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G7 se compromete com proteção climática

Henrik Böhme, de Elmau (av)8 de junho de 2015

Ponto alto da cúpula na Baviera é o compromisso com o fim da era do petróleo ainda neste século. Claro sinal à conferência do clima em Paris é bem recebido por ambientalistas.

Merkel conversa com o presidente dos EUA, Barack Obama, durante o encontro do G7 no sul da AlemanhaFoto: Reuters/M. Kappeler

Os problemas do mundo resumidos em 21 páginas: é essa a impressão que deixa a declaração final do encontro das sete principais potências industriais do Ocidente no Castelo Elmau, nos Alpes Bávaros, encerrado nesta segunda-feira (08/06). A gama temática do documento abarca desde a situação da economia mundial até a luta contra o terrorismo internacional, passando pela cooperação para o desenvolvimento, a crise na Ucrânia e a mudança climática global.

No tocante a este ponto, a anfitriã da conferência de cúpula, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, conseguiu arrancar dos participantes um comprometimento explícito com a assim chamada "meta dos 2 graus".

Os países do G7 se comprometeram a encerrar a era dos combustíveis fósseis ainda neste século, a fim de limitar o aquecimento do clima terrestre a um máximo de dois graus centígrados em relação à época pré-industrial. Essa meta já fora decidida na cúpula do clima de 2009, em Copenhague, mas a implementação anda devagar.

Agora as grandes nações industriais se dispõem a dar o bom exemplo, também para promover o sucesso da Conferência do Clima de Paris, em dezembro, onde, depois de numerosas tentativas frustradas, pretende-se aprovar um novo acordo climático mundial.

Na coletiva de imprensa na Baviera, Merkel disse estar claro que, para isso, serão necessários cortes profundos nas emissões de gases estufa em todo o mundo, "E por isso nos comprometemos a uma descarbonização da economia mundial no decorrer deste século."

Para tal, serão tomadas como base as recomendações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que prescrevem uma redução das emissões entre 40% e 70% até 2050, em relação a 2010. "E nós precisamos nos mover nas percentagens mais altas dessas recomendações", ressaltou a chefe de governo da Alemanha.

Ao final do encontro, líderes posam para a tradicional fotoFoto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

Otimismo de ambientalistas

Essa posição surpreendentemente clara foi saudada por organizações ambientalistas. O WWF falou de "bons ventos para o debate climático"; a Oxfam, de "um passo adiante".

Também Christoph Bals, da Germanwatch, que há muitos anos acompanha as negociações para um novo acordo climático, manifestou otimismo. "Em resumo, isso significa que o G7 colocou o abandono das energias de origem fóssil na agenda global. Isso vai codeterminar de forma decisiva as negociações sobre o tratado do clima de Paris."

Obviamente que o documento de Elmau é apenas uma declaração de intenções: o teste de credibilidade virá a seguir. "Para a Sra. Merkel, ele vem já nos próximos dias, quando se tratar de elaborar as resoluções para reduzir sensivelmente o uso do carvão na Alemanha", observa Bals. Para os demais líderes, o teste virá no mais tardar durante as próximas negociações climáticas. "Mas [a declaração] é um bom ponto de partida."

Padrões sociais globais no trabalho

A chanceler alemã procurou emitir um sinal também eloquente em relação a um outro tema, ao insistir em que se adotem padrões sociais de validade global nas cadeias de fornecimento de bens e mercadorias. Como declarara já antes da cúpula, trata-se de uma questão de responsabilidade, já que, incluído o comércio interno europeu, os países do G7 representam a metade do comércio mundial.

"Todos nós temos diante dos olhos as terríveis imagens do Rana Plaza, em Bangladesh", disse Merkel, referindo-se ao desmoronamento de um edifício comercial que matou mais de mil pessoas e feriu 2 mil, em maio de 2013. Ela se declarou feliz por terem sido "finalmente" liberados 30 milhões de dólares para os familiares da vítimas, em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Além disso, o G7 anunciou a criação do Vision Zero Fonds, que apoiará quem se prontificar a respeitar determinados padrões sociais. Nesse ponto, críticos como Jörn Kalinski, da Oxfam, condenam a falta de vinculatividade.

"Não tivemos experiências muito boas com iniciativas que dependem da livre vontade do empresariado", afirmou. Por isso é necessário que haja uma regulamentação legal a longo prazo. "Não no sentido do estrangulamento, como se costuma interpretar erradamente, mas no sentido de um quadro básico, criando condições iguais para todas as empresas."

Manifestantes anti-G7 voltam para casaFoto: Getty Images/J. Simon

Pouco tempo para os "vilões"

O G7 – de que a Rússia já fez parte – também enviou um claro sinal de coesão em direção a Moscou: caso seja necessário, há disposição para endurecer as sanções motivadas pela crise na Ucrânia. Uma eventual suspensão está vinculada à aplicação do Acordo de Minsk. De resto, segundo Merkel, não se falou mais sobre a Rússia do que sobre outros focos de conflito.

Também sobre o impasse entre o governo da Grécia e seus credores – Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu e Comissão Europeia – não se discutiu muito no Castelo Elmau. Durante a coletiva de imprensa ao fim da cúpula de dois dias, Merkel se limitou a enfatizar que o prazo para um acerto entre Atenas e os credores internacionais está se esgotando.

A próxima data para uma conversa com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, será esta quarta-feira, à margem da conferência de cúpula entre a União Europeia e a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) em Bruxelas. Aí espera-se que o chefe de governo traga novas sugestões sobre como resolver a crise da dívida de seu país.

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