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Gênio e loucura

8 de junho de 2010

Zwickau, Leipzig, Dresden e Düsseldorf são estações da vida do compositor, que acabou em um manicômio perto de Bonn. No bicentenário de seu nascimento, as cidades pelas quais passou relembram esse autor romântico.

Robert SchumannFoto: ullstein bild

Robert Alexander Schumann nasceu em 8 de junho de 1810 em Zwickau, na Saxônia. Dotado de um duplo talento, literário e musical, ele deixou uma obra abrangente, que inclui desde canções e miniaturas para piano até óperas e sinfonias. Além disso, trabalhou como crítico, professor e regente. O outro lado dessa capacidade criativa, no entanto, era uma personalidade marcada pela doença e pela depressão.

Edição das 'Novelletten' para pianoFoto: PA/dpa

Schumann demorou para se decidir entre a literatura e a música. Do pai herdou o amor pelas letras, e consta que sua mãe era extremamente musical. Aos 7 anos tomou as primeiras aulas de piano e escreveu suas primeiras composições, mas também redações, poesias e fragmentos de romances. Como logo já tocava melhor que seu professor, resolveu continuar os estudos de piano como autodidata.

Originalmente destinado à carreira jurídica, ele deixou sua cidade natal para estudar Direito em Leipzig. Porém lá a vida tomou um rumo imprevisto: Robert começou a estudar composição e fundou, juntamente com o professor de piano Friedrich Wieck, a revista Neue Zeitschrift für Musik, existente até hoje.

Casamento inspirador

O jovem músico também conheceu a filha de Wieck, a jovem pianista Clara, fato que não agradou em absoluto ao ambicioso pai. Com todos os meios à sua disposição, ele tentou impedir essa ligação. Os dois conseguiram, porém, vencê-lo após longa batalha judicial, casando-se em 1840, quando Clara completou 21 anos.

Robert e Clara SchumannFoto: PA/dpa

O casal viveu quatro anos em Leipzig e os primeiros tempos de matrimônio foram inspiradores para Schumann: logo brotaram de sua pena diversos ciclos de canções, quartetos de cordas, peças pianísticas, as primeiras sinfonias, o Concerto para piano em lá menor, o oratório Das Paradies und die Peri. Ele foi nomeado doutor honoris causa da Universidade de Jena e conseguiu se lançar como compositor.

A popularidade de sua música era, todavia, restrita: Ludwig van Beethoven, Felix Mendelssohn e Frédéric Chopin correspondiam bem mais ao gosto da época. Mesmo a esposa Clara executava suas obras, no máximo, como "bis" em seus concertos. Uma humilhação agravada pelo fato de que, mesmo durante suas turnês, ele era frequentemente reconhecido apenas como o marido da afamada virtuose.

Assim, a convocação como diretor musical da cidade de Düsseldorf chegou como um fio de esperança para o compositor.

Decepção renana

Peça da Coleção Schumann, do Instituto Heinrich HeineFoto: Heinrich-Heine-Institut Düsseldorf

No entanto, o entusiasmo inicial dos Schumann pela Renânia logo se desfez. Robert não se adaptou às pressões do cargo, os sintomas de depressão e alucinações se tornaram cada vez mais graves. Frequentemente ele passava noites em claro, queixando-se das peças musicais inteiras que lhe retumbavam na cabeça. Apesar de tudo, um terço de sua obra foi composta durante os quatro anos vividos em Düsseldorf, inclusive os concertos para violino e para violoncelo, a Missa opus 147 e o Réquiem.

Com a visita do jovem Johannes Brahms aos Schumann, nasceu uma amizade profunda e duradoura. Robert afundava, contudo, cada vez mais num estado de confusão mental. Em 27 de fevereiro de 1854, atirou-se no Rio Reno. Foi salvo, mas passou seus dois últimos anos de vida num asilo para doentes mentais em Endenich, próximo a Bonn.

Em comemoração ao bicentenário de Robert Schumann estão programados numerosos eventos nas diferentes estações de sua vida, na Alemanha. Em Zwickau, ele é relembrado com uma série de concertos e um concurso pianístico. Leipzig e Dresden lhe dedicam diversos concertos e exposições. E o Instituto Heinrich Heine, de Düsseldorf, exibe tesouros selecionados de sua Coleção Schumann.

Autor: Gudrun Stegen / Augusto Valente
Revisão: Soraia Vilela

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