Girassóis contra a aids
19 de janeiro de 2006A substância vegetal extraída de um tipo de girassol poderá revolucionar a indústria farmacêutica no tratamento da aids. Trata-se de um agente antiviral produzido a partir de uma das 49 variedades do girassol, obtido através de um processo biológico ainda em fase de experimentação.
Resistente ao inverno, a variedade de girassol produz uma substância conhecida como diACQ (ácido dicafeoilquínico), a qual inibe a reprodução do HIV em cultivos de células. Pesquisadores da Universidade de Bonn e do Centro de Estudos Europeus Avançados e de Pesquisas (Caesar) descobriram que o diCQA pode ser obtido através de um processo biológico.
Esperança a baixo custo
Desde muitos anos, essa substância é considerada como uma esperança no tratamento da epidemia, pois a partir dela se tem desenvolvido medicamentos novos e efetivos . No entanto, a sua obtenção até agora, através de um processo químico, é muito cara. Só é possível contar com pequenas doses, o que faz com que seu preço de mercado esteja por volta de 1000 euros por miligrama.
"A novidade é que, com o processo que desenvolvemos, a substância pode ser produzida a um custo consideravelmente menor", comenta Claudio Carboncini, um dos autores do estudo.
O pesquisador contou à DW-WORLD que, desde 1999, virólogos constataram que o ácido dicafeoilquínico inibe a penetração do HIV no DNA humano, o que previne a aparição da doença.
Procedimento já patenteado
O experimento científico, através do qual foi obtida a substância, consiste na indução de uma doença típica do girassol chamada mofo branco, causado pelo fungo sclerotinia sclerotiorum.
A planta produz o diCQA como uma reação de defesa, um anticorpo que pode deter a expansão do fungo. "A mesma substância foi encontrada em alcachofras, pertencentes à família do girassol", sintetizou o cientista.
"Estamos longe da produção industrial", afirmou Cerboncini. Os cientistas já patentearam o processo biológico e agora esperam encontrar sócios na indústria farmacêutica para testar a substância em novos medicamentos.
Até o momento, apenas organizações agrícolas argentinas que oferecem plantas de girassol manifestaram interesse.