Finanças
8 de julho de 2007O presidente francês, Nicolas Sarkozy, participa excepcionalmente do encontro de ministros das Finanças da eurozona nesta segunda-feira (09/07), em Bruxelas, a fim de discutir seus controversos planos orçamentários para a França. Esta é a primeira vez que um chefe de Estado participa de um encontro de ministros na comunidade.
O premiê francês, François Fillon, já havia anunciado que, para sanear o orçamento público, precisaria de um prazo maior do que o previsto pelo pacto de estabilidade do euro. Em vez de cumprir as metas européias até 2010, conforme estipulou a comunidade, o governo francês quer se dar um prazo até 2012 para tal. Os 13 países que adotam o euro haviam se comprometido, no final de abril, a zerar o déficit estrutural do orçamento público até 2010.
Primeiro a competitividade, depois a comunidade
Sarkozy justifica sua intenção de romper o compromisso assumido com os demais países europeus, argumentando que sua prioridade é reforçar a competitividade e o crescimento econômico francês – algo que a União Européia também requer. Após ter assumido a presidência, Sarkozy anunciou que, antes de reduzir o déficit orçamentário, sua prioridade seria reaquecer a economia através de reduções fiscais.
O ministro das Finanças alemão, Peer Steinbrück, a Comissão Européia, a presidência da comunidade, assumida por Portugal, e o Banco Central Europeu já haviam expressado seu desconforto em relação à ameaça de a França romper o pacto de estabilidade da moeda européia.
Em função da atual conjuntura, a situação orçamentária dos países que adotam o euro é estável. No início desta década, no entanto, diversos países – entre os quais a Alemanha e a França – fracassaram em manter o endividamento público abaixo do limite estipulado pela UE.
Um socialista francês na presidência do FMI
O conservador Sarkozy também apóia a nomeação do socialista francês Dominique Strauss-Kahn para a presidência do Fundo Econômico Internacional (FMI). Segundo o presidente francês, esta sugestão parece contar pretensamente com o respaldo da Espanha, Itália e do Reino Unido.
A Alemanha concorda com a indicação de Strauss-Kahn como sucessor de Rodrigo Rato nesse posto. Os EUA também garantiram que respeitam a tradição de preencher o cargo com um europeu.
Com a nomeação do ícone de esquerda Bernard Kouchner como ministro do Exterior e, agora, a indicação de um socialista para a presidência do FMI, Sarkozy persegue metas políticas internas.
Esta seria a terceira vez que um francês presidiria o FMI. Isso descontentaria os países emergentes e em desenvolvimento, interessados em abrir as eleições do FMI para um não europeu. (sm)