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General venezuelano reconhece Guaidó como presidente

2 de fevereiro de 2019

Francisco Yánez, do alto comando da aviação, se torna o primeiro general da ativa a rechaçar Maduro e declarar apoio ao oposicionista. Em vídeo, ele convoca outros militares a desertarem. Força Aérea fala em traição.

O general Francisco Yánez, da Força Aérea da Venezuela, em vídeo publicado nas redes sociais
Em vídeo publicado nas redes sociais, Yánez diz que 90% das Forças Armadas não estão com MaduroFoto: twiter.com

O general Francisco Yánez, da Força Aérea venezuelana, divulgou um vídeo neste sábado (02/02) em que diz reconhecer o chefe do Parlamento, Juan Guaidó, como presidente da Venezuela. Com isso, ele se torna o militar na ativa de mais alto escalão a declarar apoio ao oposicionista.

"Me dirijo a vocês para informá-los que não reconheço a autoridade ditatorial de Nicolás Maduro e reconheço o deputado Juan Guaidó como presidente interino da República Bolivariana da Venezuela", afirmou Yánez no vídeo, em que aparece uniformizado.

O general disse ainda que "a transição para a democracia está iminente" e que "90% da Força Armada Nacional Bolivariana não está com o ditador, mas com o povo da Venezuela".

Aos demais militares do país, ele pediu que rechacem o regime Maduro e reconheçam Guaidó como chefe de Estado. Yánez denunciou que as Forças Armadas têm recebido "infinitas ameaças" para que não se posicionem a favor do oposicionista.

O general também convocou a população venezuelana a sair de forma pacífica às ruas em apoio a Guaidó neste sábado, quando estão previstas manifestações da oposição.

Yánez afirmou que membros da equipe aérea de Maduro lhe informaram que "o ditador tem dois aviões prontos todos os dias". "Que ele vá embora!", exclamou o militar no vídeo.

Diretor de Planejamento Estratégico do alto comando da Aviação Militar venezuelana, Yánez é o primeiro general da ativa a reconhecer Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, desde que este se autoproclamou presidente interino do país em 23 de janeiro.

O alto comando da Força Aérea chamou Yánez de traidor. "Indigno o homem de armas que trai o julgamento de fidelidade e lealdade à pátria de [Simón] Bolívar e ao legado do comandante Hugo Chávez e se ajoelha diante de pretensões imperialistas", diz uma mensagem publicada na conta oficial da entidade militar.

A advogada Rocío San Miguel, especialista em assuntos militares venezuelanos, frisou que, embora Yánez não comande tropas, sua manifestação de apoio a Guaidó representa "um duro golpe" para as Forças Armadas do país.

Em 24 de janeiro, a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) – da qual a Força Aérea faz parte – declarou apoio a Maduro e afirmou que não aceitará um presidente autoproclamado nem se subordinará a uma potência estrangeira.

Guaidó, por sua vez, que já obteve amplo apoio internacional, ofereceu anistia a soldados que aceitem se juntar a ele. No fim de semana passado, ele entregou panfletos a militares detalhando uma lei de anistia que os protegeria caso eles o ajudem a derrubar Maduro.

Analistas que acompanham a situação na Venezuela afirmam que é muito difícil prever o fim da crise no país, mas que está claro que ele dependerá em grande parte do Exército.

Fora da Venezuela, a legitimidade das eleições em que Maduro foi eleito para um segundo mandato, em maio do ano passado, é amplamente contestada.

Estados Unidos, Canadá, Israel, Austrália e vários países sul-americanos, como Brasil, Argentina e Colômbia, já reconheceram Guaidó como presidente interino da Venezuela. Nesta semana, o Parlamento Europeu fez o mesmo. Em contrapartida, Rússia, China, Turquia, Bolívia, Nicarágua e Cuba continuam apoiando Maduro.

Para este sábado, data que marca o 20º aniversário da Revolução Bolivariana, foram convocadas manifestações da oposição em Caracas e em várias cidades venezuelanas e estrangeiras a fim de exigir a realização de eleições livres no país.

EK/afp/dpa/efe/lusa

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