Governo alemão oficializa candidatura de Steinmeier
16 de novembro de 2016
Coalizão de governo confirma ministro do Exterior como candidato à presidência da Alemanha. Político é descrito por Merkel como experiente, confiável e o homem "certo" para o cargo.
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O ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, foi oficialmente apresentado nesta quarta-feira (16/11) como candidato à presidência da Alemanha. Ele deverá suceder o atual chefe de Estado, Joachim Gauck, que deixará o cargo em março.
A candidatura foi apresentada pela coalizão de governo alemã, formada pela CDU/CSU (União Democrata Cristã/União Social Cristã) e pelo Partido Social Democrata (SPD). Em discurso, Steinmeier (SPD) disse que irá trabalhar para criar um clima de confiança num "mundo em crise".
"Um presidente não pode tornar o mundo mais simples do que ele é", afirmou o social-democrata de 60 anos, que se aproxima do final de seu segundo mandato como ministro do Exterior. "Um presidente não pode ser alguém que simplifica. Ele deve ser alguém que inspira confiança."
Ao aceitar a candidatura, Steinmeier falou ainda em aliviar as diferenças existentes na sociedade alemã através de um intercâmbio político. "Agora tudo depende de uma cultura política vívida e alerta", avaliou. Ele disse pretender trabalhar nisso para além das fronteiras partidárias e das divisões sociais, a fim de alcançar "uma cultura política em que pode haver diferenças, mas onde todos se tratam com respeito".
"Minha alegria ao receber essa tarefa é imensa; meu respeito, ainda maior", acrescentou.
"O candidato certo"
A chanceler federal alemã, Angela Merkel (CDU), elogiou a indicação de Steinmeier. Referindo-se ao ministro como "o candidato certo neste momento", ela avaliou que ele é um homem no qual as pessoas podem confiar. Tanto sua experiência, como seu equilíbrio, seus "pés no chão" e seu conhecimento de mundo para além das fronteiras da Alemanha foram apontados como qualidades que fazem de Steinmeier um bom candidato para o cargo.
O novo presidente será escolhido no dia 12 de fevereiro de 2017 pela Assembleia Federal, um órgão representativo que se reúne especialmente para este fim.
O cargo de presidente da Alemanha é fundalmentalmente representativo, e em geral serve como uma espécie de bússola moral para a sociedade alemã.
IP/dpa/rtr/epd
O presidente alemão se despede do cargo
Neste 18 de março de 2017, Joachim Gauck encerra o mandato como 11º presidente da República Federal da Alemanha. Em retrospecto, ele pode olhar para mais de quatro anos de grande agitação política.
Foto: picture alliance/dpa/M. Kappeler
"Arquivos de Gauck"
Por dez anos, o presidente alemão Joachim Gauck administrou os arquivos do serviço de inteligência (Stasi) da República Democrática Alemã (RDA). Como ativista dos direitos civis, ele foi eleito em 1990 para o Parlamento da ex-Alemanha Oriental, que propôs seu nome para o cargo em decisão apoiada pelo governo alemão ocidental. Até hoje, o órgão leva o nome não oficial "Arquivos de Gauck".
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Candidato do povo
Depois de haver deixado "sua" instituição em 2000, Gauck atuou como autor e ativista político. Após o pedido-surpresa de demissão do ex-presidente Horst Köhler, em 2010, o Partido Social Democrata (SPD) e os verdes cogitaram seu nome para o cargo. A mídia o aclamava como candidato do povo. No entanto Christian Wulff, da União Democrata Cristã (CDU), foi eleito em terceira votação.
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Presidente Gauck
Depois de quase dois anos, Wulff foi forçado a renunciar. Também desta vez partidos de oposição defendiam a candidatura de Gauck, agora com apoio de Berlim. Em pesquisa realizada antes da Assembleia Federal responsável pela escolha do presidente, 69% dos entrevistados apoiaram o nome de Gauck. O resultado em 18 de março foi ainda mais decidido: ele obteve 991 de 1.228 votos, em primeira votação.
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"Primeira-companheira"
Segundo a Constituição alemã, o presidente do país não está sujeito aos Três Poderes. Mesmo assim, Gauck é o primeiro chefe de Estado sem partido. E também o primeiro a não ser acompanhado pela esposa em ocasiões cerimoniais, mas por sua companheira Daniela Schadt, com quem vive desde 2000. Da ex-esposa Gerhild Gauck, com quem teve quatro filhos, ele está separado há 25 anos.
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Liberdade pensada e vivida
Tema central de Gauck é a liberdade, a que gosta de se referir como "potencialização" do indivíduo. Críticos o acusam de, assim, defender o egoísmo com uma retórica anticomunista ingênua. Outros veem em seu discurso um apelo à responsabilidade: liberdade não significaria automaticamente felicidade ou satisfação, mas uma responsabilidade própria existencial, para além do poder do Estado.
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Representante com franqueza
Como representante oficial da Alemanha no exterior, Gauck viajou por muitos países e se encontrou com diversos dirigentes. Mas nem sempre permaneceu diplomático: no início de 2014, na Turquia, acusou o governo do então premiê Recep Tayyip Erdogan de censura, ingerência no sistema judicial e estilo autoritário de governança. Erdogan protestou, mas ele se manteve calmo: "Cumpri o meu dever."
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Orador habilidoso
Em março de 2016 Gauck falou a estudantes da Universidade Tongji, em Xangai, da desconfiança que surge entre o Estado e seus cidadãos quando um governo não é legitimado por eleições livres. Oficialmente, a liderança chinesa não se irritou: Gauck se referira à ex-Alemanha Oriental. Ainda assim os paralelos implícitos foram compreendidos, graças a uma tradução que circulou na internet chinesa.
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Visão e perspicácia
Dois meses após sua visita à Turquia em 2014, quando também foi a um campo de refugiados na fronteira com a Síria, Gauck apontou o número crescente de migrantes, alertando sobre a necessidade de ação: processo de asilo mais rápido, cooperação com parceiros europeus, mais pragmatismo nos limites do politicamente viável. Isso aconteceu 14 meses antes de Angela Merkel proferir: "Nós vamos conseguir."
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Recusa a segundo mandato
Em 2016 Joachim Gauck decidiu não se candidatar novamente, após entregar seu cargo. Apoio não teria lhe faltado: ambos os partidos do governo haviam sinalizado sua preferência. Gauck justificou-se com o temor de não poder terminar o segundo mandato, quando estaria com 82 anos. Seu sucessor será Frank-Walter Steinmeier, que assume no dia 19 de março de 2017.