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Gentiloni, o discreto aliado de Renzi

11 de dezembro de 2016

Encarregado de formar um novo governo para a Itália, diplomata Paolo Gentiloni tem personalidade bem oposta à do seu expansivo antecessor. Mesmo assim, são aliados próximos. "Mais renziano do que Renzi", definiu jornal.

Paolo Gentiloni
Foto: Reuters/A. Bianchi

O primeiro-ministro designado da Itália, Paolo Gentiloni, passou a maior parte da sua carreira política nos bastidores. Só em 2014, quando o ex-premiê Matteo Renzi o colocou no cargo de ministro das Relações Exteriores, esse diplomata de 62 anos, que fala fluentemente inglês, francês e alemão, tornou-se mais conhecido dos italianos.

O velho e o novo primeiro-ministros são aliados de longa data, apesar dos temperamentos opostos. Gentiloni é reservado, tranquilo e discreto, ao passo que Renzi é expansivo, hiperativo e gosta de estar no centro das atenções midiáticas.

Mesmo assim, os dois membros do Partido Democrático (PD) são muito próximos. "Mais renziano do que o próprio Renzi", escreveu o jornal La Stampa em 2014, quando dedicou uma curta biografia ao então novo ocupante da Farnesina, a sede do Ministério das Relações Exteriores, e destacou a lealdade dele ao então jovem premiê.

Essa proximidade também foi a primeira característica apontada pela oposição neste domingo (11/12), quando o presidente Sergio Mattarella incumbiu Gentiloni de formar um novo governo. O líder da Liga Norte, Matteo Salvini, chamou Gentiloni de "fotocópia infeliz e inútil de Renzi". Luigi Di Maio, um dos líderes do Movimento Cinco Estrelas, o chamou de "avatar" de Renzi.

Gentiloni ao lado de Kerry, com quem mantém boas relaçõesFoto: Reuters/R. Casilli

As origens políticas de Gentiloni estão na esquerda italiana. Como estudante de ciências políticas nos anos 1970, ele simpatizava, como muitos outros, com o maoísmo. Mas, assim como muitos outros estudantes de esquerda da época, esse filho de uma família aristocrática de Roma logo abandonou as ideias revolucionárias. Hoje ele é visto como um representante do centro.

Gentiloni também manteve por muitos anos uma forte ligação com os ambientalistas italianos. Ele trabalhou na revista A Nova Ecologia, da associação Legambiente, e, entre 1993 e 2001, foi porta-voz do então prefeito verde de Roma, Francesco Rutelli. Gentiloni, assim como Rutelli, integrou a aliança de esquerda l'Ulivo, da qual o Partido Democrático surgiu em 2007.

Em 2001, Gentiloni entrou pela primeira vez para o Parlamento italiano, como deputado. Durante o governo de Romano Prodi, de 2006 a 2008, ele foi ministro da Comunicação. Em 2012, tentou ser candidato da esquerda à prefeitura de Roma, mas fracassou nas prévias. Quando a aposentadoria política parecia se aproximar, Renzi o chamou para o Ministério das Relações Exteriores, em 2014.

Gentiloni, que é conhecido por ser workaholic, meticuloso e perfeccionista, deu-se bem na função. Seus colegas dos EUA, John Kerry, e da Rússia, Serguei Lavrov, apreciam seu trabalho. Agora, a experiência no cargo lhe será especialmente útil, já que, no próximo ano, a Itália assumirá a presidência do G7 e integrará o Conselho de Segurança da ONU como membro não permanente.

AS/afp

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