No dia em que o mundo lembra a morte de Martin Luther King, doodle dá destaque a mulher que também lutou pelos direitos civis nos Estados Unidos. Nascida há 90 anos, ela se destacou como escritora.
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O 4 de abril entrou para a história como a data do assassinato de Martin Luther King, ativista de direitos humanos e civis americanos. Nesse dia, em 1968, o racista James Earl Ray atirou em King, que estava na sacada de um hotel em Memphis, Tennessee.
Contudo, nesta quarta-feira (04/04), o doodle do Google escolheu homenagear uma mulher ativista negra: uma ilustração que retrata Maya Angelou aparece acima da caixa de busca da ferramenta. A americana, que morreu em 2014, completaria 90 anos nesta quarta.
Marguerite Annie Johnson nasceu em St. Louis, Missouri, EUA. Após ser estuprada pelo namorado da mãe aos sete anos de idade, ela ficou muda por cinco anos e passava os dias lendo. Aos 17, engravidou. Para sustentar o filho, se tornou a primeira mulher e negra a ser motorista de bonde da cidade de São Francisco, Califórnia.
Mas ela nunca abandonou o gosto por ler e escrever e acabou tornou a primeira mulher negra roteirista e diretora em Hollywood. Também trabalhou como atriz, cantora e dançarina em peças teatrais que percorriam os EUA nos anos 50, quando surgiu o pseudônimo Maya Angelou.
Em 1969, publicou seu primeiro livro, I Know Why the Caged Bird Sings, autobiografia pela qual foi indicada para o National Book Award em 1970.
Angelou também escreveu textos jornalísticos durante período em que viveu na África, se envolveu em movimentos de independência africanos e acabou se tornando uma das ativistas de direitos civis de maior destaque de sua geração.
De volta aos EUA, se tornou amiga pessoal de Martin Luther King e Malcon X. Atuou na luta pelos direitos civis americanos na década de 60 e ajudou a fundar a Organization of African American Unity. Assistiu aos assassinatos dos dois amigos ativistas, tendo King morrido no aniversário de 40 anos de Angelou.
Em reconhecimento ao seu ativismo político ligado aos negros e às mulheres, Angelou foi convidada a recitar um de seus poemas, On the Pulse of Morning, na posse do presidente Bill Clinton, em 1993.
Em 2011, o então presidente Barack Obama entregou a Maya Angelou a Medalha Presidencial da Liberdade. A poeta e autora foi "uma das luzes mais brilhantes dos nossos tempos", disse Obama na ocasião.
Já com a saúde debilitada, Angelou morreu em maio de 2014 e deixou como legado palavras como estas: "Aprendi que as pessoas vão esquecer o que você disse, que as pessoas irão esquecer o que você fez, mas que elas nunca esquecerão como você as fez sentir" (And Still I Rise, 1978).
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Os principais pontos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
Proclamada em 1948, carta é válida para todos os Estados-membros das Nações Unidas. Mas ainda há um longo caminho até que o documento seja implementado para todos, em todo o mundo.
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Direitos iguais para todos (Artigo 1°)
"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos." Em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou em Paris a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O ideal é claro, mas continua muito distante de encontrar aplicação concreta.
Foto: Fotolia/deber73
Ter e viver seus direitos (Artigo 2°)
Todos os direitos e liberdades da Declaração se aplicam a todos, que podem invocá-los independente de "raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou qualquer outra condição". No nível internacional, contudo, é quase impossível reivindicar esses direitos.
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Direito à vida e à liberdade (Artigos 3°, 4°,5°)
"Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal." (3°) "Ninguém será mantido em escravidão ou servidão." (4°) "Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento cruel, desumano ou degradante" (5°).
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Igualdade perante a lei (Artigo 6° a 12)
Toda pessoa tem direito a um julgamento justo e à proteção da lei (6°, 8°, 10, 12). Todos são considerados inocentes até que a sua culpabilidade seja comprovada (11). "Todos são iguais perante a lei" (7°) e "Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado" (9°).
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Ninguém é ilegal (Artigos 13, 14, 15)
"Todo indivíduo tem o direito de livremente circular e escolher o seu domicílio dentro de um Estado". "Todos têm o direito de deixar qualquer país" (13). "Toda pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar asilo em outros países" (14). "Todo indivíduo tem o direito a ter uma nacionalidade" (15).
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Contra os casamentos forçados (Artigo 16)
Homens e mulheres têm direitos iguais antes, durante e depois do casamento. Um casamento "será válido somente com o livre e pleno consentimento dos futuros esposos". A família tem direito à proteção da sociedade e do Estado. Mais de 700 milhões de mulheres em todo o mundo vivem em um casamento forçado, afirma o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Foto: picture-alliance/dpa
Direito à propriedade (Artigo 17)
"Toda pessoa tem direito, individual ou coletivamente, à propriedade. Ninguém pode ser privado arbitrariamente de sua propriedade." Ainda assim, seres humanos são expulsos de suas terras em todo o mundo, por não terem documentos válidos – a fim de abrir caminho para o desenvolvimento urbano, a extração de matérias primas, a agricultura, ou para uma barragem de hidrelétrica, como no Brasil.
Foto: AP
Liberdade de opinião (Artigos 18, 19, 20)
"Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião" (18). "Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão" (19). "Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas" (20).
Foto: picture-alliance/dpa
Direito à participação (Artigos 21, 22)
"Todo indivíduo tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos" (21). Há um "direito à segurança social" e garantia de direitos econômicos, sociais e culturais, "que são indispensáveis à dignidade" (22).
Foto: REUTERS/Saudi TV/Handout
Direito ao trabalho (Artigos 23 e 24)
"Toda pessoa tem direito ao trabalho". "Toda pessoa tem direito a igual remuneração por igual trabalho". "Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória" e pode participar de um sindicato (23). "Toda pessoa tem direito ao lazer" (24).
Foto: picture-alliance/dpa
Uma vida digna (Artigo 25)
"Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais necessários". "A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais." No mundo inteiro, mais de 2 bilhões estão subnutridos, mais de 800 milhões passam fome.
Foto: picture-alliance/dpa
Direito à educação (Artigo 26)
"Toda pessoa tem direito à educação". O ensino fundamental deve ser obrigatório e gratuito para todos. "A educação deve ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do respeito aos direitos humanos." Na prática, 750 milhões de pessoas no mundo são analfabetas, das quais 63% são mulheres e 14% são jovens entre 15 e 24 anos, afirma o relatório sobre educação da Unesco.
Foto: DW/H. Hashemi
Arte e ciência (Artigo 27)
"Toda pessoa tem direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico". Todos os "autores de obras de ciência, literatura ou arte" estão protegidos legalmente. Hoje, a distribuição digital de muitas obras é algo controverso. Muitos autores veem seus direitos autorais violados pela distribuição na internet.
Foto: AP
Direitos indivisíveis (Artigos 28, 29, 30)
"Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades possam ser plenamente realizados" (28). "Toda pessoa tem deveres para com a comunidade" (29). Nenhum Estado, grupo ou pessoa pode limitar os direitos humanos universais (30). Todos os Estados-membros da ONU assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos.