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G8 ou G20?

7 de julho de 2009

A cúpula do G8 em Áquila é acompanhada pela constatação de que essa formação não é a resposta à atual crise global. Opinião até mesmo da premiê alemã. Será a alternativa o G20, que inclui o Brasil e outros emergentes?

Encontro em Áquila é controvertidoFoto: AP

As relações de poder no mundo se alteraram dramaticamente nos últimos anos. Brasil, China e Índia ascenderam ao patamar das principais nações industrializadas. Como um catalisador, a crise financeira acelerou a passagem para um mundo multipolar. Tudo indica ter chegado a hora final do grupo das principais potências industriais (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido) e Rússia – o G8 – na forma como existiu até agora.

Declaração surpreendente

Parece ser um fato consumado: o exclusivo clube dos países do G8 não pode resolver sozinho os problemas do mundo. As assim chamadas nações emergentes tomaram a dianteira, sem elas nada mais anda. O melhor exemplo disso foram as últimas cúpulas financeiras.

Tanto em novembro de 2008 em Washington, como em abril de 2009 em Londres, o encontro ocorreu no contexto do G20, ou seja: o G8, o G5 – formado por Brasil, África do Sul, China, Índia e México – e alguns outros países, como a Argentina, Arábia Saudita, Austrália, Coreia do Sul, Indonésia e Turquia. A partir desta quarta-feira (08/07) a cúpula do G8 estará reunida na cidade de Áquila, Itália.

Foi justamente a chanceler federal alemã, Angela Merkel, a anunciar a morte do Grupo dos Oito em sua atual forma: "O G8 nasceu de uma crise. As mais importantes nações industrializadas se uniram na criação de um fórum onde se pudesse falar do futuro da economia mundial. A cúpula em Áquila deixará claro que o formato do G8 não é mais suficiente. O mundo cresce e se aglutina. Os problemas diante dos quais nos encontramos não podem mais ser solucionados apenas pelos países industrializados".

Crias da crise

Em abril de 2009, cidade palco da cúpula do G8 foi destruída por terremotoFoto: AP

Uma declaração surpreendente, ainda mais partindo de uma política que sempre se opusera à ampliação do G8 com a inclusão das grandes nações emergentes. Como uma espécie de compensação, dois anos atrás, quando a Alemanha presidia o clube, Merkel criara o chamado Processo de Heiligendamm. Seu fim era institucionalizar os encontros com os emergentes, há anos realizados à margem das cúpulas do G8.

Porém agora a crise financeira e econômica funciona como um catalisador, da mesma forma que a crise do petróleo na década de 1970, quando foram lançadas as bases para o atual G8.

Também o G20 teve sua origem numa crise: ele foi fundado há dez anos, quando as economias da Ásia e da América Latina se encontravam abaladas. E precisamente devido à atual crise, o grupo teve agora sua significância francamente elevada.

Corrida para a salvação

Começa, portanto, uma corrida econômica: que grupo será capaz de salvar o mundo? O G8, isto parece claro, não o conseguirá sozinho – muito embora as causas da crise econômica global se encontrem nos países que o formam.

Apesar de tudo, o exclusivo clube continuará se reunindo justamente no contexto das conversas preliminares para as conferências maiores, nas quais serão tomadas as decisões globais. Embora a exclusividade possa ser uma desvantagem, a força de impacto do G8 poderá inspirar os grupos maiores a uma maior dinâmica.

Por outro lado, o formato adequado para a salvação do mundo tampouco deverá ser o G20. Pelo menos enquanto essa formação não estiver mais interconectada como organizações regionais, como a União Africana; o Nafta, na América do Norte; ou a Associação de Nações do Sudeste Asiático, Asean.

Autor: Henrik Böhme
Revisão: Roselaine Wandscheer

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