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Gastos militares globais atingem recorde histórico em 2021

25 de abril de 2022

Relatório de instituto sueco aponta que Estados Unidos e China foram os países que mais gastaram em defesa no ano passado, com 52% do total. Brasil ocupa o 17º lugar na lista.

A imagem mostra canhões de tanques de guerra enfileirados, com dois militares americanos ao fundo.
Números apontam 2021 como o sétimo ano consecutivo em que os gastos militares aumentaram em termos globais.Foto: U.S. Army/ZUMA Press Wire Service/picture alliance

Os gastos militares globais ultrapassaram pela primeira vez a marca de 2 trilhões de dólares (1,8 trilhões de euros) no ano de 2021, um recorde histórico, de acordo com informações publicadas nesta segunda-feira (25/04) pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, na Suécia (SIPRI, na sigla em inglês para Stockholm International Peace Research Institute).

As despesas totais atingiram a marca de 2,1 trilhões de dólares, 0,7% a mais do que em 2020 e 12% acima dos valores registrados há dez anos, em 2012.

Os números apontam 2021 como o sétimo ano consecutivo em que os gastos militares aumentaram, o que indica que mesmo em meio à crise econômica causada pela pandemia de coronavírus, os investimentos em defesa não diminuíram.

"Ainda que em meio às consequências econômicas da pandemia de covid-19, os gastos militares mundiais atingiram níveis recordes", afirma Diego Lopes da Silva, pesquisador sênior do Programa de Gastos Militares e Produção de Armas do SIPRI.

Os cinco países que mais investiram em defesa militar em 2021 foram Estados Unidos, China, Índia, Reino Unido e Rússia, que, juntos, representaram 62% dos gastos totais. França, Alemanha, Arábia Saudita, Japão e Coreia do Sul, nesta ordem, completam a lista dos dez países que mais gastaram em armamento no ano passado.

 "A crescente afirmação da China nos mares do leste e do sudeste asiático tem sido o principal motor das despesas militares em países como Austrália e Japão", observa o SIPRI.

Estados Unidos lideram com folga

Sozinhos, Estados Unidos e China foram responsáveis por 52% das despesas, conforme a apuração do SIPRI. Os gastos da China aumentaram pelo 27º ano consecutivo, chegando a 293 bilhões de dólares, o que representa 14% da despesa mundial, à frente da Índia (3,6%), do Reino Unido (3,2%) e da Rússia (3,1%).

Ainda que os EUA tenham gastado mais do que qualquer outro país, os investimentos diminuíram em relação a anos anteriores. O SIPRI concluiu que o declínio ocorreu, em parte, devido a uma redução de gastos gerais do governo americano em pesquisa e desenvolvimento, mas acrescentou que o país continua focado no desenvolvimento de tecnologias de última geração: durante a última década, o financiamento em investigação e desenvolvimento dos Estados Unidos aumentou 24%.

Os Estados Unidos mantêm a liderança absoluta de gastos militares com 38% das despesas globais – ou 801 bilhões de dólares (737 bilhões de euros), 1,4% a menos em comparação a 2020.

"O governo dos Estados Unidos tem repetidamente enfatizado a necessidade de manter a sua vantagem tecnológica militar sobre seus concorrentes estratégicos", aponta o relatório.

Invadida pelo exército russo, a Ucrânia tem visto os gastos militares crescerem desde 2014, quando a Crimeia foi atacada.Foto: Alexander Ermochenko/REUTERS

Rússia e Ucrânia também crescem no ranking

Em meio à então iminente invasão da Ucrânia pela Rússia, ainda em 2021, os dois países viram seus gastos militares aumentarem. A Rússia, por exemplo, registrou aumento de investimento em defesa pelo terceiro ano consecutivo.

Os gastos russos aumentaram 2,9% e atingiram 65,9 bilhões de dólares (em torno de 60 bilhões de euros), ou 4,1% do PIB do país, segundo o relatório.

O aumento nas despesas foi impulsionado pelos preços mais altos nas exportações de combustível russo, justamente em um momento em que a Rússia se preparava para invadir a Ucrânia, informaram especialistas do SIPRI.

Na Ucrânia, por outro lado, os gastos militares cresceram 72% desde a anexação da Crimeia por parte da Rússia em 2014. Somente em 2021, as despesas chegaram a 5,9 bilhões de dólares (5,4 bilhões de euros), ou 3,2% do PIB. O país ocupa a 36ª posição na lista.

Brasil aparece em 17º lugar na lista

País com maior despesa militar na América Latina, o Brasil ocupa o 17º lugar no estudo desenvolvido e divulgado pelo SIPRI. Em 2021, os gastos brasileiros em defesa foram de 19,2 bilhões de dólares (17,6 bilhões de euros), 4,3% a menos do que no ano anterior.

Outro país de destaque na região é a Colômbia, que aparece em 25º lugar na lista, com investimentos de 10,2 bilhões de dólares (9,3 bilhões de euros), ou 4,7% a mais do que em 2020.

O SIPRI destaca que, desde a assinatura do acordo de paz entre o governo colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), em 2016, as despesas com defesa têm crescido no país – com exceção de 2018. Segundo o relatório, esse fato "pode ser atribuído aos conflitos em curso entre o governo e outros grupos armados".

Em fevereiro, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, anunciou que o país vai investir 100 bilhões de euros em defesa.Foto: picture alliance/dpa

Alemanha é o terceiro país europeu que mais gastou

Os gastos militares totais na Europa foram de 418 bilhões de dólares em 2021, valor 3% maior do que em 2020 e 19% a mais do que em 2012.

Reino Unido e França lideram a lista, que tem a Alemanha na terceira colocação. A maior economia do continente gastou cerca de 56 bilhões de dólares com suas forças armadas, ou seja, 1,3% do PIB.

Além da Europa, onde as despesas cresceram 3%, Ásia e Oceania (3,5%) e África (1,2%) também registraram aumento nos gastos com defesa militar. No Oriente Médio, em contrapartida, os gastos diminuíram em -3,3%, e nas Américas, em -1,2%.

Uma das mudanças mais notáveis ocorreu no Irã, onde o orçamento militar aumentou pela primeira vez em quatro anos, atingindo 24,6 bilhões de dólares. O financiamento da Guarda Revolucionária Iraniana, em particular, cresceu 14% em comparação a 2020.

gb (AFP, dpa, Lusa)

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