80 anos
21 de março de 2007
Nascido em 21 de março de 1927 em Reideburg, nas cercanias da cidade de Halle – no Leste alemão, onde cresceu –, o liberal Hans-Dietrich Genscher ficou 18 anos à frente do Ministério das Relações Exteriores, tendo sido um dos arquitetos da reunificação da Alemanha.
Dois pontos culminantes e uma derrota amarga marcaram sua longa vida de político. Um dos auges de sua carreira foi uma cena na sacada da embaixada alemã em Praga, em 30 de setembro de 1989. Genscher dirigiu-se a milhares de refugiados da então República Democrática Alemã (RDA), acampados nos jardins da residência, para lhes anunciar a permissão de seguir viagem para a Alemanha Ocidental.
Mal começou a pronunciar a frase que ficou famosa, suas palavras foram engolidas pelos aplausos frenéticos de 4000 pessoas que há dias tinham buscado refúgio na embaixada alemã. Cinco semanas mais tarde, caía o Muro de Berlim.
Genscher deixou marcas indeléveis também no Tratado 2 + 4, firmado em setembro de1990 entre as duas Alemanhas e as quatro potências vencedoras da Segunda Guerra. O acordo regulava definitivamente o status da Alemanha unificada, fixando também as fronteiras externas do país.
O então ministro alemão do Exterior foi provavelmente um dos primeiros políticos a reconhecer a importância do presidente soviético, Mikhail Gorbatchov, para a garantia de um processo pacífico de reunificação da Alemanha.
Mas, antes desses triunfos políticos, ele amargara a sensação de impotência diante de um acontecimento como o massacre dos atletas israelenses durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. Genscher era então ministro do Interior no gabinete do chanceler federal Willy Brandt, cargo que assumira no coalizão social-democrata e liberal em 1969.
Membro do governo por mais de duas décadas
Formado em Direito, Genscher fugiu do Leste da Alemanha em 1952, estabelecendo-se em Bremen como advogado. Logo entrou para o Partido Liberal (FDP), tendo sido eleito para o Parlamento pela primeira vez em 1965. Foi membro do Bundestag (a câmara baixa do Legislativo alemão) durante 33 anos.
Tornou-se ministro do Exterior em maio de 1974, quando Helmut Schmidt assumiu a Chancelaria Federal após a renúncia de Willy Brandt. Ao todo, esteve no governo por 23 anos. Ainda hoje é presidente honorário do FDP, partido que comandou durante 11 anos (1974–1985).
O 80º aniversário do "patriota alemão" e "grande europeu" Genscher – que durante sua vida ativa usava invariavelmente um suéter amarelo – está sendo comemorado na noite desta quarta-feira em Berlim, com uma recepção organizada pelo FDP para mais de mil convidados. (lk)