Governo alemão expressa preocupação após discurso de Trump
21 de janeiro de 2017
Merkel afirma que é importante manter o respeito. Vice-chanceler diz que tom nacionalista lembra reacionários dos anos 1920 na Europa. "Ele está realmente falando sério, e eu acho que nós devemos nos preparar."
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A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, reagiu neste sábado (21/01) com cautela ao discurso de posse em tom desafiador do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "A relação transatlântica não será menos importante nos próximos anos do que foi no passado. Vou trabalhar para isso", declarou. Segundo ela, Trump, mais uma vez, expôs suas ideias durante o discurso, mas será melhor para todos se houver uma ação conjunta com base em valores comuns. "Isso vale para a ordem econômica internacional e o comércio e também para a defesa." Mesmo quando há opiniões diferentes, é mais fácil chegar a um acordo quando as conversações se dão com respeito, acrescentou.
Já o vice-chanceler e ministro da Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, fez um alerta aos Estados Unidos. "Liebe USA, stay the land of the free and the home of the brave" (Caros EUA, continuem sendo o país dos livres e o lar dos corajosos), escreveu no Twitter, em inglês, citando o hino nacional do país. Mais tarde, ele declarou à emissora ZDF que a eleição de Trump foi o resultado de uma radicalização e que é necessário levar o empresário a sério. "Todos aqueles que diziam 'não vai ser tão ruim assim, vamos esperar para ver' estão enganados. Ele está falando extremamente sério. Não devemos nos mostrar submissos nem ter medo, mas confiar nas nossas leis, somos um país forte. A lição para a Europa é: precisamos nos unir mais", disse.
"O que se ouviu hoje foram tons extremamente nacionalistas. Só faltou usar conceitos como chamar o parlamento de 'botequim' ou falar de 'partidos do sistema' [Na Alemanha, a expressão era usada pelos nazistas para se referir aos partidos da República de Weimar]. Aí estaremos na retórica política dos conservadores e reacionários dos anos 1920 do século 20. Ele está realmente falando sério, e eu acho que nós devemos nos preparar", declarou.
Já o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) expressou satisfação com o discurso e disse se considerar um aliado natural do novo presidente. Em telegrama de felicitações enviado à Casa Branca, as lideranças dizem ter "grande satisfação" em congratular Trump pela posse e dizem estar acompanhando "com grande expectativa" as posições externas do novo presidente por elas "beneficamente se distinguirem do rumo adotado nas últimas décadas".
AS/dpa/afp/ots
Alguns momentos da posse de Trump
Magnata nova-iorquino Donald Trump é empossado como 45º presidente americano numa cerimônia realizada no Capitólio, em Washington. Quase 1 milhão de apoiadores acompanham a cerimônia, que foi marcada por protestos.
Foto: Getty Images/AFP/J. Watson
Primeiros passos em Washington
Donald Trump e sua esposa, Melania, desembarcaram em Washington, na véspera da posse. Seu primeiro evento na capital americana, foi um encontro entre lideranças republicanas.
Foto: picture-alliance/Newscom/C. Kleponis
Últimos preparativos
No Capitólio, em Washington, na véspera da posse, trabalhadores organizaram os últimos preparativos para a cerimônia que empossou o 45º presidente americano.
Foto: REUTERS/B. Snyder
Benção de Deus
O primeiro evento do grande dia de Trump foi um culto ecumênico na Igreja de St. John. O magnata e sua família foram recebidos pelo pastor Luis Leon.
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Brandon
Chá com Obama
Após o culto, Trump e Melania foram recebidos na Casa Branca pelo ainda presidente Barack Obama e sua esposa, Michelle, para tomar chá antes da grande cerimônia.
Foto: Getty Images/AFP/J. Watson
Protestos contra Trump
Diversos protestos contra Trump ocorreram na capital americana. A maioria deles foi pacífica, mas confrontos entre polícia e manifestantes ocorreram no centro de Washington.
Foto: Reuters/A. Latif
Ex-adversária
A adversária de Trump nas eleições, Hillary Clinton, também compareceu à cerimônia de posse do republicano, acompanhada pelo marido, Bill.
Foto: Getty Images/AFP/J. Angelillo
Primeira-dama
A nova primeira-dama dos Estados Unidos, Melania Trump, entrou no Capitólio acompanha por um oficial das Forças Armadas. Inspirada na icônica primeira-dama Jackie Kennedy, Melania usou um vestido clássico azul claro produzido pela marca americana Ralph Lauren.
Foto: Getty Images/A. Wong
Juramento
Ao lado de sua família, Trump prestou juramento sob duas Bíblias – a sua, oferecida pela sua mãe, e a que o ex-presidente Abraham Lincoln usou na sua posse, há 150 anos – seguradas pela sua esposa. Salvas de canhão encerraram a posse.
Foto: Reuters/C. Barria
Discurso protecionista
No seu discurso de cerca de 15 minutos, o novo presidente disse que vai elevar o orgulho nacional, trazer os empregos de volta e acabar com o terrorismo islâmico. "O 20 de janeiro de 2017 será lembrado como o dia em que o povo voltou a ser o senhor desta nação", destacou.
Foto: Reuters/C. Barria
Cerimônia cheia, mas nem tanto
A cerimônia de posse de Trump levou muitos de seus eleitores a Washington e encheu o Capitólio. Autoridades estimam a participação de 900 mil pessoas. Apesar do número significativo, o magnata não é tão popular quanto seu antecessor. A posse de Barack Obama contou com 1,8 milhão de pessoas em 2009.
Foto: picture-alliance/dpa/C. Kaster
Tempo ruim
Choveu durante a cerimônia no Capitólio. A chuva pareceu incomodar alguns dos presentes, como ex-presidente George W. Bush.
Foto: Reuters/R. Wilking
Adeus, Obama
O agora ex-presidente Barack Obama deixou o Capitólio logo após o encerramento da cerimônia. Ele partiu num helicóptero militar.