Governador ligado à queda de Morales é preso na Bolívia
29 de dezembro de 2022O governador da região boliviana de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, foi preso nesta quarta-feira (28/12) por ordem de um promotor, em uma detenção denunciada como um sequestro pela oposição. A prisão desencadeou protestos contra e a favor da ação da Justiça.
Ao comunicar a prisão à imprensa, o ministro boliviano do Interior, Eduardo del Castillo, não especificou quais são as acusações que pesam contra o opositor. Mais tarde, foi esclarecido que o governador da região mais populosa da Bolívia foi preso sob a acusação de tramar um golpe de Estado no país.
Camacho é alvo de diversas investigações. Ele foi considerado peça-chave na queda do ex-presidente Evo Morales em 2019 e é acusado de promover protestos regionais em outubro e novembro deste ano pela antecipação de um censo populacional marcado para 2024.
Durante várias horas, não foi informado o paradeiro de Camacho, o que levou a oposição a acusar o governo do presidente Luis Arce de tê-lo sequestrado. Mais tarde, a Procuradoria-Geral confirmou a detenção no âmbito do caso "golpe de Estado I". A ordem de prisão havia sido emitida em outubro por um juiz de La Paz.
Camacho foi levado de helicóptero de Santa Cruz para La Paz, onde está sendo mantido na sede da Força Especial de Luta contra o Crime (Felcc) sob forte vigilância policial.
Acusação de golpe contra Morales
O caso "golpe de Estado I" é uma denúncia de terrorismo relacionada à crise de 2019, que se seguiu a eleições gerais consideradas fraudulentas e levou à renúncia de Evo Morales, o qual denunciou ter sido vítima de um golpe.
Camacho era o principal acusado no caso aberto há quase dois anos. Ele está preso no mesmo local onde está detida a ex-presidente interina Jeanine Áñez e dois de seus ex-ministros, alvos do mesmo processo.
Em Santa Cruz houve protestos contra e a favor da prisão de Camacho. Apoiadores do governador foram até o Comando da Polícia de Santa Cruz, onde houve enfrentamentos com policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo.
A sede do Ministério Público foi incendiada, assim como alguns veículos nas proximidades.
Em contrapartida, manifestantes pró-governo se reuniram na praça central de Santa Cruz para comemorar a prisão de Camacho.
rc/lf (AFP, EFE)