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Fuga de capital e mão-de-obra cresce na Alemanha

(gh)18 de março de 2005

Fraca demanda do mercado interno e morosidade das reformas levam empresas alemães a investir cada vez mais no exterior. Governo tenta conter fuga de capitais e cérebros com promessas de reduzir impostos.

Linha de montagem da Audi em Györ, na HungriaFoto: AP

O volume de investimentos alemães no exterior deve atingir um novo recorde neste ano. É o que prevê a Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), em estudo divulgado pelo jornal de economia Handelsblatt.

Das 7500 empresas consultadas pela DIHK, 42%planejam para 2005 investimentos no exterior superiores aos do ano passado. O principal destino do capital alemão são os novos países-membros da União Europa, no Leste Europeu, seguidos pela China.

Segundo o presidente da DIHK, Ludwig Braun, os alemães investem no Leste Europeu por dois motivos: a mão-de-obra é barata, e, desde seu ingresso na UE, o quadro político e econômico nesses países tornou-se confiável.

Braun disse que a falta de perspectiva de crescimento do mercado interno é a principal causa da emigração do capital alemão. Ele pediu um sinal do governo e da oposição para criar condições mais favoráveis a investimentos na Alemanha.

Ludwig Georg Braun, presidente da DIHK, pede sinal do governo e da oposiçãoFoto: dpa

"É preciso acelerar a modernização da economia alemã e melhorar o clima de investimentos no país, reduzindo os impostos. O mundo ao nosso redor não espera", disse, referindo-se às intermináveis discussões entre governo e oposição sobre o melhor rumo para aumentar o crescimento econômico e reduzir o desemprego.

Economistas criticam medidas

O governo já reagiu aos apelos do empresariado, anunciando um pacote de 20 medidas, entre elas a redução do imposto de renda das sociedades de capital aberto, de 25% para 19%, e um programa de investimentos na construção civil, no valor de sete bilhões de euros até 2007.

"Apenas baixar um pouco a tributação das empresas não resolve", diz o professor de Economia da Universidade de Genebra Charles Wyplosz. "O problema central da economia alemã, no momento, é a fraca demanda do mercado interno. E essa questão não é atacada pelas propostas atualmente em discussão", acrescenta o economista Paul De Grauwe, da Universidade de Leuwen, na Bélgica.

Os dois economistas concordam que a redução dos impostos e a eliminação de uma série de exceções abertas a pessoas físicas no sistema tributário até "podem aumentar a eficiência da economia, mas, de início, não geram novos empregos. Só quando a economia alemã voltar a crescer serão gerados novos postos de trabalho e o consumo aumentará".

Alemães abandonam o barco

Diante da timidez e da lentidão do governo em fazer as reformas, não só o capital alemão emigra para outros países. Aumenta também o número de alemães que "abandonam o barco", principalmente profissionais na faixa etária de 25 a 44 anos.

De acordo com um levantamento feito pela organização católica Raphaels Werke (Obra de São Rafael), especializada em assessoria a emigrantes, o número de alemães que deixaram o país no ano passado subiu 20% em relação a 2003. Os principais destinos dos emigrantes alemães são os Estados Unidos, Austrália, Canadá e, mais recentemente, também a Espanha, Inglaterra, França e Suécia.

"É um círculo vicioso: a fuga de capitais e cérebros acaba beficiando outras nações que passam a concorrer com a Alemanha no mercado internacional e, desta forma, dificultam ainda mais a recuperação da economia alemã", escreve o Handelsblatt.

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