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Genro de Trump nega conluio com a Rússia

24 de julho de 2017

Jared Kushner, um dos principais assessores do presidente americano, presta depoimento ao Comitê de Inteligência do Senado e descreve quatro encontros com russos durante eleições, mas afirma que foram adequados.

Kushner em coletiva de imprensa na Casa Branca, após testemunho a comitê do Senado
Kushner em coletiva de imprensa na Casa Branca, após testemunho a comitê do SenadoFoto: picture alliance/newscom/K. Dietsch

Jared Kushner, genro e um dos principais assessores políticos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou nesta segunda-feira (24/07) ter feito "conluio" ou mantido "contatos inadequados" com autoridades russas durante as eleições presidenciais americanas em 2016.

"Os documentos que forneci voluntariamente vão mostrar que todas as minhas ações foram adequadas e ocorreram no curso normal dos eventos de uma campanha [eleitoral] muito única", defendeu Kushner, marido de Ivanka Trump, em coletiva de imprensa na Casa Branca.

Ele enfatizou ainda que não participou de qualquer conspiração com Moscou a fim de favorecer a campanha de seu sogro, e disse não conhecer ninguém que o tenha feito. Sobre sua atuação no mercado financeiro, também negou ter feito negócios envolvendo investimentos russos.

O pronunciamento foi realizado após o depoimento de Kushner perante o Comitê de Inteligência do Senado nesta segunda-feira, no âmbito de uma ampla investigação sobre a suposta interferência russa nas eleições do ano passado, bem como possíveis vínculos entre a campanha de Trump e o Kremlin. Nesta terça-feira, ele depõe diante do mesmo comitê da Câmara dos Representantes.

Nesta segunda-feira, antes de seu testemunho de mais de duas horas a portas fechadas, Kushner já havia divulgado uma declaração por escrito em que negava conluio com Moscou e defendia que as reuniões que manteve com autoridades russas durante a corrida eleitoral foram "adequadas".

Quatro reuniões com russos

No documento, o genro de Trump descreve quatro encontros, realizados tanto durante a campanha eleitoral como depois da vitória, durante o período de transição na presidência americana.

O primeiro, que até então se desconhecia, foi com o embaixador russo em Washington, Serguei Kislyak, durante um evento num hotel na capital americana em abril de 2016. Na mesma ocasião, Kushner teria conversado também com embaixadores de outros três países, além da Rússia.

"Os embaixadores expressaram interesse em criar uma relação positiva se ganhássemos as eleições", assegura Kushner. "Cada encontro durou menos de um minuto, alguns me deram seus cartões e me convidaram para almoçar em suas embaixadas. Nunca aceitei nenhum destes convites", afirmou.

O segundo encontro descrito por Kushner foi com uma advogada russa que prometeu informações que poderiam prejudicar a então candidata democrata, Hillary Clinton. A reunião em questão foi conduzida pelo filho do presidente, Donald Trump Jr., em junho de 2016.

O genro de Trump, que participou da conversa, declarou nesta segunda-feira que, assim que se deu conta que a reunião era "uma perda de tempo", enviou uma mensagem a um de seus assistentes para que interrompesse o encontro e lhe permitisse sair com alguma desculpa.

Kushner também descreve uma reunião com o embaixador russo, dessa vez na Trump Tower de Nova York, em dezembro passado. Ele assegurou que, nessa conversa, discutiram apenas sobre a Síria, e negou que se tenha falado sobre a abertura de um canal de comunicação secreto entre a campanha de Trump e o Kremlin, como afirmou o jornal The Washington Post em maio.

O último dos encontros sobre o qual fala Kushner em sua declaração é o que teve com o banqueiro Serguei Gorkov, diretor-executivo do banco nacional russo Vnesheconombank, uma entidade que está submetida a sanções dos Estados Unidos pelo papel da Rússia no conflito na Ucrânia.

Kushner garante que se encontrou com Gorkov, em dezembro passado, a pedido do embaixador russo e que não falou com ele de nenhum tema político.

Ingerência russa

O governo Trump se encontra sob pressão política devido ao escândalo envolvendo a suposta interferência russa nas eleições presidenciais dos EUA em 2016 e eventuais ligações entre Moscou e a campanha republicana para favorecer a vitória de Trump.

Agências de inteligência americanas garantem que a Rússia esteve por trás dos ciberataques a organizações e operadores do Partido Democrata antes do pleito. Rejeitada por Moscou, a conclusão é apoiada também por empresas de segurança cibernética.

Alé disso, a demissão repentina do ex-chefe do FBI James Comey, em maio, levantou questões sobre as motivações do presidente, já que foi sob o comando desse diretor que a polícia federal americana iniciou um inquérito envolvendo a ingerência russa.

Após seu afastamento, Comey revelou que Trump chegou a lhe pedir, em fevereiro, para encerrar uma investigação sobre o ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca Michael Flynn, envolvendo também contatos com russos.

EK/afp/dpa/rtr/efe/ots

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