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Governo alemão aprova envio de soldados ao Congo

17 de maio de 2006

País vai comandar missão européia da ONU e participa com 780 soldados das tropas encarregadas de garantir as eleições na região de Kinshasa. Ministro da Defesa rebate críticas à operação militar.

Bundeswehr reforça tropa da ONU no país africanoFoto: picture-alliance / dpa/dpaweb

O governo alemão aprovou, em reunião ministerial realizada nesta quarta-feira (17/05), o envio de 780 soldados ao Congo. Trata-se de mais da metade do contingente de 1500 homens que a União Européia enviará ao país africano, onde já se encontram estacionados 17 mil capacetes azuis da ONU.

"Temos interesse em que o Congo caminhe para um desenvolvimento pacífico e democrático", justificou o ministro alemão da Defesa, Franz Josef Jung. Isso também teria um efeito positivo para outros países da África, acrescentou.

A Alemanha vai comandar a missão da UE, que concentrará sua atuação na região da capital Kinshasa. Segundo Jung, o plano da operação ainda está sendo detalhado e deverá ser aprovado no final de maio ou início de junho.

Na próxima sexta-feira, o envio de tropas ao Congo será debatido no Parlamento alemão. Nos dias 12 e 13 de junho, o assunto estará na pauta de deliberações do Conselho de Ministros da UE.

Críticas

Antes mesmo da votação no Bundestag, a deputada Birgit Homburger, do Partido Liberal, já classificou a missão como um "desastre". Vários parlamentares disseram que não entendem o sentido da operação, que durará apenas quatro meses, a partir de eleição no Congo, em 30 de junho, e custará 56 milhões de euros aos contribuintes alemães.

Segundo a organização de ajuda humanitária alemã Welthungerhilfe, que atua no Leste do Congo desde 1997, as regiões mais ameaçadas não são contempladas pela missão missão militar.

"É possível que os perdedores das eleições recorram às armas. A proteção à população civil no Leste, nas províncias de Ituri e Kivu, não está garantida", disse o responsável pelo programa da ONG para o Congo, Georg Dörken.

Ele defendeu uma operação de longo prazo para assegurar uma transição democrática no Congo. Com projetos no valor de 50 milhões de euros, a Welthungerhilfe presta ajuda a cerca de sete milhões de pessoas, sobretudo no Leste do país.

Interesses alemães

A questão central levantada pelos críticos é se a segurança na Alemanha aumenta com o envio de soldados a Kinshasa. "Naturalmente há interesses alemães nessa missão. A África é um continente vizinho da Europa e temos de contar com uma onda migratória. Como europeus e alemães, devemos estar interessados na estabilidade num dos maiores países da África", argumentou o ministro Franz Josef Jung, em entrevista à Deutsche Welle TV.

O Congo é 6,6 vezes maior do que a Alemanha, e uma evolução pacífica e democrática tem um efeito positivo para a região, acrescentou Jung. Ele lembrou que, nos últimos anos, cerca de quatro milhões de pessoas morreram no país em conseqüência de "conflitos semelhantes a uma guerra civil".

Missões no exterior e no interior

Jung (d) em visita a soldados alemães em Cabul, no AfeganistãoFoto: AP

Atualmente, cerca de sete mil soldados participam de missões no exterior, sobretudo no Bálcãs e no Afeganistão. Segundo Jung, a tendência é aumentar esse número a dez mil. Na futura estrutura das Forças Armadas alemãs estariam previstos até 35 mil soldados de intervenção, 70 mil de estabilização e 145 mil como força de apoio.

No momento, sete mil soldados também estão se preparando para atuar nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo. Esse número levou um humorista do teatro Schlachthof (Açougue), de Munique, a ironizar que a intervenção de algumas centenas de soldados no Congo "é fichinha" em comparação à operação militar preparada para garantir a segurança do Mundial na Alemanha.

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