Devido a aumento de ataques contra a comunidade judaica na Alemanha, comissário do governo para o antissemitismo desaconselha uso do chapéu característico do judaísmo em público. Presidente de Israel se diz "chocado".
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O comissário do governo alemão para o combate ao antissemitismo aconselhou judeus a não usar o quipá em público, devido a um recente aumento de ataques antissemitas no país.
"Não posso recomendar aos judeus que usem o quipá todo o tempo e em qualquer lugar na Alemanha. Infelizmente preciso dizer isso", afirmou o comissário, Felix Klein, em entrevista ao grupo de mídia Funke neste sábado (25/05).
Klein afirmou que sua opinião sobre o assunto mudou devido a "uma crescente desinibição social e brutalização" na sociedade, que fizeram com que o antissemitismo aumentasse.
"A internet e as redes sociais contribuíram fortemente para isso, mas também os constantes ataques contra a nossa cultura da memória", afirmou.
O comissário sugeriu que policiais e funcionários públicos sejam treinados para lidar com o problema. Klein afirmou que há uma definição clara do que é antissemitismo e que esta deve ser ensinada em academias policiais, assim como a professores e juristas.
De acordo com dados do Ministério do Interior, crimes antissemitas aumentaram quase 20% na Alemanha em 2018 em relação ao ano interior, com 1.799 ocorrências. Klein destacou que 90% dos casos foram praticados por indivíduos que apoiam grupos de extrema direita.
Após as declarações de Klein, representantes da comunidade judaica na Alemanha exigiram que o Estado garanta aos judeus uma vida sem medo. O presidente de Israel, Reuven Rivlin, se disse "profundamente chocado" com a recomendação do comissário alemão.
"A responsabilidade pelo bem-estar, a liberdade e o direito ao exercício da religião por qualquer membro da comunidade judaica está nas mãos do governo alemão e de seus órgão para aplicação da lei", afirmou.
"Temores quando à segurança de judeus alemães são uma capitulação ao antissemitismo e um reconhecimento de que os judeus novamente não estão seguros em solo alemão", acrescentou. O presidente israelense disse que nunca se deve capitular ao antissemitismo.
Neste domingo, o presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, denunciou um aumento das ameaças antissemitas no país, reforçando o alerta de Klein.
"Há muito tempo é fato que, em grandes cidades, judeus estão potencialmente expostos a riscos, se forem identificados como judeus", afirmou. "Eu não tendo a dramatizar, mas, no geral, a situação realmente piorou."
Segundo Schuster, o debate desencadeado por Klein é bem-vindo, pois "está na hora" de toda a sociedade alemã combater o antissemitismo.
A ministra alemã da Justiça, Katarina Barley, manifestou preocupação com a situação. "Os atos violentos cada vez mais frequentes contra judias e judeus são vergonhosos para o nosso país", disse ao jornal Handelsblatt. A ministra afirmou que movimentos de direita atacam a democracia na Alemanha e têm como alvo a convivência pacífica no país.
Klein, cujo posto de comissário para o antissemitismo foi criado no ano passado, ressaltou que políticos e a sociedade precisam reconhecer os problemas que ele apontou e que o combate ao antissemitismo deve ser tarefa de todos.
LPF/afp/dpa
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Grandes e pequenos memoriais em toda a capital alemã relembram seu passado judaico e os crimes do regime nazista.
Foto: Renate Pelzl
Memorial aos Judeus Mortos da Europa
Esse enorme campo de monólitos no centro da capital alemã foi inaugurado em 2005. O projeto é do arquiteto nova-iorquino Peter Eisenmann. Os quase três mil blocos de pedra evocam a lembrança dos seis milhões de judeus de toda a Europa que foram assassinados pelos nazistas.
Foto: picture-alliance/Schoening
Stolpersteine ("pedras de tropeço")
Estes pequenos blocos podem ser encontrados em centenas de calçadas de Berlim, em frente a imóveis que eram ocupados por famílias judias. Nelas, constam os nomes dos antigos moradores judeus e informações sobre seu destino final, como o campo de concentração para onde foram enviados. No total, existem mais de 7 mil desses pequenos memoriais só em Berlim.
Foto: DW/T.Walker
A casa da Conferência de Wannsee
Quinze autoridades nazistas de alto escalão se reuniram nesta mansão às margens do lago Wannsee, no subúrbio berlinense de mesmo nome, em 20 de janeiro de 1942. O tema da conferência: discutir o assassinato sistemático de judeus europeus, que foi batizado de "solução final para a questão judaica". Hoje o local é um memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial Plataforma 17
Rosas brancas na plataforma 17 da estação Grunewald, no oeste da capital, lembram os mais de 50 mil judeus de Berlim que foram enviados para a morte a partir desse local. Em exibição estão 186 placas que mostram a data, o destino e o número de deportados.
Foto: imago/IPON
Museu Otto Weidt
O complexo de prédios Hackesche Höfe no centro de Berlim é mencionado em vários guias de viagem. Em um dos edifícios, ficava a fábrica de escovas e vassouras do empresário alemão Otto Weidt (1883-1947). Durante a era nazista, ele empregou muitos judeus cegos e surdos, salvando-os da deportação e da morte. Hoje o local é um museu.
Foto: picture-alliance/Arco Images
Centro de moda na Hausvogteiplatz
O coração da moda de Berlim uma vez bateu aqui. Uma placa comemorativa feita de espelhos lembra os estilistas e fashionistas judeus que fizeram roupas para toda a Europa na praça Hausvogtei. Os nazistas expropriaram os donos judeus e entregaram os ateliês para funcionários e empresários arianos. Esse centro de moda acabou sendo irremediavelmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Memorial na Koppenplatz
Antes do Holocausto, 173 mil judeus viviam em Berlim. Em 1945 havia apenas 9 mil. O monumento "Der verlassene Raum" (a sala abandonada) está localizado no meio da área residencial da praça Koppen. É uma forma de relembrar os cidadãos judeus que foram tirados de suas casas e nunca retornaram.
Foto: DW
O Museu Judaico
O arquiteto Daniel Libeskind escolheu um design dramático: visto de cima, o edifício parece uma estrela de David quebrada. O Museu Judaico é um dos prédios mais visitados em Berlim, oferecendo uma visão geral da turbulenta história teuto-judaica.
Foto: AP
Cemitério Judaico Weissensee
Ainda há oito cemitérios judaicos em Berlim. O maior deles fica no distrito de Weissensee. Com cerca de 115 mil túmulos, é o maior cemitério judaico da Europa. Muitos judeus perseguidos se esconderam no emaranhado de construções dos cemitérios durante o regime nazista. Em 11 de maio de 1945, três dias após o fim da Segunda Guerra, o primeiro funeral judaico público foi realizado aqui.
Foto: Renate Pelzl
A Nova Sinagoga
Quando a sinagoga da rua Oranienburger foi consagrada em 1866, o prédio foi considerado o mais magnifico templo judaico da Alemanha. O edifício foi danificado na Noite dos Cristais em 1938 e depois foi duramente bombardeado na Segunda Guerra. No início dos anos 1990, foi parcialmente reconstruído. Desde então, sua cúpula dourada voltou a ser facilmente inidentificável no horizonte de Berlim.