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Fundo Verde do Clima atinge US$ 10 bilhões

10 de dezembro de 2014

Após pressão internacional, Austrália e Bélgica anunciaram doações durante negociações da conferência sobre mudanças climáticas, em Lima. Fundo é destinado a ajudar países mais pobres no combate ao aquecimento global.

Foto: picture-alliance/dpa

O Fundo Verde do Clima atingiu nesta terça-feira (09/12) a meta de arrecadação de 10 bilhões de dólares durante negociações na COP 20, em Lima. Após considerável pressão internacional, a Austrália e a Bélgica anunciaram doações de, respectivamente, 166 milhões de dólares e 64 milhões de euros.

O Fundo Verde do Clima é o principal instrumento financeiro da comunidade internacional para apoiar os países mais pobres na luta contra o aquecimento global. "As contribuições devem aumentar a confiança e inspirar as negociações de um acordo sobre o clima global", disse Athena Ballesteros, do World Resources Institute (WRI), dos Estados Unidos.

A diretora executiva do Fundo Verde do Clima, Hela Cheikhrouhou, comemorou na capital peruana o alcance da marca de 10 bilhões de dólares: "Desta vez, damos um peso real ao financiamento climático." A Alemanha foi o primeiro país a se contribuir para o fundo, prometendo quase 1 bilhão de dólares.

Comprometimento e demandas

Nem todos estão convencidos do comprometimento, por vezes vago, dos países mais ricos. A Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis, sigla em inglês) pediu em Lima "informações confiáveis" sobre o apoio previsto, assim como um relatório anual sobre a verba depositada.

O negociador-chefe dos EUA, Todd Stern, ressaltou que os países doadores estão "a caminho" de cumprir suas promessas para 2020. Cinco anos atrás, eles se comprometeram a disponibilizar anualmente 100 bilhões de dólares para a proteção do clima, a partir de 2020. A quantia deverá incluir também doações privadas.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu à comunidade internacional para repensar radicalmente a luta contra o aquecimento global, pois soluções fragmentadas "não são suficientes". Em Lima, ele afirmou que o objetivo de longo prazo de 100 bilhões de dólares para combater as alterações climáticas não deve só ser alcançado, mas também ultrapassado.

Anúncio de doação por premiê australiano, Tony Abbott:, surpreendeuFoto: picture-alliance/dpa

Em relatório apresentado na sexta-feira, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) apontou que as demandas financeiras dos países em desenvolvimento, no contexto da mudança climática, tendem a ser bem superiores ao que se pensava.

Segundo o estudo, até 2050 essas demandas podem alcançar de 250 bilhões a 500 bilhões de dólares por ano. Mesmo em relação à redução de gases do efeito estufa, as negociações estão sendo difíceis em Lima. Até a próxima sexta-feira transcorrem conversações sobre o quadro para um novo acordo climático global, a ser adotado no próximo ano em Paris.

Surpresa australiana

O anúncio de doação da Austrália, feito pelo primeiro-ministro Tony Abbott em Melbourne, veio como uma surpresa. Não faz muito tempo, o político conservador, conhecido como cético da mudança climática, descartara tal contribuição categoricamente.

"No passado fiz alguns comentários em contrário sobre o tema, mas, dada a evolução nos últimos meses, parece justo e razoável que o governo contribua para o fundo, com uma doação modesta e adequada", justificou Abbott nesta quarta-feira.

Na opinião de analistas, a mudança de opinião do premiê australiano tem menos a ver com consciência ecológica do que com a preocupação a respeito de seu próprio futuro político. Nas últimas semanas, a popularidade do governo Abbott atingiu recordes negativos históricos.

MD/afp/rtr

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