Seis pessoas foram detidas no norte da França nesta semana após uma série de ataques realizados por ativistas dos direitos dos animais contra lojas e restaurantes que vendem carne, peixe e outros produtos de origem animal, informaram autoridades francesas nesta quarta-feira (12/09).
Entre maio e agosto, ao menos nove estabelecimentos na cidade de Lille e arredores, incluindo uma loja de queijos e um McDonald's, foram vandalizados, tiveram suas janelas quebradas ou suas paredes pintadas com mensagens contrárias ao consumo de carne.
As pichações trazem frequentemente a frase "parem o especismo", com uma expressão usada por defensores dos direitos dos animais para sugerir que pessoas que comem carne discriminam e se comportam de maneira imoral contra outras espécies que não a humana.
Cinco das seis pessoas detidas entre esta segunda e terça-feira foram liberadas ou serão em breve, enquanto uma mulher de 21 anos foi intimada a comparecer ao tribunal em 14 de dezembro, informou a promotoria de Lille. "Eles preferiram ficar em silêncio quando foram interrogados", acrescentou um porta-voz do órgão.
Uma fonte próxima às investigações afirmou que análises de DNA e registros telefônicos levaram as autoridades aos seis suspeitos, assim como buscas em suas residências.
Em junho, açougueiros franceses chegaram a pedir proteção policial ao governo diante dos ataques, afirmando que sua segurança estava ameaçada e acusando vegetarianos e veganos de tentarem ditar seu estilo de vida livre de carne a toda a sociedade francesa.
Em carta ao ministro do Interior, Gérard Collomb, a confederação francesa de açougueiros – que atende pela sigla CFBCT e representa cerca de 18 mil trabalhadores em todo o país – mencionou, como uma das causas da insegurança, o crescente foco da imprensa no veganismo.
O texto dizia que os açougueiros estavam preocupados com as consequências da "insistência midiática exagerada em torno do estilo de vida vegano" e alegava que esses ativistas "querem impor seu estilo de vida, ou mesmo sua ideologia, a uma imensa maioria de pessoas".
As tensões se elevaram nas últimas semanas, quando fazendeiros e donos de açougues advertiram que fariam um grande churrasco em protesto contra um festival vegano programado para ocorrer no município de Calais, no norte do país.
A ameaça levou o prefeito da cidade a cancelar o evento, marcado para 8 de setembro, mas a organização recorreu da decisão, e um juiz decidiu em favor da realização do festival, que acabou ocorrendo sem incidentes.
Assim como em outros países ocidentais, os hábitos alimentares estão mudando na França, um país tradicionalmente carnívoro, onde opções vegetarianas e veganas – quando, além da carne, não são consumidos produtos de origem animal, como leite e ovo – são difíceis de encontrar nos cardápios dos restaurantes.
Enquanto isso, o movimento pelos direitos dos animais, que tem como um de seus porta-vozes a atriz francesa Brigitte Bardot, tem presença cada vez mais forte na imprensa do país. A popularidade da causa gerou, inclusive, uma queda nas vendas de carne na França.
Confrontados com esse declínio, grupos de fazendeiros têm pressionado o governo centrista do presidente Emmanuel Macron a evitar medidas consideradas contrárias ao consumo de carne. Por exemplo, uma proposta para exigir que as escolas francesas introduzam uma refeição vegetariana ao menos uma vez por semana foi rejeitada no Parlamento.
EK/afp/dw
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Vegetariano, flexitariano, vegano, freegano: por motivos econômicos, políticos, ambientais ou de saúde, a diversidade alimentar aumentou nos últimos anos. Conheça as diferentes categorias de dieta.
Foto: ferretcloud/FotoliaAqui estão incluídos aqueles que comem de tudo, seja de origem vegetal ou animal. Os números indicam que essa parcela da população está diminuindo, já que o consumo de carne vem caindo nos últimos anos. E depois do recente alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que a ingestão de carne processada pode causar câncer, muitos afirmam que vão passar a comer menos do produto.
Foto: HLPhoto/Fotolia.comÉ aquele que come apenas alimentos de origem vegetal, embora possa consumir produtos originários de animais vivos, como laticínios e ovos. O vegetariano não come nenhum tipo de carne, peixe ou frutos do mar. Mundialmente, seu número pode chegar a um bilhão de pessoas, dos quais mais de 200 milhões são indianos. No Brasil, cerca de 8% da população se define como vegetariana, segundo o Ibope.
Foto: ColourboxHá diferentes categorias de vegetarianos. O ovolactovegetariano, além de frutas, verduras, legumes e cereais, admite em sua dieta também leite e ovos. Esse é o tipo de vegetarianismo mais comum.
Foto: Fotolia/BKAlém de não consumir nenhum tipo de carne, a alimentação dos lactovegetarianos também exclui os ovos. Sua dieta consiste de leite e seus subprodutos, como iogurte ou sorvetes, além é claro, de vegetais.
Os ovovegetarianos, por sua vez, não tomam leite nem consomem nenhum tipo de laticínio, mas incluem os ovos em sua dieta. Preocupações ambientais ou motivos de saúde, como a intolerância à lactose, podem ser razões para esse tipo de regime vegetariano.
Foto: ColourboxDiferente do vegetariano comum, que não come nada que implique tirar a vida de um animal, mas consome produtos originários de animais vivos (como leite, ovos e mel), o vegetariano estrito não consome nenhum tipo de carne, laticínios ou ovos. Essa categoria se confunde, às vezes, com o veganismo, que se trata antes de uma postura ética.
Foto: Colourbox/PetraD.O veganismo não é somente de uma forma de alimentação, mas também uma atitude ética. Além de não se alimentar de absolutamente nenhum produto de origem animal, os veganos também não usam sapatos de couro ou roupa de seda ou lã, por exemplo. Não há dados específicos sobre o veganismo no Brasil. Na Alemanha, onde a filosofia tem forte adesão, estima-se que existam cerca de 900 mil veganos.
Foto: picture-alliance/dpaOs pescovegetarianos são considerados semivegetarianos. Eles não comem carne vermelha nem frango, mas se permitem consumir peixes e frutos do mar. Eles também se alimentam de leite, ovos e mel. Outra variação do regime semivegetariano inclui ainda aqueles que dispensam apenas a carne vermelha, mas comem frango.
Foto: picture-alliance/chromorangeBasicamente, a alimentação daqueles que preferem alimentos crus está aberta a qualquer tipo de dieta, apesar de a maioria dos crudívoros serem veganos. Nessa dieta, os alimentos não devem ser aquecidos a mais de 40°C e devem estar crus, preservando assim proteínas e enzimas. Também produtos derivados do aquecimento de alimentos, como geleias, por exemplo, ficam fora da alimentação dos crudívoros.
Foto: PhotoSG - FotoliaOs adeptos dessa dieta vão além dos veganos e comem apenas vegetais cuja aquisição não danifica as plantas. Isso inclui principalmente frutas caídas, nozes e sementes, mas também frutos colhidos sem lesar o vegetal, como tomates e abóboras ou feijão e ervilhas. Os médicos advertem, porém, que qualquer tipo de restrição alimentar pode levar à deficiência nutricional, se feita de maneira inadequada.
Foto: ColourboxNa maior parte do tempo, o flexitariano se confunde com o vegetariano. Mas, em vez da proteção dos animais, o que importa para ele é se alimentar de forma saudável. Desde que seja de origem orgânica, um pedaço de carne, peixe ou frango pode fazer parte, de vez em quando, da sua dieta. Mais de 40 milhões de alemães são adeptos dessa alimentação naturalista.
Foto: picture-alliance / Paul MayallO freeganismo é uma postura política de vida. Seus adeptos se recusam a comprar qualquer tipo de alimento, comendo aquilo que conseguem de graça ou que encontram no lixo de supermercados e restaurantes. Muitos deles são vegetarianos, mas não têm objeções a comer produtos animais jogados fora. Os freeganos querem chamar a atenção para o desperdício, para o supérfluo e para a fome no mundo.
Foto: DW/J. Delcker