Com 115 votos, secretário-geral da Uefa é escolhido para ser o sucessor de Joseph Blatter no comando da entidade máxima do futebol mundial: "Quero trabalhar para estabelecer uma nova era."
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Gianni Infantino foi eleito nesta sexta-feira (26/02) presidente da Fifa, como sucessor de Sepp Blatter. O suíço-italiano de 45 anos, atual secretário-geral da Uefa, obteve 115 dos 207 votos no segundo turno do congresso extraordinário da entidade máxima do futebol, em Zurique.
O xeque barenita Salman bin Ebrahim al-Khalifa, presidente da Confederação Asiática de Futebol, ficou em segundo lugar, com 88 votos.
Infantino herda de Blatter – que comandou a Fifa durante 17 anos quase como um chefe de Estado –um cargo bem diferente, cujo foco estará no gerenciamento da crise. Dezenas de dirigentes de várias partes do mundo, incluindo o Brasil, foram indiciados nos Estados Unidos no ano passado por extorsão, lavagem de dinheiro e suborno.
O novo presidente da entidade disse que, apesar dos escândalos do último ano, o futebol merece ser "altamente respeitado".
"Esta foi uma competição esportiva e um grande sinal da democracia da Fifa. Agradeço a todos. Quero trabalhar com todos vocês para estabelecer uma nova era na Fifa, com foco no futebol", declarou Infantino após a eleição. "Vamos restaurar a imagem da Fifa e o respeito pela Fifa, e todos no mundo vão nos aplaudir."
A disputa, com cinco candidatos, havia se transformado num duelo entre Ásia e Europa, ou entre o xeique Salman e Infantino. O príncipe da Jordânia, Ali bin al-Hussein, o diplomata francês Jérôme Champagne – ex-funcionário da Fifa – e o sul-africano Tokyo Sexwale correram por fora na disputa. Antes da primeiro turno da eleição nesta sexta-feira, Sexwale anunciou que estava retirando sua candidatura.
Gianni Infantino, o braço direito de Platini
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Para a escolha do novo presidente era necessária uma maioria de dois terços na primeira rodada de votação, que não foi atingida. Infantino obteve 88 votos; o xeique Salman, 85; e o príncipe Ali, 27. Na rodada seguinte, o critério passou a ser a maioria simples.
A Fifa é composta de 209 federações, e cada uma teve o direito a um voto. Duas federações – Kuwait e Indonésia – estão suspensas e não participaram do congresso. Para chegar aos dois terços eram necessários 138 votos, enquanto no caso de maioria simples, bastavam 104.
Antes da eleição do presidente, os delegados das federações nacionais de futebol presentes no congresso extraordinário da Fifa aprovaram por ampla maioria um pacote de reformas, com o objetivo de restabelecer a credibilidade da instituição.
LPF/afp/ap/rtr/efe
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.