Fusão nuclear e a esperança de um futuro com energia limpa
14 de dezembro de 2022
Pela 1ª vez, cientistas criam reação que produz mais energia do a que foi necessária para gerá-la. Inovação poderá viabilizar fontes energéticas livre de CO2, além de pôr fim à dependência nos combustíveis fósseis.
Anúncio
O enorme avanço em pesquisas sobre fusão nuclear, anunciado nesta terça-feira (13/12) em Washington, era aguardado há décadas, até os cientistas conseguirem pela primeira vez, na semana passada, criar uma reação que produz mais energia do que foi necessário para gerá-la.
A esperança é que essa inovação viabilize no futuro fontes de energia limpa e quase ilimitada que possam pôr fim à nossa dependência nos combustíveis fósseis.
Com a utilização de lasers poderosos para concentrar enorme quantidade de energia em uma cápsula em miniatura, os cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Livermore na Califórnia, deram início a uma reação que gerou 1,5 mais energia do que a contida na luz utilizada para produzi-la.
A reação da fusão nuclear é o que gera a energia do Sol e de outras estrelas. Ela ocorre quando dois núcleos de fundem para formar um núcleo único e mais pesado. Uma vez que a massa total de um núcleo único é menor do que a de dois núcleos, a massa restante é a energia que é liberada através desse processo.
Os cientistas já compreendem há um bom tempo como funciona a fusão nuclear e vêm tentando duplicar esse processo desde os anos 1930. Os esforços atuais se baseiam na fusão de um par de isótopos de hidrogênio – deutério e trítio – cuja combinação libera mais energia do que a maioria das reações de fusão, uma vez que requer menos calor.
Anúncio
Fonte quase ilimitada de energia
Se for possível coletá-la, seria possível produzir energia quase ilimitada e livre de carbono para abastecer as necessidades humanas sem resultar no aumento das temperaturas globais e no agravamento das mudanças climáticas. Além disso, a fusão nuclear também tem a vantagem de não produzir dejetos radioativos.
Será necessário ainda aguardar algumas décadas até que a fusão nuclear possa ser utilizada para produzir eletricidade no mundo real. Mas, a perspectiva gerada por esse avanço não deixa de ser atraente.
Marvin Adams, vice-diretor para programas de Defesa da Administração Nacional de Segurança Nuclear dos Estados Unidos, explicou que "o combustível de fusão nuclear na cápsula foi comprimido e as reações de fusão começaram".
"Isso já aconteceu 100 vezes antes, mas, na semana passada, pela primeira vez essa experiência foi projetada para que o combustível de fusão permanecesse quente, denso e arredondado tempo suficiente até que entrasse em ignição". "E isso produziu mais energia o que os lasers haviam depositado", concluiu.
"A ignição nos permite replicar pela primeira vez certas condições que são encontradas apenas nas estrelas e no Sol", afirmou a secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm. "Esse marco nos deixa um grande passo mais próximos de termos energia de fusão com zero carbono abastecendo nossa sociedade:"
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que o avanço científico é um bom exemplo da necessidade de se investir em pesquisa e desenvolvimento. "Há muitas boas notícias no horizonte", comemorou o americano.
rc (Reuters, AP)
Dez fontes inusitadas de energia
As reservas de combustíveis fósseis são limitadas e milhões de toneladas de dejetos vão para o lixo a cada dia. Seja com urina, escamas de peixe e até azeitonas, confira dez formas criativas de gerar energia sustentável.
Foto: Wattway/COLAS/Joachim Bertrand
Urina e excrementos
Nossas necessidades fisiológicas podem ter utilidade, em vez de serem descartadas pela descarga. Pesquisadores investigam como usar urina e outros excrementos humanos para gerar eletricidade. Em locais inóspitos, por exemplo em campos de refugiados, isso resolveria problemas de saneamento. Apesar da associação negativa, nossos resíduos corporais algum dia talvez possam ser nossos aliados.
Foto: Imago
Cultivo de algas
A ideia ainda está engatinhando e precisa de pesquisas mais aprofundadas, mas cultivar microalgas pode ser uma solução para fabricar biocombustíveis de forma eficiente e sustentável. Elas são capazes de transformar luz solar e dióxido de carbono em etanol. Mas, mesmo sob condições ideais, a quantidade de energia gerada é ainda muito pequena.
Foto: picture-alliance/dpa/MAXPPP
Quando o vento é fraco
Uma película flexível e superleve que capta energia de ventos suaves. Sua inventora, a sul-africana Charlotte Slingsby, a batizou Moya. A cortina de plástico pode ser instalada em construções já existentes sem exigir reformas caras, nem áreas exclusivas e sem fazer mal a pássaros ou morcegos, como pode ocorrer com grandes turbinas de vento.
Foto: Charlotte Slingsby
Carvão de casca de coco
Lenha ainda é a principal fonte de energia em várias partes do mundo. Cascas de coco podem ser uma alternativa sustentável em países como o Quênia e Camboja, onde gerenciar os resíduos do fruto ainda é um grande problema. Em comparação com o carvão tradicional, ela queima por mais tempo, é mais barata e dispensa o corte de árvores.
Foto: Imago/fotoimedia
Escamas e espinhas de peixe
A indústria de transformação de peixe gera diariamente montanhas de resíduos. Embora as espinhas, escamas e as vísceras oleosas de toneladas de peixes não sejam úteis para o mercado, podem ser usadas para produzir biocombustível. Brasil, Honduras e Vietnã já fazem experiências com essa fonte de energia, mas dificuldades financeiras podem atrapalhar as pesquisas.
Foto: AP
Turbinas de vento camufladas
Imitar a natureza para gerar eletricidade foi a fórmula francesa que levou à árvore de vento. Jerome Michaud-Lariviere, responsável pelo conceito, inspirou-se nas folhas de árvores agitadas pela brisa. A estrutura criada por ele tem 72 miniturbinas no lugar das folhas e produz energia para abastecer 15 semáforos, carregar um carro elétrico ou iluminar uma residência pequena.
Foto: NewWind
Movimento do corpo
Imagine aproveitar cada passo que você dá para acender luzes ou carregar dispositivos eletrônicos. Este é o conceito por trás de superfícies inteligentes localizadas sob pistas de dança, campos de futebol e estações de metrô pelo mundo. A energia obtida pode ser usada nas proximidades. Taí uma boa desculpa para manter o corpo em ação!
Foto: Daan Roosegaarde
Azeitonas viram biocombustível
Parte fundamental da culinária mediterrânea, o azeite de oliva é feito da azeitona. A produção gera quatro vezes o peso do produto final em rejeitos. Uma vez esmagadas para que o óleo seja extraído, as sobras que iriam para o lixo ainda podem ser usadas para fazer biocombustível. O projeto Phenolive gera eletricidade e calor, aproveitando completamente o fruto.
Foto: Fotolia/hiphoto39
Resíduos da plantação de mostarda
A falta de recursos estimula as pessoas a serem criativas na busca de alternativas. Sobras de colheitas são um problema para descartar, mas podem dar origem a boas soluções. Incinerar caules e folhas de plantações de mostarda, por exemplo, rende eletricidade para milhares de casas na área rural e as cinzas ainda podem ser usadas como fertilizante.
Foto: DW
Rodovias e ciclovias solares
Nem asfalto, nem concreto. Painéis fotovoltaicos feitos de uma resina que comporta bicicletas a caminhões podem pavimentar a rua do futuro. Com lâmpadas LED para criar sinalização sem tinta e aquecimento para prevenir acúmulo de gelo, as rodovias que captam energia solar estão nos planos da França. Em cinco anos, o país pretende construir painéis solares fotovoltaicos ao longo de suas rodovias.