Para combater superlotação, autoridades francesas proíbem acampamento na montanha e estabelecem obrigatoriedade de reserva de quarto em abrigo. Em 2018, 15 alpinistas morreram durante escalada.
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Autoridades francesas adotaram novas regras que restringem o acesso ao Mont Blanc para combater a superlotação na montanha mais alta da Europa. A medida proíbe o acampamento na região.
A partir deste sábado (01/06), alpinistas que desejam escalar o Mont Blanc pela rota tradicional são obrigados a reservar um quarto em um dos três abrigos localizados ao longo do percurso, caso a subida inclua um pernoite, o que ocorre na maioria das ocasiões. Os locais têm capacidade para receber 264 pessoas.
As novas regras também estipularam uma multa de 300 mil euros (1,3 milhão de reais) para alpinistas que forem pegos acampando ilegalmente na rota. Eles poderão ainda ser condenados a pena de até dois anos de prisão.
Segundo Pierre Lambert, um funcionário público regional, a obrigatoriedade da reserva em abrigos garante ao menos um pernoite para a maioria dos alpinistas. Lambert afirmou que a superlotação levou a problemas de segurança e saneamento. Foram registradas também brigas nos abrigos e assaltos a guias.
As restrições foram estabelecidas depois de campanhas de prevenção e comunicação se mostrarem insuficientes para resolver os problemas causados pela superlotação da montanha durante a temporada de escalada.
"Aqueles que escalam o Mont Blanc não são alpinistas, mas turistas que se comportam como habitantes de cidades e só entendem sanções", afirmou o prefeito de Saint Gervais, Jean-Marc Peillex, um dos municípios localizado na rota de escalada tradicional.
As novas regras são uma resposta às crescentes preocupações sobre a superlotação da montanha. Na sexta-feira, um eslovaco de 25 anos caiu de um despenhadeiro. No ano passado, 15 alpinistas morreram na região. As medidas ficam em vigor até o fim da temporada de escalada, em 29 de setembro.
Por ano, cerca de 25 mil alpinistas escalam o Mont Blanc. As multidões diárias geram acampamentos ilegais e uma disputa pelos quartos nos abrigos.
O Mont Blanc não é a única montanha que sofre com o turismo de massa. No Monte Everest, oito pessoas morreram em apenas uma semana. Autoridades atribuem a maioria das mortes à fraqueza, exaustão e atrasos na rota. Um curto período de tempo bom durante a temporada de escalada, que vai de abril a maio, tem criado uma fila de várias horas para chegar ao topo.
CN/afp/efe
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Quando inaugurado, em 16 de julho de 1965, túnel era o mais extenso do mundo, com 11 km. A localização, no meio dos Alpes, também impressionava. Desde um incêndio ocorrido em 1999, a segurança virou tema crucial.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Biber
Trabalho pesado
Operários franceses e italianos trabalharam lado a lado quase 3 mil metros abaixo do Mont Blanc, a mais alta montanha dos Alpes. Em 1962, foram detonadas as últimas rochas do trecho subterrâneo. Mas o túnel ainda precisou de seis anos para ficar pronto.
Foto: picture alliance/KEYSTONE
Parceria franco-italiana
Em 16 de julho de 1965, o presidente francês Charles De Gaulle (à esquerda) e seu colega italiano Giuseppe Saragat inauguraram o túnel Mont Blanc em Courmayer, na Itália. Até hoje, ambos os países dividem a administração da via subterrânea por meio de duas empresas, uma italiana e outra francesa, cada uma responsável por metade do túnel.
Foto: picture alliance/KEYSTONE
Lá embaixo
O túnel está localizado sob a montanha Aiguille du Midi, com 3.800 metros de altura. Antes da construção, os viajantes precisavam atravessar os Alpes numa estrada sinuosa e repleta de altos e baixos. Hoje, isso é passado: a diferença de altitude entre os acessos italiano e francês ao túnel Mont Blanc é de apenas 197 metros.
Foto: Imago/blickwinkel
15 minutos
A cadeia de montanhas do Mont Blanc fica entre as cidades de Chamonix-Mont-Blanc, na França, e Courmayer, na Itália. O túnel serve de ligação entre os dois municípios, e a viagem é rápida: dura 15 minutos.
Fronteira oculta
A extensão do túnel Mont Blanc é de 11,6 quilômetros. Como a estrada é de pista única, com tráfego dos dois lados, os motoristas precisam manter uma distância de 150 metros do automóvel que está à frente. Além disso, o limite de velocidade é de 70 km/h. O túnel passa sobre a fronteira que divide os dois países, perto do acesso do lado italiano.
Foto: Keystone/Getty Images
Inferno sob os Alpes
Em 1999, um caminhão belga pegou fogo dentro do túnel. O acidente deixou 39 mortos e nunca foi totalmente esclarecido. Aparentemente, o incêndio foi causado por um cigarro, que entrou em contato com a carga altamente inflamável do caminhão: margarina e farinha de trigo.
Foto: picture alliance/AP Images
Falha humana?
O sistema de ventilação do túnel não foi capaz de expelir a fumaça do incêndio com a rapidez necessária. Porém, o sistema de emergência também falhou. O acidente ocorreu num trecho em território francês, mas que é administrado pela operadora italiana. Por isso, até que o alarme acionasse o corpo de bombeiros francês, já havia se passado um tempo considerável.
Foto: picture-alliance/dpa
Prevenção de incêndios
O acidente fez com que o túnel ficasse fechado por três anos. Nesse período, toda a via subterrânea foi reformada e a proteção contra incêndios foi reforçada. Em 2002, o Mont Blanc foi reaberto. O acidente acabou promovendo uma discussão internacional sobre medidas de segurança em túneis.
Foto: picture-alliance / dpa/dpaweb/Clatot
O custo da viagem
Percorrer os 11 quilômetros do túnel tem um preço salgado. Entrando pelo lado francês, os motoristas pagam 43,50 euros de pedágio. Pelo lado italiano, é ainda mais caro: 44,20 euros. Desde o incêndio, as cancelas para a entrada só abrem em intervalos definidos, de forma que a distância de segurança seja mantida entre os automóveis.
Foto: Getty Images/AFP/Clatot
Rota essencial
O Mont Blanc ainda é indispensável para motoristas. No ano passado, o túnel recebeu, em média, 5 mil carros por dia. E a rota é particularmente importante para veículos de carga. Caminhões só trafegam na via subterrânea em grupos de cinco e têm de ser acompanhados por um veículo de segurança – outra medida implementada depois do incêndio de 1999.