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Gabinete de deputado alemão negro é alvo de ataque

16 de janeiro de 2020

"Não me deixarei intimidar", afirma o senegalês com cidadania alemã Karamba Diaby, após seu escritório ser alvo de tiros. Merkel manifesta solidariedade ao parlamentar.

"Precisamos de um sério debate sobre o tipo de sociedade na qual queremos viver", diz Karamba Diaby
"Precisamos de um sério debate sobre o tipo de sociedade na qual queremos viver", diz Karamba DiabyFoto: Imago Images/Christian Spicker

O gabinete do parlamentar alemão Karamba Diaby, um dos primeiros negros a ocupar uma cadeira no Bundestag (Parlamento alemão), foi alvo de um ataque esta semana. Vários buracos de bala foram encontrados na janela de seu escritório na cidade de Halle, no estado de Saxônia-Anhalt.

Em entrevista à DW nesta quinta-feira (16/01), o senegalês que possui cidadania alemã falou sobre o aumento da violência contra estrangeiros na sociedade alemã e disse que não vai se deixar intimidar pelo ocorrido.

"Continuaremos o nosso trabalho", disse Diaby, eleito pelo Partido Social-Democrata (SPD). "Infelizmente vêm se vendo com frequência nos últimos anos pessoas que se expressam através da violência", afirmou.

Esta foi a segunda vez que seu gabinete foi atacado. "Isso é muito triste", observou o parlamentar.

Investigadores acreditam que os agressores tenham utilizado armas de ar comprimido, como as usadas para a prática de paintball. Diaby não estava no local no momento em que os tiros foram disparados.

"Eu sei que as pessoas que fazem esse tipo de coisa têm o objetivo de intimidar políticas e políticos, e também jornalistas. Não devemos permitir isso. Por isso, não me deixarei intimidar", reiterou o parlamentar.

"Precisamos de um sério debate sobre o tipo de sociedade na qual queremos viver. Não podemos aceitar que uma pequena minoria tente intimidar pessoas através da violência armada. Isso deve ser levado muito a sério, no conjunto de nossa sociedade", prosseguiu.

"Acho que o clima mudou dramaticamente [na sociedade alemã] nos últimos dois anos", observou o social-democrata. "O tom ficou mais ríspido. Nos parlamentos regionais, mas também aqui no Bundestag, presencio discursos bastante agressivos, hostis contra as pessoas, contrários às minorias."

Karamba Diaby recebe o apoio da chanceler alemã Angela Merkel no Bundestag, após o incidenteFoto: Reuters/A. Hilse

Para o parlamentar, tais discursos representam um terreno fértil para aqueles que querem utilizar a violência. "Políticas e políticos alemães devem pensar sobre suas contribuições para que os ânimos acabem levando à divisão em nossa sociedade, e não à coesão."

Karamba Diaby nasceu em 1961 no Senegal e se mudou para a então Alemanha Oriental em 1986. Ele estudou química na Universidade de Halle, na então Alemanha Oriental. 

Depois da Reunificação da Alemanha, Diaby acabou permanecendo no país. Ele foi eleito pela primeira vez em 2013, aos 51 anos, 12 anos depois de receber a cidadania alemã.

Uma de suas plataformas é a integração dos estrangeiros na Alemanha. Ele também apoia temas como educação e melhoras na situação social dos alemães do leste do país, que desde a queda do Muro sofrem com as mudanças de estrutura, o declínio da indústria local e a perda de postos de emprego.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, ofereceu apoio a Diaby após o ataque desta semana.

O ministro do Exterior e colega de partido, Heiko Maas, qualificou a agressão como "inacreditável, repulsiva e covarde". "Continuaremos ao seu lado por uma democracia livre, tolerante e diversificada", afirmou, através do Twitter.

RC/dw/afp

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