Gelo mais espesso do Ártico se rompe pela primeira vez
22 de agosto de 2018
Derretimento em região ao norte da Groenlândia com a camada de gelo mais antiga do Hemisfério Norte assusta comunidade científica. Acreditava-se que o local fosse ser o último a sucumbir ao aquecimento global.
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A recente onda de calor no Hemisfério Norte resultou no rompimento da camada de gelo mais antiga e espessa do Ártico, abrindo passagens ao norte da Groenlândia que costumam estar congeladas mesmo durante as estações mais quentes do ano.
Até agora, os cientistas presumiam que essa região fosse ser a última ao norte do globo que iria sucumbir aos efeitos do aquecimento global, motivo pelo qual ela ficou conhecida como a "última área de gelo".
O fenômeno inédito ocorreu duas vezes neste ano devido aos ventos de ar quente e ondas de calor desviadas para o norte do hemisfério em razão das mudanças climáticas, aponta reportagem do jornal britânico The Guardian.
Temperaturas acima do normal foram registradas na região em fevereiro e no início deste mês, deixando a região vulnerável às massas de ar quente, que aumentaram a pressão sobre o gelo em locais mais distantes da costa desde o início dos registros de satélite nos anos 1970.
Nos meses de fevereiro, costumam-se registrar -20ºC na região, mas este ano, as temperaturas se mantiveram durante dez dias acima da temperatura de congelamento, o que, juntamente com ventos quentes, fez com que o gelo se desprendesse da costa.
Na semana passada, foi registrada brevemente uma temperatura recorde de 17ºC, com ventos fortes de até 20 quilômetros por hora vindos do sul. Especialistas acreditam a região deverá voltar a se congelar, ainda que num período mais tardio do que o normal. A tendência de aquecimento na região vem acelerando nos últimos 15 anos.
"O afinamento do gelo atinge até a parte mais fria do Ártico, de gelo mais espesso. Esta é uma indicação dramática da transformação no gelo e do clima no Mar do Ártico", afirmou Walt Meie, pesquisador do Centro Nacional de Dados sobre Gelo e Neve dos Estados Unidos, ao The Guardian.
O cientista Thomas Lavergne, do Instituto Meteorológico Norueguês, afirmou que a visão da água penetrando no gelo e expondo a costa da Groenlândia é algo "assustador".
Na região, o gelo tem, em média, 4 metros de espessura e pode se acumular em montes de gelo compacto de 20 metros de altura ou mais, difíceis de serem quebrados.
"Quase todo o gelo ao norte da Groenlândia está bastante estilhaçado ou quebrado e, portanto, mais móvel", afirmou a meteorologista Ruth Mottran, do Instituto Meteorológico Dinamarquês. "Passagens na água na costa norte da Groenlândia são incomuns", disse, acrescentando que o degelo sugere que a "última área de gelo" deve estar localizada mais a oeste.
Dados recentes do Serviço Norueguês do Gelo indicam que a cobertura de gelo no arquipélago de Svalbard, ao norte do país, está 40% abaixo da média histórica para esta época do ano. Esses números podem reforçar a previsão de que o Oceano Ártico passará a não ter mais gelo durante o verão em algum momento entre os anos 2030 e 2050.
Peter Wadhams, físico da Universidade de Cambridge, alertou à emissora Sky News que o derretimento do gelo poderá causar impactos severos para a população de ursos polares.
"A costa norte da Groenlândia, com seus penhascos bastante íngremes, é uma área de refúgio para ursos polares. Eles cavam buracos na neve, de donde saem na primavera para caçar", afirmou.
"Mas se a camada de gelo se move para fora da costa, eles acabam ficando sem uma área de caça quando voltam da hibernação", alertou, acrescentando que os ursos polares não conseguem nadar grandes distâncias.
Os mais antigos artefatos feitos por humanos, de 40 mil anos atrás, foram encontrados na Suábia, no sul da Alemanha. As seis cavernas onde objetos foram localizados são candidatas a patrimônio cultural da Unesco.
Foto: LAD, Y. Mühleis
A Vênus de Hohle Fels
Descoberta em 2008, a figura de Vênus da gruta de Hohle Fels data de 35 mil anos atrás. A mais antiga representação de figura humana é o mais conhecido dos 50 artefatos encontrados nas grutas da Suábia. Esculpida em marfim de mamute, a estatueta de 6 cm tem seios volumosos. Um pequeno aro substitui a cabeça, uma indicação de que a peça tenha sido usada como pingente.
Foto: Hilde Jensen, Universität Tübingen
A caverna Hohle Fels
Os arqueólogos encontraram a figura feminina nesta caverna. A maioria dos artefatos encontrados representa animais e remonta ao período aurignaciano (início do paleolítico superior) um tempo em que o neandertal e o homo sapiens viveram, em parte, lado a lado, e procuravam abrigo em cavernas. Já naquela época havia inúmeras grutas na região de Schwäbische Alb (montanhas da Suábia).
Foto: H. Parow-Souchon
O vale do rio Ach
Durante a era do gelo havia poucas florestas nesta região, coberta de estepes e habitada por mamutes e renas. Hoje em dia, a área, que tem mais de duas mil cavernas, é coberta por bosques. Seis das grutas onde aconteceram os achados espetaculares são candidatas a patrimônio cultural da humanidade. A candidatura foi oficializada no início do ano passado pelo estado alemão de Baden-Württemberg.
Foto: LAD, Chr. Steffen
Instrumento musical pré-histórico
O ser humano já fazia música há 40 mil anos. A prova são três flautas encontradas no abrigo rochoso Geißenklösterle, no sul da Alemanha, em 2009. A mais bonita delas, feita de marfim, pode ser vista junto com a Vênus no Museu da Pré-História da cidade alemã de Blaubeuren. O abrigo rochoso Geißenklösterle está bloqueado por uma cerca, mas, como não é muito profundo, pode ser visto a partir de fora.
Foto: Claus Rudolph, Urmu
Gruta Sirgensteinhöhle
A gruta Sirgensteinhöhle, de 42 m de comprimento, é aberta a visitantes e fecha só no inverno europeu, para a proteção dos morcegos que ali vivem. Os arqueólogos descobriram que o homem pré-histórico permanecia principalmente na entrada da caverna, onde fazia fogo, trabalhava e dormia. Há 500 anos, acreditava-se que na caverna havia vivido um monstruoso ciclope (gigante imortal com um só olho).
Foto: LAD, M. Steffen
Vale do rio Lone
As três outras grutas indicadas a patrimônio da humanidade ficam no vale do rio Lone, perto de Heidenheim. Elas se chamam Vogelherd, Hohlenstein Stadel e Bockstein. Da mesma forma como no vale do Ach, os sítios são área protegida. Não podem ser feitas alterações na área sem consentimento das autoridades de defesa do patrimônio. Sem essa garantia, a candidatura à Unesco não teria chance.
Foto: LAD, O. Braasch
A gruta Hohlenstein Stadel
As escavações nas cavernas da Suábia começaram no século 19. Os arqueólogos descobriram ali restos de fogueiras, armas, ferramentas e adornos feitos de pedra, chifre, marfim e osso. Em 1861, foram encontrados na gruta Hohlenstein 10 mil ossos de ursos. Apenas uma parte da caverna é aberta a visitantes.
Foto: Museum Ulm
Figura com traços humanos e de leão
A maior peça encontrada na gruta Hohlenstein Stadel é este artefato em marfim, de 31 cm de altura. Na foto, ele é visto de diferentes perspectivas. A peça, que faz parte do acervo do museu em Ulm, foi reconstruída quase completamente a partir de mais de 300 pedaços. Os arqueólogos não conseguiram identificar se se trata de homem ou mulher, por isso o chamam "Löwenmensch", "humano leão".
Foto: LAD, Y. Mühleis
Gruta Vogelherd
A localização da gruta Vogelherd era perfeita para o homem pré-histórico porque oferece uma ótima vista para o vale. Já se podia avistar os perigos de longe. Ou localizar a caça. Ali foram encontradas dez pequenas figuras de animais feitas de marfim de mamute. Um leão e uma figura de mamute podem ser vistos no parque temático arqueológico que fica junto à caverna.
Foto: LAD, Th. Beutelspacher
Cavalo selvagem
Uma figura de cavalo selvagem de cerca de cinco centímetros é considerada a principal peça encontrada na gruta Vogelherd. Seu pescoço curvado e as formas redondas e elegantes refletem a habilidade artesanal do homem pré-histórico. Ele está exposto no castelo de Tübingen, juntamente com outros achados das cavernas.
Foto: Hilde Jensen, Universität Tübingen
Gruta Bockstein
No rochedo Bockstein, no vale do Lone, há várias cavernas que podem ser acessadas. Os artefatos encontrados apontam que ali já moraram neandertais há mais de 60 mil anos. Em julho próximo, a Unesco vai decidir se "as cavernas com a mais antiga arte da era do gelo" virarão patrimônio cultural da humanidade.