O papel da mídia
2 de junho de 2008Estupros no Sudão, guerra civil no Zimbábue, violações dos direitos humanos em Mianmar ou no Tibete, violência e repressão nas regiões de crise: tudo isto passaria despercebido, se não fossem os meios de comunicação livres. Jornalistas corajosos e engajados revelam e acusam, diariamente, formando a consciência de nosso planeta.
Porém até onde exatamente vai o poder dos meios de comunicação? A que perigos se expõem em nome da paz? O primeiro Global Media Forum da Deutsche Welle encara estas e outras questões durante dois dias na cidade de Bonn. O congresso internacional reúne 800 jornalistas, políticos, pesquisadores e representantes da cultura de todo o mundo.
Europa e as crises do mundo
O tema do encontro não poderia ser mais atual: "Trabalho pela paz e prevenção de crises". Não faz muito tempo, dois jornalistas da Deutsche Welle foram assassinados no Afeganistão. Porém o lema em Bonn é diálogo, não auto-reflexão. Segundo Erik Bettermann, o diretor-geral da empresa internacional de comunicação da Alemanha:
"O papel do jornalismo e das mídias tem que ser discutido e definido. Isto se aplica da mesma forma ao trabalho pela paz e prevenção de crises, governança e direitos humanos, sociedade civil e transmissão de valores, educação e desenvolvimento."
O que faz a Europa contra as crises do mundo? Esta pergunta esteve no centro dos debates, logo no início do Global Media Forum. Na realidade, há um bom tempo a prevenção de crise compõe uma das quatro colunas da política externa da União Européia.
Comprometimento autoimposto
Capacetes azuis da UE cuidaram, por exemplo, da segurança das eleições no Congo, policiais da UE vigiam a fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza. A UE ajuda a criar estruturas de segurança e de Estado de direito nos Bálcãs, no Afeganistão e nos países da extinta Cortina de Ferro. Porém há lacunas e, conseqüentemente, muito a fazer, como lembrou Georg Boomgaarden, vice-ministro alemão das Relações Exteriores:
"A livre imprensa e sua diversificada oferta de informação são uma precondição para o funcionamento de estruturas democráticas e do Estado de direito. Não tenho dúvidas de que uma imprensa democrática se autoimpõe o comprometimento com valores como liberdade, tolerância, com a dissolução de imagens hostis e com uma cultura da resolução pacífica de conflitos."
Instituição permanente
Shirin Ebadi, Prêmio Nobel da Paz, veio do Irã para o fórum global. Ela definiu assim o papel da mídia: "Ao se desmascarar a violência, também se desperta a consciência humana. E aí se encontra uma solução. A atividade jornalística é ao mesmo tempo perigosa e sagrada".
Por rádio, televisão ou internet, a Deutsche Welle transmite diariamente suas notícias para todo o mundo, "do centro da Europa". Pois, afinal, dois terços da população mundial ainda vivem em países onde liberdade de imprensa é um conceito desconhecido.
Assim, os jornalistas da Deutsche Welle ajudam na construção de uma mídia livre, como foi o caso no Afeganistão, ao fim do regime talibã. A partir de agora, o Global Media Forum será uma instituição permanente.