Ministro do Interior diz que migrantes que ainda vivem no acampamento improvisado serão evacuados em etapas. Próximo à entrada do Eurotúnel, local abriga milhares de requerentes de asilo.
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"Selva de Calais" com os dias contados
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O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, prometeu remover completamente o acampamento de migrantes na cidade de Calais conhecido como "A Selva". Em entrevista publicada nesta sexta-feira (02/09) no jornal Nord Littoral, o político disse que agirá com "a maior determinação" para fechar o local.
Apesar de repetidas promessas de ministros franceses de evacuar o acampamento, ele ainda abriga em torno de 7 mil pessoas, segundo dados do governo. Organizações humanitárias e um dos sindicatos de policias da França dizem que o total de habitantes da "Selva" gira em torno de 10 mil, o que Cazeneuve nega.
Próxima à entrada do Eurotúnel e ponto de partida de balsas para o Reino Unido, Calais se tornou um ímã para migrantes que pretendem chegar clandestinamente ao outro lado do Canal da Mancha. O acampamento improvisado abriga grande número de afegãos, somalis, sudaneses e curdos, além de requerentes de asilo de diversas outras nacionalidades.
Pouco antes de visitar o local nesta sexta-feira, o ministro disse na entrevista que o acampamento será desmontado em etapas, ao mesmo tempo em que milhares de acomodações para os migrantes serão erguidas em outras regiões do país.
Para o próximo ano, o ministro afirmou que a França planeja criar 5 mil novas acomodações de emergência para migrantes, além de enviar um reforço de duzentos policiais a Calais, que se somarão aos 1,9 mil que já fazem a vigilância nos arredores do Eurotúnel e do porto.
"Desmontamos a parte sul [do acampamento] no início de março, e já começamos os trabalhos na parte norte", afirmou Cazeneuve ao Nord Littoral.
Desde outubro, mais de 5 mil migrantes deixaram a cidade no norte da França com destino a 161 centros de acolhimentos em outras partes do país.
Cazeneuve disse que o presidente francês, François Hollande, deverá visitar Calais em setembro.
RC/afp/lusa
A miséria de refugiados no norte da França
Cerca de 2 mil imigrantes padecem no frio e na lama num acampamento perto da cidade portuária de Dunquerque. Enquanto esperam por uma oportunidade de rumar para o Reino Unido, eles dependem da ajuda de voluntários.
Foto: DW/B. Riegert
No meio da lama
Estima-se que um acampamento próximo à comuna de Grande Synthe, perto da cidade portuária de Dunquerque, no norte da França, abrigue 2 mil pessoas em pequenas tendas. À noite, o frio é intenso, e, quando chove, o local fica repleto de lama.
Foto: DW/B. Riegert
Persistência
Lizman vem da região curda do Iraque. "Em casa estamos em guerra", diz ele, que tem como objetivo chegar à Inglaterra. O iraquiano montou um café numa das barracas do acampamento, onde os jovens matam o tempo.
Foto: DW/B. Riegert
Objetivo: Reino Unido
Para proteger a barraca da sujeira e do frio, o iraquiano Asis conseguiu um martelo emprestado. O jovem curdo quer atravessar o Canal da Mancha e chegar à Inglaterra. Para isso, ele teria que pagar até 5.000 euros a um traficante. "Tem que ser melhor do outro lado", espera.
Foto: DW/B. Riegert
Sopro de esperança
O número de crianças que vive no acampamento repleto de lixo e lama não é claro. Voluntários coletaram ursinhos de pelúcia e os distribuíram na "barraca das crianças".
Foto: DW/B. Riegert
Perspectivas
Uma criança perdeu esta boneca na lama. Da mesma maneira, a esperança de muitas pessoas acaba desaparecendo no acampamento. À noite é muito fria, e não há iluminação. Apenas alguns banheiros químicos e chuveiros funcionam.
Foto: DW/B. Riegert
Voluntários do Reino Unido
O britânico Chris Bailey serviu como soldado no Iraque. Agora ele ajuda migrantes que querem chegar ao seu país. "A situação aqui é pior do que a de alguns lugares que vi na guerra", diz o veterano. Ele distribui cobertores e botas de borracha que foram doadas.
Foto: DW/B. Riegert
Bem-vindos à França
Além de chá, Denise (à esq.) e Maryse oferecem um bom papo aos imigrantes. Elas moram em frente ao acampamento. Uma rua separa dois mundos completamente diferentes. "As autoridades não se importam", opina Denise. Muitos vizinhos querem que os migrantes saiam dali.
Foto: DW/B. Riegert
Onde está o governo?
Um voluntário batizou com nomes de políticos europeus algumas das vias que levam até o precário acampamento. Esta, por exemplo, é a "Avenida François Hollande", porque o governo francês não se importa com o local. A polícia não dá segurança alguma. Moradores relatam violência entre grupos de imigrantes, principalmente à noite.
Foto: DW/B. Riegert
Voluntários da Alemanha
O número de refugiados que chegam a Munique diminuiu. "Aqui nós seremos necessários", diz Sinan von Stietencron da Volxküche München, iniciativa que distribui alimentos a migrantes na cidade alemã. Com a cozinha móvel, ele viajou com amigos da Baviera para o Canal da Mancha.
Foto: DW/B. Riegert
Emergência
A organização de ajuda humanitária Médicos sem Fronteiras (MSF) vacinou os moradores do acampamento contra sarampo e gripe. Especialmente as crianças acabam doentes, devido à umidade, ao frio e às péssimas condições de higiene. A MSF montou uma estação de emergência em Grande Synthe, a primeira unidade operacional da organização no coração da Europa.
Foto: DW/B. Riegert
Seguir adiante
Agachado dentro de sua barraca, Asim diz que fugiu do "Estado Islâmico" no Iraque. Ele se esforça para manter o pequeno espaço limpo e até oferece um chá para a repórter da DW. "Todos querem seguir adiante", diz o iraquiano.
Foto: DW/B. Riegert
A última estação
O porto de Dunquerque fica a 10 quilômetros do acampamento. As chances de conseguir chegar à Inglaterra partindo daqui são mínimas. Quase ninguém quer entrar com um pedido de asilo na França. O que fazer agora? Pagar um transporte clandestino para atravessar o Canal da Mancha? Recuar para a Bélgica ou Alemanha? Ou simplesmente esperar?