Governo alemão define missão contra o "Estado Islâmico"
1 de dezembro de 2015
Plano prevê participação de 1.200 militares no combate ao grupo terrorista. Alemanha vai colaborar com aviões de reconhecimento, navio de guerra e avião-tanque. Parlamento ainda precisa aprovar a missão.
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O governo alemão definiu nesta terça-feira (1º/12) como será a missão da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) contra o grupo terrorista "Estado Islâmico" na Síria e no Iraque. O projeto segue agora para votação no Bundestag (câmara baixa do Parlamento), onde o governo tem ampla maioria.
O plano prevê o envio de 1.200 militares e se refere à participação nos ataques aéreos ao "Estado Islâmico". A Alemanha vai colaborar com aviões de reconhecimento do tipo Tornado, um navio de guerra que ajudará na segurança de um porta-aviões francês e um avião-tanque.
Como é usual nesses casos, a missão tem um mandato inicial de um ano. O custo estimado é de 134 milhões de euros. A planejada atuação da Bundeswehr é uma resposta aos ataques terroristas de 13 de Novembro em Paris.
Se aprovada, essa será a maior missão militar que a Alemanha mantém no exterior atualmente. Os líderes dos partidos que formam a coalizão de governo ainda não se manifestaram sobre o projeto. O partido de oposição A Esquerda disse que vai votar contra, e também setores do Partido Verde devem rejeitar a proposta.
O presidente do Deutscher Bundeswehrverband, associação que reúne os funcionários e militares das Forças Armadas, estima que o combate ao "Estado Islâmico" vá durar bem mais do que dez anos. Em entrevista à emissora ARD, ele lembrou que o grupo não está presente apenas na Síria e no Iraque, mas também no norte da África.
Para ele, ataques aéreos não bastam para derrotar o grupo, sendo necessária também a presença de tropas terrestres.
AS/dpa/epd
A guerra civil na Síria antes do EI
O "Estado Islâmico" inflamou o debate sobre como pôr fim à guerra civil síria. Contudo o grupo só emergiu mais tarde no conflito. Confira alguns momentos dessa guerra que abriram espaço para o avanço dos jihadistas.
Foto: AP
Março de 2011
Enquanto regimes ruem por todo o Oriente Médio, dezenas de milhares de sírios vão às ruas para protestar contra a corrupção, o desemprego elevado e a alta dos preços dos alimentos. O governo da Síria responde com armas de fogo. Até maio, cerca de 400 vidas são ceifadas.
Foto: dapd
Maio de 2011
Sob insistência dos países ocidentais, o Conselho de Segurança da ONU condena a repressão violenta. Nos meses seguintes, os Estados Unidos e a União Europeia impõem embargo de armas, recusa de vistos e congelamento de bens. Com apoio da Liga Árabe, aumenta a pressão para a saída do presidente sírio Bashar al-Assad – embora sem o aval de todos os países-membros da ONU.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Szenes
Agosto de 2011
Em 1970 um golpe pusera Hafez al-Assad no poder. Após sua morte, em 2000, o filho Bashar (à dir.) assume a liderança. De início tido como reformista, ele perde apoio ao manter o estado de emergência que há décadas restringe as liberdades políticas, permitindo vigilância e interrogatórios. Assad tem respaldo da Rússia, que lhe fornece armas e repetidamente veta as resoluções da ONU sobre a Síria.
Foto: picture-alliance/dpa/Stringer/Ap/Pool
Dezembro de 2011
A ONU e outras organizações têm provas de violação dos direitos humanos na Síria. Civis e militares desertores começam a se organizar lentamente para combater as forças do governo, que vêm atacando os dissidentes. Até o fim de 2011, essa luta causa mais de 5 mil mortes. Mesmo assim, ainda transcorrem seis meses até a ONU reconhecer que o país está em guerra.
Foto: Reuters/Goran Tomasevic
Setembro de 2012
O Irã finalmente confirma que tem combatentes em solo sírio, fato que Damasco negava há tempos. A presença de tropas aliadas acentua a hesitação dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais em intervir no conflito. Os EUA, marcados pelas intervenções fracassadas no Afeganistão e no Iraque, propõem o diálogo como única solução sensata.
Foto: AP
Março de 2013
As mortes beiram 100 mil, e o total de refugiados em países vizinhos como a Turquia e a Jordânia atinge 1 milhão – número que duplicaria até setembro. Em dois anos de guerra, o Ocidente e a Liga Árabe veem fracassar todas as tentativas de um governo de transição, enquanto o conflito transborda para a Turquia e o Líbano. O pior temor é de que Assad se mantenha no poder a todo custo.
Foto: Reuters/B. Khabieh
Abril de 2013
Há muito Assad alega estar combatendo terroristas. Mas só no segundo ano de guerra se confirma que o Exército Livre Sírio inclui extremistas radicais. O grupo Frente al-Nusra declara apoio à Al Qaeda, fragmentando ainda mais a oposição.
Foto: Reuters/A. Abdullah
Junho de 2013
A Casa Branca afirma ter provas de que Assad está atacando civis com o gás tóxico sarin. Mais tarde a informação é corroborada pela ONU. A partir da revelação, o presidente dos EUA, Barack Obama, e outros líderes ocidentais passam a considerar uma intervenção militar. No entanto a proposta da Rússia para que se retirem as armas químicas da Síria acaba por se impor.
Foto: Reuters
Janeiro de 2014
Ao fim de 2013 surgem relatos sobre um novo grupo autodenominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante – o futuro EI. Ao tomar terras no norte da Síria e também no Iraque, os jihadistas despertam lutas internas na oposição, causando 500 mortes até o início de janeiro. Esse terceiro e inesperado fator levaria os EUA, França, Arábia Saudita e outras nações à intervir na guerra em meados do ano.