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Governo provisório

17 de janeiro de 2011

Três dias depois da fuga do presidente Ben Ali, primeiro-ministro Mohamed Ghannouchi anuncia gabinete provisório. Cinco nomes do governo anterior são mantidos e nomes da oposição assumem cargos.

Primeiro-ministro Mohamed Ghannouchi chefia gabineteFoto: AP

O primeiro-ministro da Tunísia, Mohamed Ghannouchi, anunciou nesta segunda-feira (17/01) o gabinete provisório que administrará o país até as eleições, previstas para ser realizada em dois meses. Na última sexta-feira, o ex-presidente, Zine El Abidine Ben Ali, cedeu às violentas manifestações populares e deixou o cargo que ocupava há 23 anos.

Ghannouchi é o líder do governo provisório. Permanecem no seu posto os ministros da Defesa, das Finanças, do Interior e de Relações Exteriores. Najib Chebbi, líder da oposição, foi nomeado ministro de Desenvolvimento Regional. Outros dois políticos de oposição, Ahmed Ibrahim e Mustafá Ben Jaafar, também irão assumir postos no governo provisório.

O primeiro-ministro tunisiano anunciou que os presos políticos serão liberados. Além disso, o governo provisório pretende analisar a possibilidade de legalização dos partidos proibidos. Ghannouchi anunciou investigações contra que quem for suspeito de corrupção ou de enriquecimento ilícito.

Tensão permanente

Antes do anúncio, entretanto, os protestos prosseguiram em várias cidades do país. Manifestantes pedem o fechamento do partido do ex-presidente Ben Ali. "A revolução continua", gritavam nas ruas. A polícia usou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar a multidão.

O caso de suicídio de Mohammed Bouazizi, tunisiano de 26 anos que ateou fogo no próprio corpo, foi o estopim para as manifestações populares, que se espalharam para outros países africanos. Tentativas semelhantes foram registradas na Argélia, Mauritânia e Egito.

Protestos seguiram em diversas cidades até o anúncio do gabineteFoto: picture alliance / dpa

Novas lideranças

Moncef Marzouki, político de oposição exilado em Paris, anunciou que irá se candidatar como presidente nas próximas eleições na Tunísia. Em 1994, Marzouki havia tentado disputar as eleições com Ben Ali, mas não conseguiu o número suficiente de assinaturas para concorrer. Naquela ocasião, o ex-presidente venceu a disputa com 99% dos votos.

Numa entrevista a uma rádio francesa nesta segunda-feira, Marzouki disse que seu país ainda vive um paradoxo, mesmo depois da fuga do ex-presidente. "A Tunísia expulsou o ditador, mas a ditadura ainda está lá."

O dissidente político foi, até 1994, vice-presidente da Liga dos Direitos Humanos na Tunísia, e fundou, em 2001, o partido de oposição de esquerda Congresso para a República. O partido foi declarado ilegal por Ben Ali e, posteriormente, seu fundador se refugiou na França.

Islamismo

A Tunísia é vista como um país avançado em relação aos direitos das mulheres no mundo árabe. Desde 1957, por exemplo, a poligamia é proibida. Há décadas, há no país uma lei severa que proíbe as mulheres de ocultar o rosto em locais públicos.

Diante das especulações sobre um possível Estado islâmico, o chefe do partido islamita, Rached Ghannouchi, disse em entrevista ao canal Al-Jazeera que defende a democracia e os direitos humanos, com base em princípios islâmicos.

Ainda há, no entanto, impedimentos legais para a formação de governo de participação islâmica – a constituição da Tunísia proíbe a atuação de partidos religiosos.

Ajuda europeia

A União Europeia ofereceu ajuda ao país africano na busca pela democracia e desenvolvimento econômico. Maja Kocinjancik, porta-voz de Catherine Ashton, chefe da diplomacia europeia, anunciou que o bloco prepara um pacote de medidas para auxiliar a Tunísia.

Segundo Kocinjancik, os europeus se dispuseram a ajudar, se for preciso, na organização das eleições. A União Europeia diz apoiar a luta pacífica da população em busca de uma sociedade democrática, e que o governo deve evitar mais confrontos e riscos de vida para os tunisianos.

Ex-primeira-dama Leila TrabelsiFoto: picture alliance/dpa

Fuga com ouro

Antes de deixar a Tunísia às pressas, a esposa do ex-presidente Bem Ali teria levado 1,5 tonelada de ouro do banco central tunisiano. A informação foi publicada nesta segunda-feira pelo jornal francês Le Monde.

Segundo a reportagem, Leila Trabelsi esteve no banco em Túnis antes de fugir para Dubai, e levou consigo barras de ouro cujo valor atinge 60 milhões de dólares. A família Trabelsi é conhecida no país por estar envolvida em diversos casos de corrupção.

NP/DWdpa/afp/kna/rts
Revisão: Roselaine Wandscheer

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