Funeral de George Floyd reúne centenas em Minnesota
5 de junho de 2020
"Tirem o seu joelho dos nossos pescoços", afirma reverendo durante cerimônia. Pelo décimo dia, manifestações antirracismo ocorrem em diversas cidades dos EUA e são predominantemente pacíficas.
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Centenas de pessoas participaram de uma cerimônia fúnebre em Minneapolis, no estado americano de Minnesota, nesta quinta-feira (04/06) em homenagem a George Floyd, homem negro que foi morto quanto estava sob custódia policial. Elas ficaram em silêncio por 8 minutos e 46 segundos, o tempo em que Floyd ficou deitado no chão, tendo o pescoço prensado pelo joelho de um policial branco. Floyd morreu pouco depois, quando era levado para um hospital.
"O que aconteceu com Floyd acontece todos os dias neste país, na educação, no serviço de saúde e em qualquer área da vida nos Estados Unidos. É hora de nos levantarmos em nome de Floyd e dizer: tirem o seu joelho dos nossos pescoços", afirmou o reverendo e ativista pelos direitos civis Al Sharpton durante o funeral.
Na mesma cerimônia, o advogado da família de Floyd, Ben Crump, disse que Floyd foi morto pela "pandemia do racismo e da discriminação". "Não foi a pandemia do novo coronavírus que matou George Floyd, foi a pandemia, muito familiar nos Estados Unidos, do racismo e da discriminação que matou George Floyd", afirmou Crump.
Também no estado de Minnesota, um juiz do tribunal do condado de Hennepin determinou nesta quinta-feira uma fiança de 750 mil dólares aos três policiais que observaram Floyd ser sufocado pelo quarto policial, Derek Chauvin, durante quase nove minutos.
Na noite desta quinta, os protestos pela morte de Floyd nos Estados Unidos foram predominantemente pacíficos, depois de vários dias seguidos de violência e confrontos entre manifestantes e forças de segurança. A mudança reflete a determinação expressada por muitos manifestantes de transformar os protestos num novo movimento em defesa dos direitos dos negros americanos.
Pelo décimo dia, manifestações foram realizadas em dezenas de cidades, incluindo Atlanta, Washington, Denver, Detroit e Los Angeles. Com o fim da violência, várias cidades cancelaram os toques de recolher noturnos.
Amigo afirma que Floyd não resistiu à prisão
Maurice Lester Hall, um amigo de Floyd que estava com ele no carro no momento da detenção, declarou nesta quinta-feira que a vítima não resistiu à prisão efetuada pela polícia de Minneapolis.
"Ele estava tentando desde o início, por humildade, mostrar que não estava resistindo de forma alguma", disse o homem de 42 anos, em uma entrevista ao jornal The New York Times.
Hall, que tem três mandados judiciais por porte de armas de fogo, roubo e porte de drogas, deixou Minneapolis com destino a Houston (Texas), sem prestar depoimento na polícia dois dias após a morte do amigo porque, segundo o jornal, ele teria dado aos agentes um nome falso no dia do incidente.
Ele foi preso na última segunda-feira por agentes do Texas e libertado algumas horas depois, depois de ser interrogado por um policial de Minneapolis que tinha ido ao Texas com o objetivo de falar com ele.
O depoimento do homem poderia servir para identificar outras duas testemunhas importantes, um homem e uma mulher que também estavam no veículo durante a prisão de Floyd, embora Hall diga desconhecer o nome da mulher, segundo o NYT.
George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu, em 25 de maio, depois de Chauvin ter lhe pressionado o pescoço com o joelho durante mais de 8 minutos numa operação de detenção, apesar de a vítima dizer que não conseguia respirar.
Milhares se manifestaram nos Estados Unidos e até no Canadá contra o maltrato sistêmico de negros pela polícia, redundando em confrontações violentas. Trump contribuiu para acirrar os ânimos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Cortez
"Não consigo respirar"
Protestos tensos contra décadas de brutalidade policial perante cidadãos negros se alastraram rapidamente de Minneapolis a outras localidades dos Estados Unidos. As manifestações começaram na cidade do centro-oeste após a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos: em 25/05/2020, um policial o algemou e pressionou o joelho em seu pescoço até ele parar de respirar.
Foto: picture-alliance/newscom/C. Sipkin
De pacífico a violento
No sábado, os protestos foram basicamente pacíficos, mas se tornaram violentos com o avançar da noite. Em Washington, a Guarda Nacional foi mobilizada diante da Casa Branca. Tiroteios no centro de Indianápolis deixaram pelo menos um morto: segundo a polícia, não havia agentes envolvidos. Policiais ficaram feridos em Filadélfia. Em Nova York, dois veículos da polícia avançaram contra uma multidão.
Foto: picture-alliance/ZUMA/J. Mallin
Saques e destruição
Em Los Angeles, manifestantes enfrentaram com brados de "Black Lives Matter!" (Vidas negras importam) os agentes da lei armados de cassetetes e revólveres com balas de borracha. Na cidade, assim como em Atlanta, Nova York, Chicago e Minneapolis, os protestos se transformaram em revoltas de massa, com saques e destruição de estabelecimentos comercias.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Pizello
Provocador de Estado
O então presidente Donald Trump ameaçou enviar militares para abafar os protestos: "Minha administração vai parar a violência de massa, e de uma vez só", anunciou, acirrando as tensões nos EUA. Apesar de ele ter culpado supostos grupos de extrema esquerda pelas agitações, o governador de Minnesota, Tim Walz, citou diversos relatos de que supremacistas brancos estariam incitando o conflito.
Foto: picture-alliance/ZUMA/K. Birmingham
Mídia na mira da polícia
Diversos jornalistas que cobriam os protestos foram atacados por policiais. Na sexta-feira (29/05), o correspondente da CNN Omar Jimenez e sua equipe foram presos em Minneapolis. A polícia local também atirou na direção de Stefan Simons, da DW, quando ele se preparava para transmitir ao vivo, na noite de sábado. Outros repórteres foram alvejados com projéteis ou detidos quando estavam no ar.
Foto: Getty Images/S. Olson
Além das fronteiras
As manifestações chegaram até o Canadá: no sábado milhares marcharam pelas ruas de Vancouver e Toronto. Nesta cidade, os participantes também lembraram a morte da afro-canadense Regis Korchinski-Paquet, de 29 anos, na quarta-feira (27/05), caída da varanda de seu apartamento no 24º andar, onde se encontrava só com policiais.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Shivaani
#GeorgeFloyd
Milhares também desfilaram diante da embaixada dos Estados Unidos em Berlim, manifestando indignação contra o homicídio de Floyd e o racismo sistêmico.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M:.Schreiber
Casa Branca cercada
A Força Nacional fez um cordão de isolamento, no domingo, para proteger a Casa Branca. O presidente Trump chegou a ser levado para um bunker na sede do Executivo, que foi alvo de manifestações por dias.
Foto: Reuters/J. Ernst
Soldados em Washington
Após Trump anunciar o uso de soldados para conter as manifestações, o Pentágono deslocou cerca de 1.600 militares para a área de Washington para apoiar as forças de segurança da capital caso seja necessário, diante dos protestos que marcaram uma semana da morte de Floyd. Na Alemanha, o ministro do Exterior, Heiko Maas, criticou a ameaça de Trump de usar militares armados contra os manifestantes.
Foto: Getty Images/AFP/W. McNamee
Recado de Obama
No dia em que a procuradoria endureceu as acusações contras os quatro policias envolvidos na ação, o ex-presidente dos EUA Barack Obama disse que protestos refletem "mudança de mentalidade" no país e incentivou os jovens a continuar realizando as manifestações. "Espero que (os jovens) sintam esperança, ao mesmo tempo que estão indignados, porque eles têm o poder de mudar as coisas", afirmou.
Foto: Reuters/J. Skipper
Funeral reúne centenas em Minneapolis
Centenas participaram de uma cerimônia fúnebre em homenagem a George Floyd em 04/06. Elas ficaram em silêncio por 8 minutos e 46 segundos, tempo em que Floyd ficou com o pescoço prensado pelo joelho de um policial. "É hora de nos levantarmos em nome de Floyd e dizer: tirem o seu joelho dos nossos pescoços", afirmou o reverendo e ativista pelos direitos civis Al Sharpton (foto) durante o funeral.