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Governo alemão apresenta plano de ação climática para 2020

Clara Walther (ca)3 de dezembro de 2014

Com seu programa de ação Proteção Climática 2020, o governo em Berlim pretende economizar 22 milhões de toneladas de CO2 até 2020. Ambientalistas e políticos criticam, e falam de um "pseudo-gigante".

Foto: picture-alliance/dpa/Oliver Berg

Já nas primeiras horas da manhã, ambientalistas protestavam diante do prédio da Chancelaria Federal em Berlim. Um símbolo de "CO2" ardia em chamas. De luvas grossas, eles seguravam um cartaz com os dizeres: "Proteção climática precisa da desistência do carvão". Para eles, esse é um critério decisivo para medir o êxito do programa de ação Proteção Climática 2020.

Para alguns ambientalistas, esse programa já está fadado ao fracasso. Afinal de contas, a razão do pacote de medidas é a Alemanha ter ficado para atrás na proteção climática. Até 2020, a emissão de gases estufa deveria ser reduzida em 40% em relação a 1990; até agora só se conseguiu reduzir 24%. Por isso é preciso tomar medidas corretivas agora; por isso, esse novo plano de ação.

Redução de CO2 com eficiência energética

Na manhã desta quarta-feira (03/12), após a reunião do gabinete de governo em Berlim, o ministro alemão da Economia e Energia, Sigmar Gabriel, anunciou a intenção de economizar 22 milhões de toneladas de CO2 produzidas por combustíveis fósseis. A medida deverá atingir principalmente as usinas termelétricas de carvão. Até 2015 Gabriel pretende apresentar um projeto de lei a respeito.

"É um importante passo na direção certa", ponderou Daniela Setton, especialista em energia da organização de proteção da natureza Nabu, em entrevista à DW. Afinal de contas, esta seria a primeira vez que o governo alemão age de forma político-regulatória em relação ao carvão mineral. Contudo, "do nosso ponto de vista, a contribuição das usinas termelétricas para a redução das emissões deveria ser triplicada", observou.

Mas a energia proveniente da queima de carvão é somente um componente do programa de ação. Outro campo importante é a eficiência energética. Com a ajuda do Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética (Nape, na sigla em alemão), a emissão de gases do efeito-estufa deverá ser reduzida em mais 25 a 30 milhões de toneladas. Isso deverá ser alcançado com a promoção de medidas de economia energética na construção civil.

Quem, por exemplo, decidir isolar termicamente suas janelas e paredes, deverá receber apoio estatal – e assim, contribuir para a proteção climática. Segundo Setton, "a eficiência energética é realmente verdade um novo instrumento com potencial considerável para a proteção climática, que o governo alemão apresentou". Só que, também nesse ponto, ainda não há financiamento, ressalva a especialista da Nabu.

De trabalho de conscientização à ciclovia

No trânsito, deverão ser economizadas até 10 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Na agricultura, uma regulação mais rigorosa dos fertilizantes promoverá a economia de até 3,6 milhões de toneladas. A indústria de reaproveitamento de resíduos deve contribuir com uma economia adicional de 3 milhões de toneladas de CO2, até 2020. E o plano de ação também prevê medidas em outros setores.

Há, por exemplo, a oferta de serviços de consultoria e informação sobre emissões de CO2. Ou a planejada via expressa do Ruhr, com 101 quilômetros de extensão, que proporcionará a um grande número de habitantes do Vale do Rio Ruhr chegar ao trabalho de forma ecológica.

"A proteção climática é uma grande tarefa comunitária. Por isso, é importante que todos os setores prestem sua contribuição", declarou a ministra alemã do Meio Ambiente, Barbara Hendricks. No entanto, essa lista de projetos individuais e micromedidas outorga ao plano de ação a reputação "pseudo-gigante".

Ministra Barbara Hendricks: Alemanha envia sinal de confiança a comunidade internacionalFoto: AFP/Getty Images/O. Andersen

"Quando mais de perto se observa, menor e mais absurdo parece", critica Anton Hofreiter, líder da bancada do Partido Verde no Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão). "A proteção climática precisa de medidas de verdade, em vez de truques matemáticos."

Na segunda semana de dezembro, a ministra Hendricks participa da 20ª Conferência do Clima (COP 20), em andamento em Lima, Peru, de 1º a 12 de dezembro. Ela disse estar segura que, com o plano de ação aprovado nesta quarta-feira, a Alemanha envia um importante sinal de confiança para a comunidade internacional. Pois assim "a Alemanha cria sua própria meta climática".

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