Gerd Müller, artilheiro do futebol alemão, morre aos 75 anos
15 de agosto de 2021
Atacante fez o gol decisivo da vitória da Alemanha na Copa do Mundo de 1974 e deteve por quase meio século o recorde de mais gols em uma mesma temporada da Bundesliga.
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A lenda do futebol alemão Gerd Müller, um dos maiores artilheiros do país e que teve papel decisivo na Copa do Mundo de 1974, morreu neste domingo (15/08), aos 75 anos, informou o seu antigo clube, o Bayern de Munique.
Müller fez 68 gols em 62 partidas pela seleção da República Federal da Alemanha e é o terceiro maior artilheiro em Copas do Mundo, com 14 gols, atrás do brasileiro Ronaldo, com 15, e do alemão Miroslav Klose, com 16.
Ele também venceu o Campeonato Europeu em 1972 e ergueu inúmeros outros troféus ao longo de 15 anos jogando no Bayern.
"Hoje é um dia triste e escuro para o Bayern de Munique e todos os seus fãs. Gerd Müller foi o maior artilheiro que já houve, e uma boa pessoa e personalidade do mundo do futebol", afirmou Herbert Hainer, presidente do clube.
Triunfo na Copa de 1974
Müller foi contratado pelo Bayern de Munique em 1964 e fez parte de uma era que estabeleceu o time com um dos melhores da Europa.
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Ao lado de jogadores como Sepp Maier, Franz Beckenbauer, Paul Breitner e Uli Hoeness, ele também ajudou a República Federal da Alemanha a vencer o primeiro Campeonato Europeu, em 1972.
O ponto alto da sua carreira ocorreu em 1974, quando ele fez o gol decisivo que garantiu a vitória da sua seleção na Copa do Mundo, em Munique, contra a Holanda.
"Gerd Müller foi o maior artilheiro que já tivemos na Alemanha", disse em 2015 Joachim Löw, ex-treinador da seleção alemã que deixou o cargo em junho.
Conhecido como excelente cobrador de pênaltis, Müller é até hoje o recordista em gols na Bundesliga, com 365 em 427 jogos, muitos dos quais ocorreram a partir de posições ou ângulos dos quais fazer um gol parecia ser uma tarefa impossível.
Seu recorde de 40 gols em uma mesma temporada da Bundesliga, alcançado em 1971/1972, manteve-se por quase meio século e foi superado apenas em maio deste ano, quando Robert Lewandowski fez o seu 41º gol da temporada 2020-2021.
Aposentadoria discreta
Müller já havia saído dos holofotes e nos últimos anos vivia em uma casa de repouso, cercado de cuidados em função da doença de Alzheimer que o afetou.
"Ele sempre foi um lutador, sempre corajoso, em toda a sua vida", disse a sua esposa, Uschi Müller, ao jornal Bild em novembro de 2020, antes de ele fazer 75 anos.
"E ele segue sendo agora. Gerd está dormindo em direção ao seu fim. Ele está silencioso e em paz, e não acho que ele tenha que sofrer", disse.
Além de Müller ter dado uma contribuição importante ao Bayern de Munique, seu time também teve um papel relevante em seu destino após ele parar de jogar.
Depois do fim de sua carreira como jogador, em 1982, ele teve alcoolismo, e seus antigos colegas de time o convenceram a ir para uma clínica de reabilitação. Após se recuperar, o Bayern de Munique deu a ele uma posição de técnico no seu time sub-23.
A vitória contra o alcoolismo foi provavelmente a mais importante de sua vida. "Depois de quatro semanas, estava curado. Fazer isso em tão pouco tempo foi uma grande conquista", ele disse em 2007.
Se tivesse jogado nos dias de hoje, Müller teria ficado milionário, mas é incerto se ele seria uma celebridade e ativo nas redes sociais.
Müller era uma estrela, mas não uma que gostasse do glamour e dos tapetes vermelhos, e jornalistas dificilmente tinham uma boa manchete após suas entrevistas.
Ele não invejava Beckenbauer por ter seguido famoso após ter parado de jogar e continuado a viajar o mundo como treinador. "Não sou do tipo que gosta de estar longe de casa", ele disse antes de sua doença avançar.
bl (dpa, DW)
Os 10 maiores jogadores de futebol da Alemanha
Com quatro títulos mundiais e três Eurocopas, a Alemanha é uma das nações mais fortes do futebol. Muitos craques vestiram a camisa da "Nationalelf". Relacionamos os 10 mais importantes da história. Concorda com a lista?
Foto: picture alliance/dpa/W. Baum
#10: O matador dos gols bonitos
Jürgen Klinsmann não conquistou tantos títulos na carreira, mas foi talvez o atacante mais completo do futebol alemão. Seu arranque era fenomenal, marcava belos gols com ambas as pernas e subia de cabeça como poucos. Em três Copas do Mundo, balançou 11 vezes as redes. Foi campeão mundial em 1990 e europeu, como capitão, em 1996.
Foto: picture-alliance / dpa/dpaweb
#9: O polivalente
Capitão nas Copas de 2010 e 2014, além da Eurocopa de 2012, Philipp Lahm personifica as principais qualidades de um jogador alemão: disciplina tática, dedicação e excepcional condição física. Lahm atuou em ambas as laterais e no meio-campo defensivo – e sempre no mais alto nível técnico. Ele simboliza o renascimento e a nova mentalidade do futebol alemão.
Foto: Imago
#8: O capitão dos vices
Considerado um dos melhores jogadores da década de 80, Karl-Heinz Rummenigge conquistou todos os títulos possíveis com o Bayern de Munique. Com a seleção alemã, porém, não teve a mesma sorte. Até ganhou a Eurocopa de 1980 e foi eleito melhor jogador do torneio, mas perdeu as finais das Copa de 1982 e 1986 – ambas como capitão. Rummenigge marcou 45 gols em 95 partidas pela Alemanha.
Foto: Getty Images/Bongarts
#7: O maior artilheiro em Copas
Como deixar de fora o maior artilheiro em Copas? Nascido na Polônia, Miroslav Klose não se destacava por sua habilidade ou gols bonitos – ele era um daqueles centroavantes clássicos com excepcional posicionamento na grande área. Assim marcou 16 gols em Copas e lidera a artilharia da seleção alemã com 71 gols em 137 partidas. Impressionante: em quatro Copas, nunca terminou abaixo da 3ª colocação.
Foto: Reuters
#6: O craque sem títulos
Pode-se dizer que Uwe Seeler é o Zico da Alemanha. Grandioso jogador, carismático, leal e símbolo de uma geração excepcional, mas que não conseguiu conquistar um Mundial. Seeler foi capitão da Alemanha nas Copas de 1966 – quando perdeu a polêmica final para os ingleses – e 1970. O ex-atacante do Hamburgo foi também o primeiro esportista a receber o Ordem de Mérito da República Federal da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/Heidtmann
#5: O milagreiro de Berna
Helmut Rahn é considerado o autor do gol mais importante do futebol alemão – aquele que devolveu a autoestima depois da Segunda Guerra. Na final da Copa de 1954, frente a Hungria, Rahn anotou o gol do título, aos 39 minutos do 2º tempo, celebrado com a narração épica de Herbert Zimmermann que não parava de gritar "gol". A história de Rahn e daquele Mundial é contada no filme "O milagre de Berna".
Foto: AP
#4: O recordista
Lotthar Matthäus é recordista de partidas disputadas (150) e como capitão (75) pela seleção alemã. Conquistou a Eurocopa de 1980 e a Copa de 1990, além de dois vices nos Mundiais de 1982 e 1986. Somando ainda os de 1994 e 1998, Matthäus é o único jogador de linha a participar de cinco Copas. Matthäus foi o primeiro a ser eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa, levando a Bola de Ouro em 1991.
Foto: AP
#3: O "Bomber da Nação"
Impressionantes 68 gols em 62 partidas pela Alemanha; artilheiro da Copa de 1970; 14 gols em Mundiais; máximo goleador em 18 competições distintas – a lista de recordes de Gerd Müller, o "Bomber da Nação", é extensa. Seus impressionantes 85 gols na temporada de 1971/1972 foram superados somente por Lionel Messi, em 2012. Müller marcou o gol decisivo do título mundial de 1974 da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Robinson
#2: O gênio da chuva
Fritz Walter foi o primeiro grande craque – que alçou a Alemanha ao patamar das grandes nações do futebol. Meia cerebral, ele capitaneou a Alemanha contra a máquina húngara de Ferenc Puskas na Copa de 1954. Naquela final choveu – chamado na Alemanha de o "Clima Fritz Walter". Por ter contraído malária na Segunda Guerra, ele tinha dificuldades de jogar no calor e, portanto, preferia atuar na chuva.
Foto: picture alliance / dpa
#1: O Kaiser
Somente Mário Jorge Lobo Zagallo e Franz Beckenbauer conquistaram a Copa do Mundo como jogador e treinador. Beckenbauer liderou a geração que venceu a Eurocopa de 1972 e o Mundial de 1974 e treinou a Alemanha na Copa de 1990. Beckenbauer é sinônimo da posição de líbero, e sua liderança, inteligência tática e inconfundível elegância em campo lhe deram o apelido de Kaiser, o imperador alemão.