Nobel de Economia
10 de outubro de 2011O estudo sobre causas e efeitos na macroeconomia rendeu aos norte-americanos Thomas J. Sargent e Christopher A. Sims o Prêmio Nobel de Economia 2011. O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira (10/10), em Estocolmo, na Suécia. "Eu não esperava ganhar esse prêmio", confessou Sims em entrevista telefônica logo após ter recebido a notícia.
Os economistas trabalharam de forma independente entre si , mas focaram temas que estão intimamente ligados – o funcionamento do sistema econômico e seus fenômenos no geral, entre eles o Produto Interno Bruto (PIB), taxa de juros e inflação. Sargent foi reconhecido por pesquisar métodos empíricos que usam dados históricos para compreender como mudanças na política financeira afetam a economia ao longo do tempo.
Já Sims levou o Nobel pelo estudo que procurou distinguir os efeitos de mudanças inesperadas em variáveis – como preço do petróleo ou taxa de juros – e de mudanças aguardadas, como intervenções.
Efeitos sistemáticos
Thomas J. Sargent, de 68 anos, é professor na Universidade de Nova York. Ele buscou analisar o que acontece, por exemplo, quando taxas de juros reagem a mudanças na inflação, ou ainda os efeitos de políticas ditadas por bancos centrais.
O economista desenvolveu um método prático para estudar os efeitos dessas intervenções na economia, que poderia funcionar como uma espécie de "laboratório". A metodologia consiste de três passos: o primeiro deles é uma descrição matemática precisa da economia, que inclui alguns parâmetros e variáveis como, por exemplo, o comportamento do consumidor quando há aumento real dos juros.
Depois de resolver esse modelo matemático – o segundo passo – usando expectativas de como variáveis macroeconômicas poderiam variar, Sargent fez uso de dados históricos para estimar parâmetros fundamentais. Nesse terceiro passo, o pesquisador usou a estatística para definir, por exemplo, o que muda, ou não, depois de políticas de intervenção financeira.
"Essa é uma compreensão que os economistas já têm há algum tempo", comentou Sargent sobre o fato de considerar as expectativas dos consumidores em seu estudo. "O que está acontecendo agora na Europa, com o euro, tem tudo a ver com expectativas sobre o que as outras pessoas irão fazer. E foi nisso também que me concentrei."
Choques na economia
Christopher A. Sims, 68, fez doutorado na turma de Sargent e, assim como o colega, também considera o efeito das expectativas dos consumidores em seu estudo. Sims, professor da Universidade de Princeton, ganhou o Nobel por desenvolver uma ferramenta estatística que analisa como a economia é afetada por mudanças temporárias na política financeira e outros fatores.
O economista procurou identificar, por exemplo, os efeitos de um aumento da taxa de juros estabelecida pelo banco central. Num dos gráficos apresentados, Sims mostra como o PIB e o nível de preços reagiram com o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos depois da Segunda Guerra.
Resultado: o PIB caiu continuamente por vários trimestres e começou a subir somente após 18 meses. O nível de preços, por outro lado, mal sofreu alteração, e começou a cair depois de um ano e meio, assim como a taxa de inflação. Questionado sobre como seu trabalho poderia ajudar os países a saírem da crise, Sims respondeu: "Se tivesse uma resposta certa, eu a daria a todo mundo. Mas não é simples dar essa resposta. Ao menos nossa pesquisa pode ajudar a encontrar o caminho para fora dessa bagunça."
Importância prática e prêmio
"Sargent e Sims fizeram contribuições fundamentais que ajudam pesquisadores a especificar, implementar empiricamente e analisar modelos dinâmicos da macroeconomia considerando o papel central das expectativas", comentou o comitê do Nobel.
O Nobel de Economia, formalmente chamado de Prêmio Sveriges Riksbank em Ciências Econômicas em memória a Alfred Nobel, foi entregue pela primeira vez em 1969. Os vencedores deste ano recebem 10 mil coroas, aproximadamente 1,1 milhão de euros. A cerimônia de entrega do prêmio está marcada para 10 de dezembro, dia do aniversário de morte do industrial sueco Alfred Nobel, inventor da dinamite.
Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer