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Geddel renuncia, e Temer perde 6º ministro

25 de novembro de 2016

Ministro da Secretaria do Governo envia pedido de renúncia ao presidente após agravamento da crise política iniciada com a denúncia de que ele pressionara pela liberação de uma obra embargada pelo Iphan.

Brasilien Geddel Vieira Lima
Foto: Valter Campanato/Agencia Brasil

O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, enviou sua carta de renúncia ao presidente Michel Temer na manhã desta sexta-feira (25/11). Segundo o Palácio do Planalto, Temer aceitou o pedido, enviado por e-mail.

A renúncia ocorreu após agravamento da crise política provocada por uma denúncia do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, que acusou o colega de pressioná-lo pela liberação de uma obra embargada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Salvador.

"Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair", escreveu Geddel, que até então era o responsável pela articulação política do governo com o Congresso Nacional. "Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior do que tudo isso."

Calero afirmou que Temer "o enquadrou" no intuito de encontrar "uma saída" para a obra de interesse de GeddelFoto: Agência Brasil/ V. Campanato

Na carta, Geddel afirma que, após a "mais profunda reflexão e fruto dela, apresento aqui este meu pedido de exoneração do honroso cargo que com dedicação venho exercendo". Ele diz ainda que seguirá "como ardoso torcedor do nosso governo, capitaneado por um Presidente sério, ético e afável no trato com todos, rogando que, sob seus contínuos esforços, tenhamos a cada dia um país melhor".

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Calero acusou Geddel de pressioná-lo a liberar a construção de um edifício em Salvador onde o ministro da Secretaria do Governo havia adquirido um apartamento. O empreendimento em questão é o La Vue Ladeira da Barra, embargado pelo Iphan.

Em depoimento à Polícia Federal, Calero afirma que Temer "o enquadrou" no intuito de encontrar "uma saída" para a obra de interesse de Geddel.

Geddel é o sexto ministro a deixar o governo Temer, que assumiu em maio. Antes dele já saíram Calero, Henrique Alves (Turismo), Fábio Osório (AGU), Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência). 

Esta é a íntegra da carta de Geddel:

Salvador, 25 de novembro de 2016

Meu fraterno amigo Presidente Michel Temer,

Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair.

Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior do que tudo isso.

Fiz minha mais profunda reflexão e fruto dela apresento aqui este meu pedido de exoneração do honroso cargo que com dedicação venho exercendo.

Retornado à Bahia, sigo como ardoroso torcedor do nosso governo, capitaneado por um Presidente sério, ético e afável no trato com todos, rogando que, sob seus contínuos esforços, tenhamos a cada dia um país melhor.

Aos Congressistas, o meu sincero agradecimento pelo apoio e colaboração que deram na aprovação de importantes medidas para o Brasil.

Um forte abraço, meu querido amigo.

Geddel Vieira Lima

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