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Governador criticado após propor suspensão de medidas

25 de maio de 2020

Com seu plano de revogar as restrições em seu estado a partir de 6 de junho, líder da Turíngia gera debate sobre fim das medidas de combate à covid-19 no país. "Experimento altamente perigoso", diz governo da Baviera.

Bodo Ramelow, governador da Turíngia
Planos de Bodo Ramelow, do partido A Esquerda, não foram bem recebidos por seus parceiros de coalizãoFoto: picture-alliance/dpa/M. Reichel

A proposta do governador da Turíngia, na região da antiga Alemanha Oriental, de suspender as medidas restritivas de combate ao coronavírus em seu estado após uma resposta relativamente bem-sucedida à pandemia está atraindo críticas de outras autoridades.

Bodo Ramelow, do partido A Esquerda, disse no último sábado (23/05) que espera suspender as medidas restantes de bloqueio em todo o estado da Turíngia a partir de 6 de junho próximo, substituindo-as por um "conceito de recomendações e de combate local à covid-19 caso o número de infecções venha a aumentar". Em sua página na internet, o governador afirmou: "O lema deve ser: da proibição à recomendação, da obrigatoriedade estatal à responsabilidade pessoal."

Ainda não se sabe exatamente como isso funcionaria, mas a ideia de Ramelow se concentra em atuar em cidades ou distritos individualmente, se estes registrarem 35 novas infecções por 100 mil habitantes ao longo de sete dias. Esse limite é menor que o atualmente em vigor no país, de 50 novos casos por 100 mil habitantes.

Na Alemanha, os governos estaduais são responsáveis por impor e suspender medidas restritivas. Todos os 16 estados possuem, atualmente, regras de combate ao coronavírus, incluindo imposições de distanciamento físico e obrigação do uso de máscaras em transportes públicos e lojas. A nova abordagem da Turíngia aumentaria a pressão sobre outros estados para também relaxarem seus regulamentos.

Além do partido de Ramelow, A Esquerda, também fazem parte da coalizão de governo na Turíngia o Partido Verde e o Partido Social-Democrata (SPD). Por sua vez, os parceiros de aliança se mostraram reticentes quanto à proposta do governador.

A revogação de todas as restrições, incluindo as regras de distanciamento, passando assim a responsabilidade para os municípios e cidadãos, "vem a nosso ver não apenas muito cedo, mas gera uma ideia errada de segurança", disse o líder dos verdes na Turíngia, Bernhard Stengele.

O SPD considera a iniciativa de Ramelow "um claro erro", disse o político social-democrata da área de saúde Karl Lauterbach ao jornal Saarbrücker Zeitung nesta segunda-feira. "Porque não temos nenhuma informação nova quanto à periculosidade do vírus", argumentou. Segundo Lauterbach, a Turíngia põe exatamente em questão "as medidas às quais se devem todo o sucesso [de combate ao vírus] que vemos no momento."

O chefe de gabinete do governador da Baviera rejeitou, sem rodeios, a ideia de Ramelow, dizendo que o governo bávaro está "perplexo". Ao jornal Bild, Florian Herrmann afirmou que "os planos da Turíngia são um experimento altamente perigoso para todos neste país", explicando que "é muito cedo para suspender todas as medidas de proteção e não é algo apropriado na situação atual, porque o vírus ainda não foi derrotado".

O governador do Sarre, Tobias Hans, foi mais diplomático, mas disse ao diário Die Welt que, mesmo com as restrições relaxadas, "ainda precisamos de regras estabelecidas pelo Estado para que os imperativos de cautela sejam cumpridos, a fim de evitar confinamentos regionais e taxas de mortalidade mais altas".

Houve críticas também por parte dos partidos conservadores União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, e União Social Cristã (CSU), legenda-irmã da CDU na Baviera.

O vice-líder da bancada parlamentar conservadora em Berlim, Thorsten Frei, declarou ao jornal Welt que "o desejo de voltar rapidamente ao normal é compreensível, mas também perigoso", lembrando ainda que as infecções podem ficar "rapidamente fora de controle".

Até agora, apenas a Saxônia está planejando seguir em parte o exemplo da Turíngia. "Se o número de novas infecções permanecer estável em nível baixo, estamos planejando uma mudança de paradigma na próxima diretriz de defesa contra o coronavírus, para o período a partir de 6 de junho", disse a secretária de Saúde da Saxônia, Petra Köpping.

A Alemanha registrou, até agora, cerca de 180 mil casos de coronavírus e 8,3 mil mortes, de acordo com a Universidade Johns Hopkins, que compila dados sobre a doença. A taxa de mortalidade alemã é menor que a de vários outros países europeus, e a taxa geral de infecção na Turíngia é ainda inferior à média alemã.

Em meio aos recentes casos de infecção num culto em Frankfurt e num restaurante na cidade de Leer, no estado da Baixa Saxônia, a líder da bancada parlamentar dos verdes em Berlim, Katrin Göring-Eckardt, apelou aos estados para que verifiquem regularmente a eficácia de suas medidas restritivas.

"Muitos deles avançaram com o relaxamento", afirmou ela a jornais do grupo de mídia Funke. "Agora é preciso ter cuidado para não perdermos o controle da situação."

Neste fim de semana, autoridades de saúde anunciaram que, após um culto numa igreja batista em Frankfurt, pelo menos 107 pessoas foram infectadas pelo coronavírus, e 11 pessoas testaram positivo em conexão com uma visita a um restaurante na Baixa Saxônia. "Os casos mostram: devemos continuar vigilantes", disse Göring-Eckardt.

CA/dpa/afp/epd/ots

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