França prende dois por morte de sobrevivente do Holocausto
27 de março de 2018
Polícia prende dois suspeitos, indiciados pelo assassinato de uma judia de 85 anos em Paris. O crime, tratado como de motivação antissemita, tem repercussão internacional.
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Dois homens, de 20 e 21 anos, respectivamente, foram detidos e indiciados pelo assassinato em Paris de Mireille Knoll, uma judia francesa de 85 anos, segundo informações da Justiça divulgadas nesta terça-feira (27/03). O crime, tratado como de motivação antissemita, teve repercussão internacional.
O presidente da França, Emmanuel Macron, e o ministro do Interior Gérard Collomb condenaram o assassinato. No Twitter, Macron o classificou como "terrível" e reiterou sua determinação em combater o antissemitismo. A Comissão Europeia também repercutiu o caso: "Vamos banir o antissemitismo da Europa. De uma vez por todas”, tuitou o vice-presidente da Comissão, Frans Timmermans.
Knoll, que escapou de perseguições nazistas contra judeus em Paris durante a Segunda Guerra Mundial, foi encontrada morta na sexta-feira, por bombeiros chamados para apagar o incêndio, em seu apartamento no 11º arrondissement, no leste da capital francesa.
Uma autópsia mostrou que ela fora esfaqueada várias vezes antes do fogo. A morte da octogenária, descrita pelos vizinhos como uma pessoa reservada, chocou a comunidade judaica. Na segunda-feira, os investigadores declararam acreditar que o assassinato de Mireille Knoll estivesse relacionado à religião dela.
Comunidade judaica exige transparência
O filho de Knoll, que não quis ser identificado, declarou à agência de notícias AFP que um dos suspeitos é um vizinho de 20 anos que conhecia bem a vítima e a visitara no dia da morte. Segundo fonte policial, ele tinha condenações por estupro e agressão sexual. O segundo suspeito, de 21 anos, tem antecedentes de assalto violento. Ele estava no prédio no dia da morte de Knoll, e seu nome foi mencionado à polícia pelo primeiro suspeito.
Em 1942, aos dez anos de idade, Knoll conseguira escapar da operação em que policiais franceses prenderam mais de 13 mil judeus por ordem da ocupação alemã, fugindo com a mãe de Paris para Portugal. Após a guerra, retornou à capital francesa e se casou com outro sobrevivente do Holocausto, morto no início dos anos 2000.
O Conselho Representativo de Instituições Judias da França (Crif) exigiu na segunda-feira "a mais completa transparência" das autoridades que investigam o assassinato de Knoll, "para que o motivo desse crime bárbaro seja conhecido o mais rápido possível".
Em abril de 2017, também em Paris, a judia ortodoxa Sarah Halimi, de cerca de 60 anos, foi jogada pela janela de seu apartamento por um vizinho, aos gritos de "Allahu akhbar" (Deus é grande). Em fevereiro último um juiz confirmou que o assassinato foi motivado por antissemitismo. Grupos judaicos reagiram com revolta à demora dos investigadores em admitir a motivação.
MD/afp/dpa
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Dez filmes sobre o Holocausto
A "cinematografia do Holocausto" é composta de uma vasta lista de filmes. Embora transpor o indescritível para imagens em movimento seja uma tarefa altamente complexa, são diversas as tentativas.
Foto: absolut Medien GmbH
Noite e neblina
Filme de 1955 que estreou no Festival de Cannes, "Noite e neblina", dirigido pelo francês Alain Resnais, foi um dos primeiros documentários a se debruçar sobre o Holocausto. Renais e Chris Marker, na época seu assistente, estavam entre os primeiros cineastas a terem um acesso mais amplo aos arquivos do Holocausto em França, Bélgica, Holanda, Polônia e Alemanha.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library/Ronald Grant Archive
Minha luta
Coprodução sueco-alemã de 1960, tem direção de Erwin Leiser (1923-1996), que emigrou aos 15 anos de idade, depois do Pogrom de 1938, para a Suécia, onde se tornaria mais tarde um cronista em imagens das atrocidades do regime nazista. No longa-metragem, o diretor reúne material de arquivo da época, como faria em outros filmes posteriores, em um minucioso trabalho de memória daquele período.
Foto: picture-alliance
Shoah
Obra mais importante sobre a memória do Holocausto, o filme de Claude Lanzmann, de 1985, com 9 horas e meia de duração, foi feito no decorrer de 11 anos. O diretor recusa-se a usar imagens de campos de concentração como fazem os documentários convencionais. O registro do horror acontece através do testemunho de sobreviventes – sejam eles vítimas, algozes ou meros espectadores das atrocidades.
Foto: absolut Medien GmbH
A lista de Schindler
Steven Spielberg contou neste filme de 1993 a história de um empresário que, embora conivente com o regime nazista, acabou salvando a vida de mais de mil judeus. A superprodução americana ganhou sete Oscars, incluindo os de melhor filme e direção, embora tenha sido apontada por parte da crítica como um melodrama que prima por transformar a dor em espetáculo.
Foto: picture alliance / United Archives/IFTN
Exílio em Xangai
O longa-metragem de 1997, de Ulrike Ottinger, é um filme sobre o Holocausto no sentido de documento da fuga e da migração dos judeus para Xangai durante o regime nazista. Com 4 horas e meia de duração, o documentário tem como ponto de partida as lembranças de seis judeus alemães, austríacos e russos, que fugiram para Xangai, um dos únicos lugares com fronteiras abertas até 1943.
Do Leste
Coprodução franco-belga de 1993, o documentário de Chantal Akerman é uma viagem realizada pela diretora passando pelo Leste alemão, Polônia, países bálticos e Rússia. O filme documenta não apenas o deslocamento geográfico da cineasta, mas sobretudo sua busca de um Leste que, embora lhe seja estranho, é a terra de origem de sua mãe judia, nascida na Polônia e sobrevivente de Auschwitz.
Balagan
Uma trupe tenta, na israelense Akko, tratar do Holocausto em um coletivo de teatro que envolve também um palestino. A partir daí, o diretor Andres Veiel busca, neste filme de 1994, descobrir as feridas abertas existentes quando se fala do assunto. O documentário não é um filme sobre sobreviventes, mas sim sobre seus filhos e sobre como eles conseguem lidar com essa herança histórico-familiar.
A vida é bela
Tragicomédia encenada pelo italiano Roberto Benigni em 1999, o filme recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e atraiu um imenso público em muitos países. Por ser uma das raras tentativas de abordar o tema dos campos de concentração com humor, teve recepção ambivalente por parte de alguns sobreviventes do Holocausto, que viram aí um perigo de banalização das atrocidades nazistas.
Foto: picture-alliance/dpa
O Pianista
Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2002, o filme de Roman Polanski tem roteiro baseado nas memórias de Wladyslaw Szpilman, músico polonês que testemunha como Varsóvia é tomada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial e cuja família é assassinada no campo de concentração de Treblinka. O próprio Polanski sobreviveu ao Gueto de Cracóvia e perdeu a mãe assassinada em Auschwitz.
Foto: imago stock&people
O filho de Saul
Filme de 2015 do húngaro László Nemes (ex-assistente de Béla Tarr), tem como protagonista um integrante do Sonderkommando (grupo de prisioneiros judeus encarregados de limpar câmaras de gás e remover cadáveres), cuja ideia fixa é enterrar um garoto. Filme claustrofóbico, cujo uso do primeiro plano, os closes exacerbados e a câmera em constante movimento, tira o espectador de sua zona de conforto.