Futebol alemão desce do pedestal na Liga dos Campeões
Daniel Martínez (md)20 de março de 2015
Dois anos após uma final puramente germânica no mais importante torneio de clubes do mundo, Bundesliga tem três times eliminados, levando apenas o Bayern às quartas de final. Espanhóis voltam a mostrar superioridade.
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Faz apenas dois anos que a Bundesliga celebrou com grande pompa, no estádio de Wembley, a cerimônia de confirmação de que seus clubes de futebol tinham alcançado o topo do futebol internacional. A final da Liga dos Campeões de 2013, entre Bayern de Munique e Dortmund, sugeria que a Alemanha se tornaria protagonista do futebol europeu nos anos seguintes.
No entanto, a Bundesliga não chegou ao topo para ficar. O fim das oitavas de final da Liga dos Campeões deste ano indica que os clubes alemães, com exceção do Bayern, ainda têm um longo caminho a percorrer para alcançar o objetivo de serem considerados aspirantes frequentes ao título do principal campeonato de clubes do mundo.
A eliminação de três das quatro equipes alemãs que estavam na competição acabou sendo um reflexo da vantagem da espanhola Primera División frente à Bundesliga, a primeira divisão do futebol alemão. Enquanto isso, outros grandes torneios na Europa conseguiram encurtar a vantagem que havia crescido nos últimos anos em favor dos alemães.
Recuperação italiana
A Serie A italiana conseguiu nesta temporada se redimir do fracasso da passada, quando não classificou um representante sequer para as quartas de final. A clara vitória da Juventus sobre o Borussia Dortmund, vice-campeão da Bundesliga, foi o equivalente a um golpe de misericórdia no time do técnico Jürgen Klopp, agora mergulhado no cenário internacional na mesma crise que enfrenta atualmente no torneio alemão.
Os italianos deram o empurrão final no Borussia. Agora caído tanto dentro como fora da Alemanha, o clube terá que entrar num processo de renovação, que irá mantê-lo longe da Liga dos Campeões por algum tempo. Tanto a italiana Serie A, com a Juventus carregando sua bandeira, como a portuguesa Primeira Liga, com o Porto, estão no mesmo nível da Bundesliga – cada uma das três com uma equipe nas quartas de final da Liga dos Campeões.
Neste ano, os franceses estão se saindo ainda melhor que os alemães. Classificaram-se para a próxima rodada o Paris Saint-Germain e o Mônaco, clubes que eliminaram o Chelsea e o Arsenal, da Premiere League. Os ingleses que, pelo segundo ano consecutivo saem precocemente da luta pelo título da Liga dos Campeões, podem perder, no fim da temporada, também o segundo lugar que ocupam na classificação quinquenal da UEFA, que passaria às mãos dos alemães.
Superioridade da Espanha
As competições europeias voltaram a demonstrar a superioridade do futebol espanhol sobre o alemão. Os atuais campeão e vice-campeão da Liga dos Campeões – Real Madrid e Atlético de Madrid, respectivamente – estão novamente entre os candidatos ao título, assim como o Barcelona, que eliminou o campeão inglês, Manchester City.
A Primera División, como já é quase de praxe, tem três equipes nas quartas de final da Liga dos Campeões, algo que a Alemanha não conseguiu no passado recente. Os espanhóis não só superaram clubes da Bundesliga na principal competição europeia, mas nesta temporada também foram um grande obstáculo na Liga Europa, em que o Gladbach foi despachado pelo Sevilla, que impôs duas derrotas aos alemães. No torneio, o futebol germânico tem agora apenas o Wolfsburg como representante.
As promessas do futebol alemão
A seleção sub-19 da Alemanha também convenceu e conquistou a Eurocopa da categoria, na Hungria. Quem será o próximo Bastian Schweinsteiger ou Mario Götze?
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O artilheiro
O atacante David Selke, do Werder Bremen, chamou a atenção na Eurocopa Sub-19. Ao abrir o marcador na semifinal contra a Áustria, Selke se consolidou na liderança da artilharia do torneio, com seis gols marcados. Na Bundesliga, o jovem de 19 anos de idade atuou em três partidas, mas ainda não balançou as redes. Já na seleção sub-19 alemã, Selke possui a incrível marca de 14 gols em 15 jogos.
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A segunda tentativa
Marc Stendera (e), do Eintracht Frankfurt, passou por um longo período de sofrimento. Por meses, o talentoso meio-campista ficou afastado dos gramados devido ao rompimento do ligamento cruzado do joelho direito. Na Eurocopa Sub-19, Stendera mostrou que está plenamente recuperado e torce agora por uma temporada livre de lesões na Bundesliga.
Foto: FERENC ISZA/AFP/Getty Images
O neto de uma lenda
Na temporada passada, Levin Öztunali trocou o Hamburgo pelo Bayer Leverkusen. Na equipe da multinacional do setor químico, o meia participou de nove jogos na Bundesliga. Na Eurocopa Sub-19, Öztunali foi uma das peças fundamentais para a conquista do título. Talvez a resposta esteja nos genes – Öztunali é neto do lendário atacante Uwe Seeler, vice-campeão da Copa do Mundo de 1966.
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O autor do gol do título
A Alemanha conquistou o título europeu sub-19 graças a Hany Mukhtar. O seu gol, aos 39 minutos do primeiro tempo, determinou a vitória por 1 a 0 contra a seleção de Portugal, na final disputada em Budapeste. O meio-campista de descendência sudanesa atua pelo Hertha Berlim e já possui dez participações em jogos do time principal.
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O sonho do capitão
Niklas Stark, do Nürnberg, não é apenas o capitão da seleção como também o organizador da equipe: o zagueiro é responsável pela estabilidade defensiva. Há dois anos, Stark esteve presente quando a seleção alemã perdeu a final da Eurocopa Sub-17, nos pênaltis, para a Holanda. Desta vez, em Budapeste, realizou o sonho de ser campeão europeu.
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A muralha
O goleiro Oliver Schnitzler, que joga pelo VfR Aalen, da segunda divisão da Bundesliga, sofreu apenas dois gols em todo a competição. Na final, Schnitzler evitou o empate de Portugal, aos 23 minutos do segundo tempo, quando venceu o duelo de um contra um com o atacante brasileiro, mas naturalizado português, Marcos Lopes.
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O especialista da defesa
Com 19 anos, Kevin Akpoguma pulou na temporada passada do time reserva para o elenco profissional do Hoffenheim. O lateral-direito também esteve em campo na final perdida para a Holanda na Eurocopa Sub-17, dois anos atrás. Agora Akpoguma volta para o Hoffenheim como campeão europeu e na espera de conseguir a sua primeira participação na Bundesliga.
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Da 3ª divisão ao título europeu
Joshua Kimmich acabou de subir com o RB Leipzig para a 2ª divisão da Bundesliga no final da temporada passada e, de quebra, se tornou campeão europeu sub-19. O volante foi formado na categorias de base do Stuttgart. Agora Kimmich atua em Leipzig, numa equipe financiada por uma empresa produtora de bebidas energéticas, e quer dar o passo seguinte: novo acesso e jogar na primeira divisão.
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Até a Juventus está de olho
Marc-Oliver Kempf (d.) já pôde acumular a experiência de cinco atuações na Bundesliga. Agora Kempf pretende jogar com mais regularidade na elite do futebol alemão. Por isso, o zagueiro optou por deixar o Eintracht Frankfurt e atuar pelo Freiburg na nova temporada. No início da temporada anterior, Kempf recusou uma oferta da poderosa Juventus, da Itália.
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A promessa
Julian Brandt é tido como um dos maiores talentos no futebol da Alemanha. Em 12 participações na Bundesliga, o meio-campista do Bayer Leverkusen já anotou dois gols. Até na Liga dos Campeões Brandt já somou alguns minutos em campo. Com apenas 18 anos, o valor de mercado dele já está avaliado em 5 milhões de euros.