"Fumaças dos incêndios na Austrália dará volta ao mundo"
14 de janeiro de 2020
Agência espacial dos EUA aponta que fuligem de queimadas florestais deve retornar ao país de origem depois de circundar o planeta. Nuvem já passou pela Argentina, Chile e sul do Brasil.
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A agência espacial americana, Nasa, afirmou nesta terça-feira (14/01) que a nuvem de fumaça dos incêndios florestais na Austrália dará pelo menos uma volta ao mundo e retornará ao céu de seu país de origem.
De acordo com os cientistas, a fumaça chegou a 17,7 quilômetros de altitude, alcançado a estratosfera inferior. "Uma vez na estratosfera, a fumaça pode viajar milhares de quilômetros, afetando globalmente as condições atmosféricas", destacou a Nasa.
Com satélites, a agência está monitorando a nuvem de fumaça vinda da Austrália e disse que ela já viajou por metade do globo. Além de modificar a cor do céu por onde passa, a fuligem prejudica a qualidade do ar nas regiões atingidas. Na semana passada, ela chegou ao Chile, Argentina e no sul do Brasil.
A Nasa também identificou alterações na neve de montanhas na Nova Zelândia, que estão escurando devido ao fenômeno. A qualidade do ar no país também está com problemas severos.
Os incêndios que atingem a Austrália desde setembro já destruíram uma superfície maior do que o território da Irlanda, ou 11,8 milhões de hectares, provocando 28 mortes e destruindo mais de 3 mil residências.
Nesta terça-feira, a qualidade do ar na segunda maior cidade australiana, Melbourne, se agravou devido ao aumento da fumaça provocado pelos incêndios no leste. Autoridades alertaram os moradores para evitar atividades ao ar livre. Os serviços meteorológicos anteciparam que a forte nuvem de poluição atmosférica se manterá pelo menos até à tarde de quarta-feira na região.
Além do impacto na saúde pública, a fumaça tem causado problemas adicionais para os bombeiros, devido aos falsos alarmes de incêndio causados pelo excesso de fumaça no ar.
O governo australiano disponibilizou reservistas do Exército para atuar nas áreas atingidas e anunciou fundos de 1,4 bilhão de dólares (5,68 bilhões de reais) a serem usados ao longo de dois anos como auxílio contra os danos resultantes dos incêndios.
Austrália enfrenta a pior temporada de incêndios florestais de sua história, causando mortes e evacuações em massa. Também biodiversidade vegetal e animal estão ameaçadas.
Foto: AFP/P. Parks
Paredes de chamas
Com mais de 180 focos de incêndios em toda a Austrália, mais de 8 milhões de hectares já foram queimados. O estado de Nova Gales do Sul, na costa leste, é o mais atingido. Os incêndios em bosques e florestas não são incomuns no continente, mas desta vez sua intensidade foi extrema. A temporada de incêndios já começou em setembro e foi agravada por altas temperaturas, acima de 40ºC.
Foto: Reuters/AAP Image/D.
Desespero no campo
Com uma toalha, este garoto tenta abafar as chamas que se alastram pelo campo. Os agricultores lutam para continuar alimentando o gado, pois pastagens e gramados estão queimados. Muitos tiveram que sacrificar os animais devido a queimaduras ou estresse térmico.
Foto: AFP/W. West
Destruição
Mais de 1.800 casas foram queimadas, milhares de habitantes foram evacuados, e pelo menos 25 morreram. Segundo as autoridades, só no estado de Victoria, que inclui a cidade de Melbourne, nos últimos dias foram evacuadas 67 mil pessoas.
Foto: Getty Images/AFP/S. Khan
Trabalho nas chamas
Longe dos grandes centros ou no litoral, a densidade populacional da Austrália é baixa. Lá os bombeiros voluntários são ainda mais importantes. Devido à extraordinariamente violenta temporada de incêndios, este ano eles serão pagos a partir de um fundo especial: quem estiver envolvido no trabalho de extinção do fogo por pelo menos dez dias receberá uma diária equivalente a 190 euros.
Foto: AFP/S. Khan
Ajuda do Exército
As Forças Armadas da Austrália ajudam a evacuar os residentes por via aérea ou de navio. Três mil reservistas foram chamados para ajudar os bombeiros a combaterem incêndios. Helicópteros militares da Nova Zelândia devem chegar nos próximos dias para dar apoio.
Foto: AFP/AUSTRALIAN DEPARTMENT OF DEFENCE/N. Dorrett
Ar poluído
Este homem em frente ao Parlamento australiano em Camberra tem uma mangueira, mas não faz nada contra as chamas. Do ponto de vista de muitos australianos, poderia ser um símbolo das poucas medidas tomadas pelos políticos em relação à dimensão dos incêndios. O ar na capital australiana está tão poluído, que os moradores foram instados a ficar em casa.
Foto: Imago-Images/AAP/L. Coch
Acusações contra Scott Morrison
O primeiro-ministro é alvo de críticas porque, mesmo quando os incêndios já haviam começado, viajou de férias com a família para o Havaí. Hoje, ele não nega mais a influência humana nas mudanças climáticas, mas continua do lado da indústria do carvão. Em fotos nas redes sociais, há muitos se negam a apertar a mão de Scott Morrison, manifestando sua insatisfação com a gestão da crise.
Foto: AFP/J. Ross
Homenagem póstuma
O trabalho dos bombeiros é perigoso. Geoffrey Keaton morreu numa missão. Quando foi enterrado, em 2 de janeiro, seu filho recebeu uma Ordem de Mérito em nome do pai. Três bombeiros já morreram na temporada de incêndios deste ano.
Foto: Reuters/NSW RURAL FIRE SERVICE
Animais são vítimas
Esse coala foi salvo, mas muitos outros animais, não. Para os coalas, os incêndios são particularmente arrasadores porque instintivamente eles se escondem dentro das árvores e fogos rasteiros não os atingem. Mas os atuais incêndios violentos chegam até as copas das árvores e os matam. Numa área em que sua população é monitorada há bastante tempo, dois terços dos coalas morreram.
Foto: Reuters/P. Sudmals
Procura por comida
Os animais selvagens que sobreviveram ao fogo no Parque Nacional Wollemi, em Sydney, saem em busca de comida. Mas muitas vezes as chamas deixam apenas troncos carbonizados, como em Old Bar, Nova Gales do Sul. Os aborígines costumavam queimar a vegetação rasteira para conter incêndios provocados pelas intempéries de verão. Muitos australianos querem agora que essa prática seja revivida.
Foto: Imago Images/AAP/J. Piper
Ajuda a quem perdeu tudo
O governo australiano anunciou a criação de uma agência nacional para ajudar os afetados pela catástrofe. O equivalente a 1,2 bilhão de euros será distribuído ao longo de dois anos para agricultores, pequenas empresas e moradores. Milhares perderam suas casas no incêndio, como este homem de Nabiac, situada 350 quilômetros ao norte de Sydney.
Foto: AFP/W. West
Consequências na América do Sul
Uma cortina de fumaça cobre as regiões em fogo, como estas montanhas em East Gippsland, no estado de Victoria. Uma nuvem de fumaça percorreu mais de 12 mil quilômetros e chegou à América do Sul, sendo vista em 6 de janeiro sobre o Chile e a Argentina, e devendo chegar ao Rio Grande do Sul. Segundo o Departamento Meteorológico de Santiago, a fumaça não oferece risco à saúde da população.