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Fumaça tóxica de incêndios florestais encobre Sydney

10 de dezembro de 2019

Centenas de alarmes desencadeados por densa fumaça soam pela metrópole australiana. Incêndios atingem leste do país há semanas, e governo vem sendo criticado por ignorar efeitos das mudanças climáticas.

Sydney, na Austrália, envolta pela fumaça gerada pelos incêndios florestais na região
Sydney, na Austrália, envolta por fumaça gerada por incêndios florestais na regiãoFoto: picture-alliance/dpa/B. De Marchi

 A metrópole australiana de Sydney acordou nesta terça-feira (10/12) com centenas de alarmes de fumaça ecoando pela cidade e alertas de condições meteorológicas graves em razão dos incêndios florestais no leste da Austrália.

Os bombeiros corriam para atender a diversas chamadas no centro de Sydney, enquanto a fumaça carregada de partículas tóxicas entrava em edifícios comerciais.

O Departamento de Bombeiros do estado de Nova Gales do Sul informou que em poucas horas houve um número "sem precedentes" de 500 chamadas automáticas, desencadeadas pelos alarmes em escritórios, residências, estações ferroviárias e universidades.

Uma sede regional do Corpo de Bombeiros teve de ser evacuada, e a tradicional regata Sydney-Hobart teve de ser cancelada após as autoridades afirmarem não haver garantias de segurança.

A movimentação de balsas do transporte público também foi cancelada em razão da "fumaça espessa". As crianças foram mantidas na parte interna das escolas e enviadas mais cedo para suas casas, após a poluição ultrapassar os níveis de riscos à saúde.

Incêndios que ocorrem há semanas ao nordeste de Sydney resultaram num chamado "megafogo", que já destruiu mais de 319 mil hectares, na maioria, em áreas de parques nacionais. Há semanas, o leste do país sofre os efeitos da fumaça e da seca.

Ventos fortes e temperaturas altas são esperados para esta terça-feira, gerando temores de que faíscas e brasas possam ser transportadas pelo ar até as regiões suburbanas, pondo em risco propriedades. As autoridades recomendam que as pessoas evitem atividades externas e se mantenham dentro de suas casas.

O Serviço Rural de Combate ao Fogo de Nova Gales do Sul alertou que os ventos fortes e uma "camada espessa de fumaça" devem fazer com que as condições se agravem ainda mais durante o dia. Quase 100 focos de incêndio foram registrados no estado, além de dezenas de outros em Queensland.

O Serviço de Meteorologia australiano informou que, em meio às secas prolongadas, a Austrália teve o mês de novembro mais seco já registrado no país. A temperatura em alguns locais atingiu 44º C.

As secas deixaram fazendas e algumas cidades ameaçadas de ficarem completamente sem água. Muitas represas no estado de Nova Gales do Sul estão vazias, e diversas outras, em níveis bem abaixo de suas capacidades. Uma grande faixa no leste do país já enfrentava a falta de chuvas desde 2017.

Bombeiros na região sul de Brisbane relataram que mil litros de água foram roubados de tanques em um de seus postos. A cidade de Sydney impôs a maior restrição ao uso de água em mais de uma década.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, que durante semanas evitou mencionar os incêndios, defendeu as ações do governo e disse que não havia planos de profissionalizar as forças majoritariamente voluntárias de combate ao fogo no interior do país.

O governo vem sendo amplamente criticado, inclusive por ex-chefes dos serviços de combate ao fogo, por ignorar os alertas sobre os efeitos das mudanças climáticas no país.

"Nossa política é sensata no que diz respeito a lidar e agir contra as mudanças climáticas", afirmou Morrison. "Nossas ações vêm tendo os resultados que deveriam ter."

RC/afp/rtr

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