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Governo alemão alerta judeus contra uso do quipá

26 de maio de 2019

Devido a aumento de ataques contra a comunidade judaica na Alemanha, comissário do governo para o antissemitismo desaconselha uso do chapéu característico do judaísmo em público. Presidente de Israel se diz "chocado".

Homem de quipá diante do Portão de Brandemburgo, em Berlim
Crimes antissemitas aumentaram quase 20% na Alemanha de 2017 para 2018Foto: Reuters/Thomas Peter

O comissário do governo alemão para o combate ao antissemitismo aconselhou judeus a não usar o quipá em público, devido a um recente aumento de ataques antissemitas no país.

"Não posso recomendar aos judeus que usem o quipá todo o tempo e em qualquer lugar na Alemanha. Infelizmente preciso dizer isso", afirmou o comissário, Felix Klein, em entrevista ao grupo de mídia Funke neste sábado (25/05).

Klein afirmou que sua opinião sobre o assunto mudou devido a "uma crescente desinibição social e brutalização" na sociedade, que fizeram com que o antissemitismo aumentasse.

"A internet e as redes sociais contribuíram fortemente para isso, mas também os constantes ataques contra a nossa cultura da memória", afirmou.

O comissário sugeriu que policiais e funcionários públicos sejam treinados para lidar com o problema. Klein afirmou que há uma definição clara do que é antissemitismo e que esta deve ser ensinada em academias policiais, assim como a professores e juristas.

De acordo com dados do Ministério do Interior, crimes antissemitas aumentaram quase 20% na Alemanha em 2018 em relação ao ano interior, com 1.799 ocorrências. Klein destacou que 90% dos casos foram praticados por indivíduos que apoiam grupos de extrema direita.

Após as declarações de Klein, representantes da comunidade judaica na Alemanha exigiram que o Estado garanta aos judeus uma vida sem medo. O presidente de Israel, Reuven Rivlin, se disse "profundamente chocado" com a recomendação do comissário alemão.

"A responsabilidade pelo bem-estar, a liberdade e o direito ao exercício da religião por qualquer membro da comunidade judaica está nas mãos do governo alemão e de seus órgão para aplicação da lei", afirmou.

"Temores quando à segurança de judeus alemães são uma capitulação ao antissemitismo e um reconhecimento de que os judeus novamente não estão seguros em solo alemão", acrescentou. O presidente israelense disse que nunca se deve capitular ao antissemitismo.

Neste domingo, o presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, denunciou um aumento das ameaças antissemitas no país, reforçando o alerta de Klein.

"Há muito tempo é fato que, em grandes cidades, judeus estão potencialmente expostos a riscos, se forem identificados como judeus", afirmou. "Eu não tendo a dramatizar, mas, no geral, a situação realmente piorou."

Segundo Schuster, o debate desencadeado por Klein é bem-vindo, pois "está na hora" de toda a sociedade alemã combater o antissemitismo.

A ministra alemã da Justiça, Katarina Barley, manifestou preocupação com a situação. "Os atos violentos cada vez mais frequentes contra judias e judeus são vergonhosos para o nosso país", disse ao jornal Handelsblatt. A ministra afirmou que movimentos de direita atacam a democracia na Alemanha e têm como alvo a convivência pacífica no país.

Klein, cujo posto de comissário para o antissemitismo foi criado no ano passado, ressaltou que políticos e a sociedade precisam reconhecer os problemas que ele apontou e que o combate ao antissemitismo deve ser tarefa de todos.

LPF/afp/dpa

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