Gigantes da tecnologia lucram com Guerra ao Terror
11 de setembro de 2021
Relatório denuncia promiscuidade entre “big tech” e agências do governo americano. Empresas como Amazon, Microsoft, Google e Facebook fecharam acordos bilionários depois dos ataques de 11 de setembro nos EUA.
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As gigantes da tecnologia teriam lucrado bilhões através de contratos com as Forças Armadas e agências de Defesa dos Estados Unidos, em meio à chamada guerra ao terror, segundo um relatório publicado na véspera do 20º aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001 em solo americano.
No documento intitulado Big Tech Sells War ("Gigantes da tecnologia vendem guerra”, em tradução livre), três grupos de defesa dos direitos civis e da justiça social documentaram uma profusão de contratos entre o governo americano e as empresas Amazon, Facebook, Google, Microsoft e Twitter, a partir de 2004.
Segundo o relatório, esses contratos eram, principalmente, com as agências envolvidas na guerra ao terrorismo. "De 2004 até hoje, as grandes corporações tecnológicas vêm registrando um crescimento enorme na procura por seus serviços, particularmente, a partir do Pentágono e do Departamento de Segurança Interna”, diz o documento.
A demanda por parte dos militares e da inteligência americana pelas chamadas nuvens de dados e softwares de localização via GPS cresceu desde 2001, enquanto a indústria armamentista se tornava cada vez mais digitalizada.
Somente o Departamento de Defesa dos EUA gastou 43,8 bilhões de dólares em contratos com as chamadas big tech desde 2004. O relatório afirma que quatro das cinco agências que mais gastaram com essas empresas lidavam com política externa ou "foram estabelecidas como resultado direto da guerra global ao terror”.
"A Amazon e a Microsoft, particularmente, se mantiveram à frente nos últimos anos, sendo que a Amazon assinou em 2019 quase cinco vezes mais contratos e subcontratos, e a Microsoft, oito vezes mais, em comparação a 2015”, diz o texto.
O relatório afirma que 86% dos contratos da Amazon e 77% dos contratos do Google com agências governamentais estariam diretamente ligados à guerra ao terrorismo.
A Microsoft teria se beneficiado de um salto nos contratos com as agências de defesa durante o governo do presidente Donald Trump, aumentando em seis vezes o total de acordos assinados entre 2016 e 2018.
Em contrapartida, contratos com empresas tradicionais de defesa, como as aeroespaciais Raytheon e Northrop Grumman, vêm declinando nos últimos anos.
As informações no relatório – elaborado pela entidade Action Center on Race and the Economy e os grupos de justiça social LittleSis and MPower Change – foram colhidas através da ferramenta online Tech Inquiry, que permite aos usuários acessar dados sobre contratos com o governo americano.
Essa ferramenta, entretanto, inclui apenas os contratos cujas informações estão disponíveis ao público, o que pode significar que os números apontados no relatório estejam "muito provavelmente, subrepresentados”.
Os autores do relatório condenaram o que consideram uma promiscuidade entre as big tech e as agências de segurança, inclusive com alguns ex-membros do governo assumindo cargos em algumas das gigantes da tecnologia.
rc (AFP, Reuters)
11/09: Nova York, 20 anos depois
Duas décadas após os ataques de 11 de setembro de 2001, algumas feridas cicatrizaram em Nova York, mas muitas marcas permanecem.
Foto: Chip Somodevilla/Getty Images
Lembrança silenciosa
Desde a inauguração em 2014, o Memorial e Museu Nacional do 11 de Setembro atrai milhões de visitantes. Ele homenageia as quase 3.000 vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001 e as vítimas do atentado à bomba ao World Trade Center em 1993. Todos os anos, em 11 de setembro, parentes se reúnem e leem os nomes dos mortos. Turistas e visitantes também fazem suas homanagens.
Foto: Chip Somodevilla/Getty Images
World Trade Center em chamas
A imagem do segundo avião se aproximando do já em chamas World Trade Center para atingir a torre sul é uma das muitas que estão gravadas em nossas memórias coletivas. Um pouco depois, as torres sul e norte desabaram. Em seguida, uma terceira aeronave atingiu o Pentágono. O mundo inteiro acompanhou tudo ao vivo pela televisão.
Foto: Seth McCallister/AFPI/dpa/picture alliance
Guerra contra a Al-Qaeda
Osama bin Laden e a rede terrorista que ele fundou, a Al-Qaeda, foram responsáveis pelos piores ataques da história dos Estados Unidos. Poucas semanas após a tragédia, em outubro, os EUA começaram seus esforços de guerra, com ataques aéreos ao Afeganistão. O objetivo declarado era destruir a Al Qaeda. Osama bin Laden foi encontrado e morto em Abbottabad, no Paquistão, dez anos depois, em 2011.
Foto: Alex Fuchs/AFP/dpa/picture alliance
Novo arranha-céu
O One World Trade Center, construído no Marco Zero, local onde ficavam as Torres Gêmeas, se impõe sobre os outros edifícios de Nova York. Os 417 metros, sem contar a antena sobre ele, corresponde à altura do marco destruído em 2001. O lançamento da pedra fundamental acorreu em 4 de julho de 2004, feriado da Independência dos EUA. Menos de dez anos depois, ele foi inaugurado, em maio de 2013.
Foto: Ed Jones/AFP/Getty Images
Memória, Educação e Arquitetura
O Memorial e Museu Nacional do 11 de Setembro se dedica a documentar, pesquisar e ensinar sobre os ataques ao World Trade Center. Projetado pelo arquiteto israelense-americano Michael Arad, atrai milhões de visitantes todos os anos. Só em 2018, mais de três milhões de pessoas visitaram o museu e mais de seis milhões o memorial.
Foto: Joerg Boethling/imago images
Selfies no Marco Zero
A vida está quase de volta ao normal no local onde milhares de pessoas de diferentes origens e religiões perderam a vida há 20 anos. Selfies, turistas e um memorial fazem parte, hoje em dia, do lugar que mudou a história de Nova York, dos EUA e do mundo.
Foto: Chip Somodevilla/Getty Images
Um dos rostos da tragédia
Em 31 de agosto de 2021, uma pequena foto lembra o aniversário de Lauren Grandcolas. Ela morreu aos 38 anos, a bordo do vôo 93 da United Airlines. Passageiros atacaram os terroristas, que derrubaram o avião na Pensilvânia, antes de atingir o alvo. A história de Lauren sempre foi contada como um das muitas vidas perdidas no triste 11 de setembro de 2001.
Foto: Spencer Platt/Getty Images
Memoriais por todo lugar
O Memorial Hudson Riverfront 11/9, em Nova Jersey, foi construído com os restos do World Trade Center e erguido no local onde as pessoas deixaram a balsa depois de serem evacuadas. Ele é um dos muitos memoriais em Nova York e seu entorno.
Foto: Kena Betancur/AFP/Getty Images
20 anos depois
Nova York duas décadas depois do 11 de setembro: a cidade lamenta mais de 30.000 mortes devido ao coronavírus e dezenas de vítimas em tempestades históricas. Ainda assim, o mito da cidade que está constantemente se reinventando continua vivo.