"Qualquer pessoa do mundo poderá dizer adeus", convida o porta-voz da família. Ex-boxeador morreu aos 74 anos de choque séptico, após décadas de luta contra doença de Parkinson. Cerimônia será realizada em Louisville.
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O funeral do ex-boxeador americano Muhammad Ali será aberto ao público, informou o porta-voz da família, Bob Gunnell, neste sábado (04/06). O cerimonial será realizado na próxima sexta-feira na cidade natal do atleta, Louisville, Kentucky, nos Estados Unidos.
Lenda do boxe, conhecido como "o maior" e considerado um dos principais esportistas dos últimos tempos, Ali morreu na sexta-feira aos 74 anos, após décadas lutando contra a doença de Parkinson. Oficialmente, a morte decorreu de um choque séptico, por causas naturais não especificadas.
A filha do atleta, Hana Ali, informou no Twitter que o coração de seu pai continuou batendo por 30 minutos mesmo depois de os outros órgãos pararem. Ali havia sido hospitalizado por complicações respiratórias poucos dias atrás no Arizona, onde morava com a esposa.
O funeral, planejado pelo próprio boxeador anos atrás, contará com um cortejo público e uma cerimônia fúnebre. A homenagem foi organizada para "permitir que qualquer pessoa do mundo possa dizer adeus" ao esportista, disse Gunnell em pronunciamento à imprensa.
Neste domingo, os familiares da Ali acompanharão a transferência do corpo de Scottsdale, no Arizona, para Louisville. Na quinta-feira será realizado um funeral familiar privado e, no dia seguinte, o caixão será carregado pelas principais ruas da cidade, incluindo uma avenida que leva seu nome.
Ao final, haverá uma cerimônia pública numa arena de esportes de Louisville, com a presença de personalidades como o ex-presidente Bill Clinton, o comediante Billy Crystal e o jornalista esportivo Bryant Gumbel. A cerimônia seguirá a tradição muçulmana, mas incluirá representantes de outras religiões. O corpo do ex-boxeador será enterrado no cemitério de Cave Hill, também em Louisville.
"Muhammad Ali foi claramente campeão do povo, e a celebração refletirá sua devoção a gente de todas as raças, religiões e origens", declarou o porta-voz da família. "Ele foi um cidadão do mundo e gostaria que gente de todos os tipos pudesse participar de seu funeral."
Neste sábado, a cidade de Louisville colocou bandeiras a meio mastro, enquanto fãs rodeiam a modesta casa onde o atleta passou a infância, hoje transformada em museu. Colegas do esporte, políticos e celebridades, do presidente Barack Obama e Pelé a Madonna e Mike Tyson, lhe prestaram homenagens.
Cassius Marcellus Clay Jr nasceu em 17 de janeiro de 1942. Aos 18 anos, sagrou-se campeão olímpico da categoria meio-pesado em Roma, e mais tarde tornou-se tricampeão mundial dos pesos-pesados. Mudou de nome nos anos 1960, ao se converter ao islã. Ativista dos direitos humanos e contra o racismo, o atleta se tornou uma das figuras mais icônicas do último século.
EK/afp/ap/lusa
40 anos da luta histórica Ali x Foreman
Em 30 de outubro de 1974, Muhammad Ali venceu o campeão mundial George Foreman e recuperou o título dos pesos pesados. O duelo, conhecido como "Rumble in the Jungle" (“luta na selva”), entrou para a história do esporte.
Foto: Getty Images/Stewart Cook
Duelo de gigantes
Foi a maior luta de boxe de todos os tempos: em 30 de outubro de 1974, em Kinshasa, capital do antigo Zaire (hoje República Democrática do Congo), os pesos pesados George Foreman (à esquerda) e o ex-campeão Muhammad Ali subiram no ringue. A luta ficou conhecida como "Rumble in the Jungle" ("luta na selva") e tornou-se uma lenda do esporte.
Foto: imago/UPI Photo
Grande momento para a África
O duelo no Estádio Nacional de Kinshasa, capital do Zaire – hoje República Democrática do Congo –, foi transmitido na mídia mundial e foi o maior evento esportivo realizado continente africano da época. O promotor de boxe Don King organizou a luta junto com o ditador do país, Mobutu, que esperava usá-la para promover o Zaire.
Foto: AFP/Getty Images
Semana de expectativa
Os dois lutadores e uma grande comitiva de funcionários de apoio, autoridades e jornalistas passaram semanas no Zaire depois de uma lesão de George Foreman fazer com que o duelo fosse adiado em um mês. O então campeão do mundo havia sofrido um corte na sobrancelha, que tinha de cicatrizar antes de ele entrar no ringue.
Foto: AFP/Getty Images
“Ali, mate-o”
Muhammed Ali conquistou o povo do Zaire, sendo celebrado como herói. Já Foreman era odiado por aparecer com um pastor alemão, como faziam as forças de ocupação belgas no Congo. "Ali bome ye! (Ali, mate-o)", gritavam os fãs.
Foto: AFP/Getty Images
Ali, o azarão
Antes da luta, nenhum dos especialistas acreditava que Ali tinha alguma chance de ganhar. Após sair invicto de 40 lutas, Foreman parecia ser forte demais. Mas as táticas de Ali se mostraram eficazes: ele se apoiou nas cordas, e, inclinando-se para trás, conseguiu se esquivar dos socos selvagens de Foreman.
Foto: AFP/Getty Images
"Pode vir!"
Outra parte da estratégia de Ali era insultar Foreman: "Pode vir! Você não consegue bater com mais força?", dizia. A série de socos recebida, aparentemente interminável, não parecia perturbá-lo.
Foto: AFP/Getty Images
Um campeão cansado
O confronto decisivo veio no oitavo round, quando Foreman começou a se cansar. Com uma rápida combinação de socos na cabeça, Ali levou o então campeão mundial ao chão. Quando Foreman finalmente conseguiu se levantar, mais de dez segundos haviam passado, e, portanto, a luta chegava ao fim.
Foto: AP
Perdedor com dignidade
O campeão do mundo foi derrotado, mas provou ter espírito esportivo: "Muhammad ganhou de forma justa e honesta, e estou orgulhoso por fazer parte da lenda de Ali", disse Foreman.
Foto: imago/UPI Photo
De volta ao topo
Para Ali, a "Rumble in the Jungle" ("luta na selva") significou o retorno ao trono. Sete anos depois de ter se recusado a lutar no Vietnã e, em seguida, perdido seu título mundial, ele estava de volta ao topo – e, até hoje, é considerado "o maior de todos os tempos".
Foto: AFP/Getty Images
Respeito mútuo
Por mais difícil que tenha sido o encontro entre Ali e Foreman no ringue, mais tarde, eles se deram muito bem e, eventualmente, fizeram algumas aparições juntos. Uma das ocasiões foi na entrega do Oscar de 1997, quando o Parkinson de Ali já era evidente.