G20
14 de dezembro de 2009Tudo começou como uma espécie de gesto simpático das grandes nações industrializadas em relação aos países emergentes. A cúpula econômica mundial de Colônia, em junho de 1999, recomendou que os ministros das Finanças e diretores dos bancos centrais dos principais países industrializados e das nações emergentes se encontrassem regularmente para reuniões informais. Poucos meses depois, em dezembro do mesmo ano, era realizado o primeiro encontro do G20 em Berlim.
Ideia que deu certo
"Até então, tínhamos uma economia e um sistema econômico mundiais que eram, em grande parte, estruturados pelos países do G8. Os países emergentes e em desenvolvimento eram bastante mal organizados. Eram um grande clube, mas com uma influência relativamente pequena", lembra Dirk Messner, diretor do Instituto Alemão para Política de Desenvolvimento.
A partir daquele momento, recorda Messner, no contexto do G20, países emergentes como a China, a Índia e o Brasil passaram a ter um peso econômico e político maior no cenário internacional.
O grupo inclui ministros das Finanças e diretores dos bancos centrais de 19 países. Além dos membros do G7, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Japão, Canadá e os EUA e da Rússia, integrante do G8, passaram a integrar o grupo Argentina, Austrália, Brasil, China, Índia, Indonésia, Coreia do Sul, México, Arábia Saudita, África do Sul e Turquia. A UE é o vigésimo membro, representada pelo seu presidente rotativo de seu Conselho. Além disso, participam sempre das reuniões do G20 representantes do Bando Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Esse grêmio representa cerca de 90% do produto social mundial, 80% do comércio internacional, assim como dois terços da população mundial. "O G20 reflete as mudanças inacreditáveis ocorridas na economia mundial na última década. Há 15 anos, a China era um ator econômico não muito mais importante que a Bélgica. Hoje, a participação da China no comércio mundial é enorme", ressalta Messner.
História pouco espetacular
A maior parte da história do G20 correu de forma pouco espetacular. As reuniões informais em nível ministerial tratavam de questões econômicas internacionais genéricas, sem pouca repercussão pública. A ascensão meteórica do grupo ocorreu pouco antes do nono aniversário de sua fundação, com o colapso do banco de investimento americano Lehman Brothers.
"O G20 ganhou, com a crise financeira, uma importância muito distinta, substituindo efetivamente o G8 e se tornando um grêmio de decisão determinante na economia mundial", explica Messner. O especialista qualifica esse momento como um marco histórico. "Foi uma verdadeira revolução internacional, porque, até o ano passado, o G8 funcionava como uma central de comando de toda a economia mundial e seus membros se sentiam como os capitães da economia mundial. Agora, isso está nas mãos tanto dos países industrializados quanto dos emergentes", afirma Meissner.
Curiosamente, de certa forma, o G20 só se tornou o que é hoje devido a seu próprio fracasso. Na verdade, a crise só começou porque os países do G20 não conseguiram realizar uma de suas mais importantes metas, que era proporcionar ao mercado financeiro um sistema de regulação estável.
Dez anos depois de sua fundação, o G20 se tornou mais poderoso do que o G8 jamais foi. O G8 era um clube relativamente pequeno, situado no lado oposto aos países em desenvolvimento e emergentes, liderados por China, Índia e Brasil.
Hoje, os grandes países em desenvolvimento se tornaram parte deste conglomerado de poder do G20. E pode ser que aqueles que não estão nesse grupo ganhem logo o sentimento de que não podem exercer influência alguma. Não por acaso, desde que o G20 passou a existir, foi cunhada também a expressão G172, usada para designar todos os países que não fazem parte do G20, ou seja, o resto do mundo.
Autor: Klaus Ulrich
Revisão: Soraia Vilela