um movimento
O movimento antinuclear despontou na Alemanha já no início dos anos 1970, com os protestos contra os planos para a construção de uma usina nuclear em Wyhl, perto da fronteira com a França. A polícia foi acusada de empregar força excessiva para conter os manifestantes. Mas, no fim, estes venceram, e o projeto nuclear foi arquivado em 1975.
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Desobediência civil
Animados pelo sucesso em Wyhl, no fim da década de 70 protestos semelhantes de desobediência civil se realizaram em Brokdorf e Kalkar. Embora não tenham conseguido evitar a instalação dos reatores, eles provaram que o movimento antinuclear ganhava força no país.
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Não ao lixo radioativo
A cidade de Gorleben tornou-se palco de protestos veementes contra a indústria nuclear desde que, em 1977, foram anunciados planos de usar uma mina de sal desativada como depósito para resíduos atômicos. Apesar de a área próxima à fronteira da extinta Alemanha Oriental ser pouco populosa, seus habitantes logo deixaram claro que não aceitariam sem luta ter material radioativo perto de seus lares.
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Um passo para a bomba?
Desde o início, o movimento antinuclear alemão reuniu organizações religiosas, agricultores e moradores apreensivos, lado a lado com ativistas estudantis, acadêmicos e pacifistas, que viam uma conexão entre energia nuclear e a bomba atômica. Como país ao longo da fronteira da Guerra Fria, o medo de um conflito nuclear pairava na mente de muitos alemães.
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Ingresso na política partidária
No fim dos anos 70, ativistas antinucleares se juntaram a outros defensores do meio ambiente e da justiça social para formar o Partido Verde. Tendo conquistado seus primeiros assentos no parlamento federal em 1983, hoje ele é uma força política estabelecida na Alemanha, e possivelmente o Partido Verde mais forte do mundo.
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Os piores medos se tornam realidade
Em 1986, o derretimento nuclear de um reator a centenas de quilômetros, em Tchernobil, na Ucrânia, espalhou partículas radioativas pela Europa e fortaleceu a resistência à energia nuclear entre a opinião pública da Alemanha. O Partido Verde estava no poder em Hessen, mas o secretário do Meio Ambiente, Joschka Fischer, disse que não seria possível fechar de imediato as usinas do estado.
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Lei sela fim da energia atômica
Em 1998, os verdes passaram a integrar o governo federal da Alemanha, como parceiro minoritário do Partido Social-Democrata. Em 2002, essa coalizão "rubro-verde" aprovou uma lei proibindo novas usinas nucleares e reduzindo a vida útil das existentes, de modo que as últimas fossem desativadas em 2022.
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Mantendo a pressão
Mesmo com o fim da energia atômica à vista, o movimento antinuclear ainda tinha muito contra o que protestar. Numerosos ativistas, inclusive do Partido Verde – cujos então líderes Jürgen Trittin e Claudia Roth são vistos nesta foto de 2009 – exigiam um fim bem mais rápido dos reatores, dentro de uma onda antinuclear global.
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Parem este trem!
Continuava em aberto a questão de o que fazer com os resíduos radioativos dos reatores da Alemanha. Em 1995, os bastões irradiados eram reprocessados no exterior e depois trazidos de volta em trens para o depósito em Gorleben. Anos a fio, os assim chamados "transportes Castor" foram recebidos com protestos de ativistas, que sentavam sobre os trilhos dos trens até serem removidos pela polícia.
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Merkel reverte decisão dos verdes
A União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, sempre se opusera à lei limitando a vida útil das usinas nucleares. Assim, em 2009, ao formar uma coalizão com os liberais, o partido anulou a medida, num duro golpe para o movimento antinuclear.
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Fukushima força Merkel a rever a própria decisão
Em 2011, o derretimento nuclear de três reatores em Fukushima, no Japão, forçou o governo de Merkel a voltar atrás rapidamente. Poucos dias após o desastre, Berlim aprovava uma lei estabelecendo o fechamento da última usina nuclear da Alemanha em 2022. O processo de desativação gradual foi retomado, com oito reatores sendo desligados já em 2011.