França presta homenagens três anos após ataques em Paris
7 de janeiro de 2018
Macron e prefeita da capital francesa lembram vítimas de atentados ao semanário "Charlie Hebdo" e a mercado judaico. Incidentes marcaram início de série de ataques terroristas na França, que deixaram mais de 240 mortos.
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O presidente da França, Emmanuel Macron, e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, prestaram neste domingo (07/01) homenagem às vítimas de ataques terroristas ocorridos na capital francesa há três anos. Durante três dias em janeiro de 2015, homens armados mataram repórteres e ilustradores do semanário satírico Charlie Hebdo, assim como policiais e clientes de um mercado judaico.
As homenagens deste domingo começaram diante do prédio que abrigava a redação do Charlie Hebdo, onde dois irmãos armados com fuzis mataram 11 pessoas. Os nomes das vítimas foram lidos, e coroas de flores, depositadas diante do local. Além de Macron e Hidalgo, participaram da pequena cerimônia jornalistas da publicação, a primeira-dama, Brigitte Macron, e outros membros do governo francês.
Também foram prestados tributos no local onde um policial foi morto a tiros, assim como no mercado kosher onde um terceiro homem armado fez reféns e matou quatro pessoas.
O ataque ao Charlie Hebdo foi perpetrado pelos irmãos Said e Cherif Kouachi, que morreram numa operação policial dois dias depois. O autor do atentado ao supermercado judaico, Amedy Coulibaly, também matou uma policial num incidente separado. Ele foi morto pela polícia.
Os ataques de janeiro de 2015 marcaram o início de uma série de atentados jihadistas na França, que deixaram um total de 241 mortos, segundo levantamento da agência de notícias AFP.
"Medo e morte"
Em sua última edição, o Charlie Hebdo, conhecido por seu tom provocativo, abordou a trágica morte de seus cartunistas e escritores.
"O dia 7 de janeiro de 2015 nos empurrou para um novo mundo de polícia armada, entradas protegidas e portas reforçadas, um mundo de medo e morte", escreveu o colaborador Fabrice Nicolino numa coluna. "E isso no coração de Paris e em condições que não honram a República Francesa."
Segundo o editor do Charlie Hebdo, Riss, a publicação gasta até 1,5 milhão de euros por ano com segurança para proteger sua sede, que agora fica num local secreto. Os jornalistas e editores do semanário continuam recebendo regularmente ameaças de morte.
O veículo voltou a causar controvérsia em novembro passado, ao dedicar sua capa ao estudioso islâmico Tariq Ramadan, acusado de assédio sexual. O acadêmico suíço, bastante conhecido na França, foi retratado com uma ereção, sob o título: "Sou o sexto pilar do islã". O semanário também satiriza regularmente líderes cristãos e judeus, assim como políticos.
Autoridades antiterrorismo ainda investigam os incidentes de janeiro de 2015 e devem finalizar o inquérito nos próximos meses. Não foi possível determinar como os autores do ataque ao Charlie Hebdo coordenaram com Coulibaly o atentado ao mercado judaico. Investigadores também não conseguiram rastrear a origem das armas automáticas usadas pelos irmãos Kouachi.
LPF/rtr/afp/dpa
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A arte responde ao terror
Desde janeiro de 2015, ataques terroristas tentam desestabilizar as sociedades pacíficas, não só na Europa. Diversos artistas têm reagido, com músicas, desenhos ou vídeos, com consolo ou provocação.
Foto: Reuters/R. Krause
Primeiro sinal de paz
No dia seguinte aos atentados de novembro de 2015 em Paris, que deixaram mais de 130 mortos, a cidade estava de luto. Mas logo uma multidão se reuniu quando Davide Martello começou a tocar, diante de um dos alvos, o clube Bataclan, "Imagine", de John Lennon, num piano trouxera da Alemanha. Mais tarde o músico comentaria: "Eu queria estar lá para tentar consolar e dar um sinal de esperança."
Foto: Getty Images/AFP/K. Tribouillard
Quando faltam palavras
Em seguida ao caos de uma tragédia, uma simples imagem pode ser um consolo eloquente. Igualmente após os atos terroristas de Paris, o artista gráfico francês Jean Jullien postou nas redes sociais o símbolo da paz, incorporando nele o contorno da Torre Eiffel. Logo o desenho se consagrou como ícone da solidariedade com as vítimas.
Foto: Jean Jullien
Desenhos como arma
O papel dos artistas nem sempre é pacífico. O caricaturista francês Charb era famoso por suas charges ofensivas sobre temas religiosos, inclusive o islamismo. Depois que radicais muçulmanos o abateram e a seus colegas na redação do tabloide "Charlie Hebdo", em janeiro de 2015, manifestantes usaram os desenhos irreverentes para desafiar os atacantes e seus apoiadores.
Foto: Getty Images/E. Cabanis
Música entre ruínas
O pianista sírio-palestino Aeham Ahmad também foi alvo da fúria terrorista. Tendo estudado música em Damasco e Homs, ele passou grande parte da vida num alojamento de refugiados. O vídeo em que toca piano numa rua bombardeada da Síria atraiu atenção internacional no Youtube. Depois que militantes do "Estado Islâmico" (EI) incendiaram seu instrumento, Ahmad refugiou-se na Alemanha, onde hoje vive.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Hitij
Catarse teatral
A noção do filósofo grego Aristóteles de catarse, a purgação das emoções, no teatro, continua provando sua validade. A dramaturga austríaca Elfriede Jelinek elaborou a peça "Wut" (Raiva) ainda em choque devido aos atentados de 2015 em Paris. O título não se refere apenas à fúria dos atacantes, mas também ao ódio de algumas das reações, e à agonia dos que se veem presos entre os dois extremos.
Foto: picture-alliance/dpa/C. Fürst
"Même pas peur"
Em 13 de março de 2016, militantes da Al Qaeda fuzilaram 19 pessoas numa praia da cidade Grand-Bassam, na Costa do Marfim. Dez dias mais tarde um grupo de cantores pop nacionais divulgou um vídeo para retomar seu espaço de vida. "Même pas peur" (Nem deu medo) é o nome da canção, cujas palavras de desafio ganham força extra na dança em meio à areia branca, livre de qualquer sinal de sangue.
Foto: DW/J.-P. Scholz
Apenas cor e linhas
Nem todas as reações artísticas à violência são literais. As cores vivas e formas dinâmicas da arte abstrata de Guillaume Bottazzi falam por si, contrapondo-se aos atentados de 22 de março de 2016 em Bruxelas. No fim de outubro, o artista começou a realizar um mural na Place Jourdan da capital belga, como memorial permanente às vítimas.
Foto: DW/M. Kübler
Homenagem gigantesca e colorida
O americano Jeff Koons é um dos artistas mais ricos do mundo, que contrata operários para construir seus projetos. Numa cerimônia em novembro, em Paris, ele apresentou seus planos para uma enorme escultura: "Bouquet of Tulips 2016", doada em homenagem às vítimas dos múltiplos atentados terroristas de 2015, na capital francesa, será instalada diante do Palais de Tokyo.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Euler
Together Berlin!
Em 20 de dezembro de 2016, dia seguinte ao ataque com um caminhão a uma feira natalina de Berlim, que custou 12 vidas, o Portão de Brandemburgo foi iluminado com as cores da bandeira alemã. Três dias mais tarde, o local foi palco do show de música "Together Berlin!", sinal de resistência à tentativa dos terroristas de instaurar medo e insegurança na sociedade pacífica.