Google Maps mostra destruição em Mariupol por ataques russos
28 de abril de 2023
Novas imagens de satélite revelam dimensão dos estragos causados por semanas de intensos bombardeios russos na cidade portuária ucraniana de grande importância estratégica.
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Imagens atualizadas de satélite disponibilizadas pelo Goggle Maps nesta sexta-feira (28/04) revelaram a extensão da destruição causada por bombardeios russos em Mariupol, na Ucrânia, assim como as tentativas de Moscou de eliminar as provas da devastação causada por seus ataques à cidade portuária.
Mariupol foi impiedosamente bombardeada por mais de 80 dias durante a uma ofensiva brutal russas para tomar a cidade portuária considerada de grande importância estratégica.
Pouco depois do início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, as forças de Moscou cortaram o abastecimento de eletricidade, água e gás. As tropas invasoras impuseram um cerco à cidade e deram início a bombardeios incessantes. Nas semanas seguintes, bairros inteiros ficaram inabitáveis e as rotas para deixar a cidade foram fechadas.
Mais de mil habitantes buscaram abrigo num teatro que acabou sendo bombardeado e transformado em ruínas. Os ocupantes pintaram em letras grandes, no chão diante do edifício, a palavra russa Deti (crianças), o que não impediu um ataque aéreo. Em 16 de março de 2022, os russos bombardearam o teatro. As diferentes estimativas oscilam entre 300 e 600 mortos.
A ONG Anistia Internacional condenou o incidente como crime de guerra. Em dezembro, a Rússia começou a demolir o que restou do teatro, sendo acusada pelas autoridades ucranianas de tentar encobrir suas violações.
Depois do bombardeio do teatro, um ataque a uma maternidade gerou nova onda de repúdio. As imagens de mulheres grávidas ensanguentadas correram o mundo e se tornaram símbolo da brutalidade da guerra.
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Cidade em ruínas
Em meados de abril de 2022, as tropas ucranianas em Mariupol receberam ordens para se reagrupar no grande complexo siderúrgico Azovstal. Funcionários e suas famílias também se abrigaram no local, onde se tornaram alvos de intensos bombardeios durante semanas.
Em meio a escassez de água e alimentos, o drama dos ucranianos no Azovstal ganhou atenção internacional. Em 1º de maio, a ONU e a Cruz Vermelha intermediaram um acordo que permitiu que os civis deixassem a usina. Duas semanas mais tarde, as tropas ucranianas receberem ordens para se render.
No total, 2.439 combatentes se entregaram às forças russas do lado de fora da usina. Assim, Mariupol finalmente era tomada pelo invasor. Segundo uma avaliação, 46% dos edifícios da cidade de 400 mil habitantes foram destruídos ou danificados.
A ONU calcula que 90% dos prédios residenciais foram tornados inabitáveis. Os subúrbios da cidade tampouco foram poupados, com as imagens de satélite mostrando a vasta extensão dos danos em áreas residenciais.
A agência de notícias Associated Press afirma que ao menos 10 mil novas covas estão espalhadas pela cidade O total dos mortos em Mariupol é estimado em 25 mil.
rc/av (ots)
Ataques da Rússia a alvos civis na Ucrânia
Vladimir Putin nega que o exército russo esteja atacando alvos civis na guerra na Ucrânia. Mas os fatos o contradizem, como mostra esta galeria de fotos, que nem de longe abrange todos os ataques russos.
Foto: Maksim Levin/REUTERS
Mais de 5.500 civis mortos
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou no fim de junho: "O exército russo não está atacando alvos civis". Observadores independentes discordam: de acordo com dados da ONU, mais de 5.500 civis morreram na Ucrânia desde o início da guerra e mais de 7.800 ficaram feridos como resultado de ataques russos. Na foto, um centro comercial destruído em Kremenchuk, 27/06/2022.
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Chaplyne: 25 mortos em bombardeio
Uma enorme cratera em Chaplyne. A pequena cidade no leste da Ucrânia, com cerca de 3.800 habitantes, foi alvo de um ataque russo em 24 de agosto, como admitiu mais tarde o Ministério da Defesa em Moscou. O alvo foi um trem de transporte de armas, mas o ataque também atingiu civis. Segundo a companhia ferroviária ucraniana, 25 foram mortos, incluindo duas crianças.
Foto: Dmytro Smolienko/Ukrinform/IMAGO
Vinnytsia: 28 vítimas em ataque com foguete
Em 14 de julho, o exército russo atingiu com um míssil a Casa dos Oficiais de Vinnytsia, onde teria ocorrido "uma reunião da liderança militar das Forças Armadas ucranianas e fornecedores estrangeiros de armas". Entre os 28 mortos, estavam três crianças e três oficiais, além de mais de 100 feridos. Vinnytsia se localiza a sudoeste de Kiev.
Foto: State Emergency Service of Ukraine/REUTERS
Chasiv Yar: 48 mortos em bombardeio
Na noite de 9 de julho, a pequena cidade de Chasiv Yar, no leste da Ucrânia, foi bombardeada. Segundo a mídia, os lançadores de foguetes múltiplos Uragan foram disparados em áreas residenciais. Um edifício residencial de cinco andares foi duramente atingido, e 48 corpos foram resgatados de seus escombros.
Foto: Nariman El-Mofty/AP/dpa/picture alliance
Serhiyivka: 21 mortos em ataque com mísseis de cruzeiro
Um ataque a Serhiyivka em 1º de julho custou pelo menos 21 vidas. O porto perto de Odessa aparentemente foi atingido por mísseis de cruzeiro durante a noite, como a Anistia Internacional informou após investigações no local. Pelo menos 35 ficaram feridos nos ataques. Por ser um resort de saúde, Serhiyivka é particularmente popular entre os turistas russos.
Foto: Maxim Penko/AP/picture alliance
Kramatorsk: 61 mortos na estação de trem
Imagens terríveis de Kramatorsk deram a volta ao mundo em 8 de abril: vários mísseis submarinos russos 9K79-1 Tochka atingiram a estação ferroviária da cidade no leste da Ucrânia, enquanto passageiros esperavam pelo trem. 61 foram mortos, incluindo sete crianças. Cientistas de balística determinaram que os mísseis haviam sido disparados da área da Ucrânia controlada pelos russos.
Foto: Ukrainian President Volodymyr Zelenskyy's Telegram channel/dpa/picture alliance
Bucha: encontrados 1.316 corpos
Bucha tornou-se sinônimo das ações brutais do Exército russo: depois que as tropas inimigas partiram, em 30 de março, vários corpos jaziam na rua Jablunska. No total, foram encontrados 1.316 corpos em Bucha e arredores. Embora a Rússia tenha negado quaisquer massacres, verificadores de fatos internacionais e equipes de investigação confirmaram execuções de civis por soldados russos.
Foto: Zohra Bensemra/Reuters
Mykolaiv: 36 mortos em ataque à administração regional
Em 29 de março, um ataque aéreo atingiu o prédio da administração regional de Mykolaiv. A parte central do edifício foi completamente destruída, do primeiro ao nono andar, restando apenas um esqueleto do prédio. A explosão também danificou vários edifícios residenciais e administrativos próximos, causando a morte de 36 cidadãos.
Em 16 de março, uma bomba destruiu o teatro no centro de Mariupol. De acordo com a Human Rights Watch, mais de 500 civis estavam se abrigando dos ataques no prédio na época. A palavra "Crianças" escrita em enormes letras brancas na frente e atrás do prédio não serviu como escudo. Segundo a prefeitura, 300 morreram.
Foto: Pavel Klimov/REUTERS
Mariupol: quatro mortos em ataque a clínica
Um ataque aéreo russo em 9 de março destruiu o hospital infantil e a maternidade de Mariupol. Houve menos quatro mortes, incluindo uma grávida e seu bebê, 17 ficaram feridos. Enquanto o Ministério da Defesa russo falou de uma "provocação encenada", o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, chamou o atentado de "crime de guerra".
Foto: Evgeniy Maloletka/AP/picture alliance
Charkiv: foguete mata 24 pessoas
Um vídeo de vigilância divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia mostrou um foguete atingindo o prédio da Administração Estatal Regional de Kharkiv em 1º de março, causando 24 mortes, inclusive de transeuntes.
Foto: Pavel Dorogoy/AP/picture alliance
Inquérito do Tribunal Penal Internacional
As autoridades ucranianas relatam mais de 29 mil crimes de guerra, do início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022, até 26 de agosto. Investigações independentes prosseguem. O Tribunal Penal Internacional enviou equipes para coletar informações. De acordo com as Convenções de Genebra, ataques deliberados a civis são crimes de guerra. No entanto, a Rússia não reconhece a corte sediada em Haia.