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Títulos podres

3 de julho de 2009

Na Alemanha, a bancada dos partidos da situação aprovou uma lei que possibilita eliminar títulos podres. Oposição critica medida como assalto ao contribuinte. Déficit orçamentário alemão cresce de forma galopante.

Liberais alemães protestam diante do Ministério das Finanças contra criação de 'bad banks'Foto: dpa

O Parlamento alemão aprovou nesta sexta-feira (03/07) uma lei que permitirá a retirada de títulos podres do mercado financeiro. A ideia é criar "bad banks", instituições financeiras onde os bancos possam "limpar" voluntariamente seus balancetes.

O ministro das Finanças, Peer Steinbrück, considera fundamental que os bancos readquiram confiança mútua e voltem a conceder empréstimos ao empresariado.

Nos bancos sustentados por caixas econômicas e governos estaduais, os títulos podres e âmbitos de investimento de risco perfazem um volume de 600 bilhões de euros. No caso dos bancos particulares, esses títulos somam 230 bilhões de euros e perdem continuamente o valor.

Dessas quantias, 40 a 50 bilhões de euros já foram amortizados, de modo que caberia aos bad banks "limpar" ainda 180 a 190 bilhões de euros.

Quem paga é o contribuinte, critica oposição

De acordo com o governo federal alemão, quem deverá arcar com os riscos de prejuízo são, em grande parte, os próprios institutos financeiros e seus proprietários. O ministro das Finanças refutou as críticas de políticos verdes e esquerdistas, segundo os quais o peso de bilhões de euros cairia apenas sobre os contribuintes.

A lei foi aprovada pela bancada parlamentar majoritária do governo, composta de social-democratas e democrata-cristãos. Os deputados da oposição liberal, verde e esquerdista votaram contra. A lei ainda deverá passar pelo crivo do Bundesrat, câmara alta do Parlamento, no dia 10 de julho.

Empréstimos da União são os maiores do pós-guerra

Em decorrência da crise econômica e financeira, a quantia que a União teve que emprestar do mercado financeiro neste ano é a maior da história do pós-guerra. Na quinta-feira (02/07), o Bundestag aprovou o segundo orçamento complementar para 2009, que prevê um empréstimo líquido de mais de 49 bilhões de euros.

Em função das despesas extraordinárias com o pacote de apoio à conjuntura e com a estabilização dos bancos, o novo endividamento da União deverá ser bem maior do que essa quantia. O déficit orçamentário dos estados alemães também deverá continuar crescendo neste ano e nos seguintes.

Ao todo, a União deverá gastar mais de 303 bilhões de euros no ano corrente, o que corresponde a aproximadamente 7% mais que 2008. Em decorrência da pior recessão dos últimos 60 anos, a arrecadação do Estado caiu drasticamente. Os 224 bilhões de euros arrecadados cobrem apenas uma parte das despesas públicas.

O buraco no orçamento público será tapado através de novas dívidas e de rendas provenientes dos fundos federais. O governo rejeita uma política de cortes de despesas, para não agravar ainda mais a recessão. O último recorde de endividamento público fora registrado em 1996, com 40 bilhões de euros.

Endividamento aumenta como bola de neve

Segundo as previsões do governo, no próximo ano a recessão deverá afetar diretamente o orçamento público. Em 2010, calcula-se que o déficit orçamentário chegue a pelo menos 86 bilhões de euros, excluindo-se as despesas extraordinárias com bancos e com a conjuntura.

O governo alemão prevê que a União será obrigada a pedir empréstimos exorbitantes ainda até 2013. Com isso, as dívidas públicas deverão superar um trilhão de euros. Em 2009, a amortização dos juros de empréstimos anteriores consumiu 43 bilhões de euros – a segunda maior despesa do orçamento.

SL/rtrd/ap

Revisão: Roselaine Wandscheer

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