Gauck anuncia que não vai concorrer a novo mandato
6 de junho de 2016
Presidente da Alemanha afirma que "decisão difícil" foi tomada em razão de preocupações com a idade avançada. Recusa pode significar o início da campanha das eleições gerais em 2017.
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Presidente da Alemanha não se candidatará ao segundo mandato
01:42
O presidente alemão, Joachim Gauck, anunciou nesta segunda-feira (06/06) que não irá concorrer a um segundo mandato.
"Hoje, quero lhes dizer que decidi não concorrer novamente ao cargo de presidente da Alemanha. Essa não foi uma decisão fácil", afirmou Gauck no Palácio Bellevue, em Berlim.
Ele afirmou estar preocupado com a própria capacidade de continuar dedicando a energia necessária para exercer as funções do cargo. Atualmente com 76 anos, ele chegaria aos 80 como presidente, caso fosse eleito para um novo mandato.
"Não desejo me comprometer com outro período de cinco anos, em níveis de energia e vitalidade que não posso garantir", afirmou.
Gauck disse ter prestado serviços ao país com "respeito e alegria" por mais de quatro anos, e disse estar empolgado com o tempo que lhe resta no cargo, no qual permanecerá até fevereiro de 2017.
Seu sucessor será escolhido a menos de seis meses das eleições gerais de 2017. Apesar de o cargo de presidente da Alemanha ter caráter apolítico, cabe aos partidos alemães chegarem a um acordo sobre um candidato único ou apresentarem candidaturas rivais.
O portal de notícias Spiegel Online considerou que o anúncio de Gauck, na prática, inicia prematuramente a campanha eleitoral, com 15 meses de antecedência, criando um conflito político que a chanceler federal Angela Merkel preferiria evitar.
Nomes de diversos políticos veteranos e de grande influência são especulados para ocupar o lugar de Gauck, como os ministros das Finanças, Wolfgang Schäuble, e do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, além do presidente do Bundestag, Norbert Lammert, e da líder conservadora bávara Gerda Hasselfeldt.
Joachim Gauck é o 11º presidente alemão do período do Pós-Guerra.
RC/dw
O presidente alemão se despede do cargo
Neste 18 de março de 2017, Joachim Gauck encerra o mandato como 11º presidente da República Federal da Alemanha. Em retrospecto, ele pode olhar para mais de quatro anos de grande agitação política.
Foto: picture alliance/dpa/M. Kappeler
"Arquivos de Gauck"
Por dez anos, o presidente alemão Joachim Gauck administrou os arquivos do serviço de inteligência (Stasi) da República Democrática Alemã (RDA). Como ativista dos direitos civis, ele foi eleito em 1990 para o Parlamento da ex-Alemanha Oriental, que propôs seu nome para o cargo em decisão apoiada pelo governo alemão ocidental. Até hoje, o órgão leva o nome não oficial "Arquivos de Gauck".
Foto: picture-alliance/dpa
Candidato do povo
Depois de haver deixado "sua" instituição em 2000, Gauck atuou como autor e ativista político. Após o pedido-surpresa de demissão do ex-presidente Horst Köhler, em 2010, o Partido Social Democrata (SPD) e os verdes cogitaram seu nome para o cargo. A mídia o aclamava como candidato do povo. No entanto Christian Wulff, da União Democrata Cristã (CDU), foi eleito em terceira votação.
Foto: picture-alliance/dpa
Presidente Gauck
Depois de quase dois anos, Wulff foi forçado a renunciar. Também desta vez partidos de oposição defendiam a candidatura de Gauck, agora com apoio de Berlim. Em pesquisa realizada antes da Assembleia Federal responsável pela escolha do presidente, 69% dos entrevistados apoiaram o nome de Gauck. O resultado em 18 de março foi ainda mais decidido: ele obteve 991 de 1.228 votos, em primeira votação.
Foto: picture-alliance/dpa
"Primeira-companheira"
Segundo a Constituição alemã, o presidente do país não está sujeito aos Três Poderes. Mesmo assim, Gauck é o primeiro chefe de Estado sem partido. E também o primeiro a não ser acompanhado pela esposa em ocasiões cerimoniais, mas por sua companheira Daniela Schadt, com quem vive desde 2000. Da ex-esposa Gerhild Gauck, com quem teve quatro filhos, ele está separado há 25 anos.
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Liberdade pensada e vivida
Tema central de Gauck é a liberdade, a que gosta de se referir como "potencialização" do indivíduo. Críticos o acusam de, assim, defender o egoísmo com uma retórica anticomunista ingênua. Outros veem em seu discurso um apelo à responsabilidade: liberdade não significaria automaticamente felicidade ou satisfação, mas uma responsabilidade própria existencial, para além do poder do Estado.
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Representante com franqueza
Como representante oficial da Alemanha no exterior, Gauck viajou por muitos países e se encontrou com diversos dirigentes. Mas nem sempre permaneceu diplomático: no início de 2014, na Turquia, acusou o governo do então premiê Recep Tayyip Erdogan de censura, ingerência no sistema judicial e estilo autoritário de governança. Erdogan protestou, mas ele se manteve calmo: "Cumpri o meu dever."
Foto: Reuters
Orador habilidoso
Em março de 2016 Gauck falou a estudantes da Universidade Tongji, em Xangai, da desconfiança que surge entre o Estado e seus cidadãos quando um governo não é legitimado por eleições livres. Oficialmente, a liderança chinesa não se irritou: Gauck se referira à ex-Alemanha Oriental. Ainda assim os paralelos implícitos foram compreendidos, graças a uma tradução que circulou na internet chinesa.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Kumm
Visão e perspicácia
Dois meses após sua visita à Turquia em 2014, quando também foi a um campo de refugiados na fronteira com a Síria, Gauck apontou o número crescente de migrantes, alertando sobre a necessidade de ação: processo de asilo mais rápido, cooperação com parceiros europeus, mais pragmatismo nos limites do politicamente viável. Isso aconteceu 14 meses antes de Angela Merkel proferir: "Nós vamos conseguir."
Foto: picture alliance/AA
Recusa a segundo mandato
Em 2016 Joachim Gauck decidiu não se candidatar novamente, após entregar seu cargo. Apoio não teria lhe faltado: ambos os partidos do governo haviam sinalizado sua preferência. Gauck justificou-se com o temor de não poder terminar o segundo mandato, quando estaria com 82 anos. Seu sucessor será Frank-Walter Steinmeier, que assume no dia 19 de março de 2017.